Teste: VW Passat Highline 2018
Sedã aposta no custo-benefício para se destacar no segmento de sedãs executivos
Mesmo entre os sedãs de porte médio-grande a crescente onda dos SUVs está fazendo muitas marcas adotarem estratégias cada vez mais agressivas. A Ford, por exemplo, já anunciou que vai deixar de oferecer o Fusion e vários outros carros de passeio nos EUA, focando sua linha em picapes, utilitários e veículos comerciais.
Mas é quando dirigimos carros como o Volkswagen Passat que você entende porque modelos desse tipo merecem uma longa vida. Tudo bem que os sedãs podem não oferecer a mesma versatilidade de um SUV ou a maior altura em relação ao solo que conquista tanta gente, mas é inegável que poucos modelos são tão elegantes quanto os sedãs do porte de Passat, Fusion e cia. Isso sem falar na ótima dirigibilidade que proporcionam.
Equipado com o brilhante motor 2.0 turbo de 220 cv também aplicado no Golf GTI e no recente Tiguan Allspace R-Line, o Passat 2018 traz até um lap timer em sua central multimídia, provando que tem fôlego até para encarar um circuito de vez em quando.
Fato é que o Passat é um expoente da escola alemã na concepção de automóveis. Seu comportamento dinâmico em estradas sinuosas é admirável, bem como sobra fôlego de seu conjunto mecânico na maioria das situações. É nítido que a Volkswagen calculou toda essa orientação mais esportiva do Passat até o ponto em que o conforto não fosse prejudicado, afinal essa é a principal qualidade de um sedã como ele. Quem é fã de dirigir, porém, vai se sentir bem feliz a bordo do Passat.
Com um 0 a 100 km/h realizado em 6,8 segundos e a possibilidade de alcançar até 246 km/h de velocidade máxima, o Passat se firma quase como um esportivo dentro do mercado. A agilidade na atuação buscando sempre a marcha ideal e a rapidez nas trocas do câmbio de dupla embreagem com 6 velocidades apimentam a condução do sedã. Bom que o consumo não foi deixado de lado e, rodando com o Passat no seu modo mais econômico, é possível alcançar de parciais de 10,4 km/l na cidade e 12,9 km/l na estrada sempre com gasolina, o único combustível aceito pelo 2.0 TSI.
O Fusion em suas versões Titanium traz um motor equivalente, também 2.0 turbo, mas o representante da Ford não nega que seu projeto nasceu para os norte-americanos e contempla muito mais o bem estar dos motoristas do que uma tocada agressiva. Nesse ponto percebemos uma diferença de caráter entre Fusion e Passat, o que, aliás, separa o sedã alemão de grande parte dos SUVs de porte médio ou grande que você encontra hoje no mercado. Mesmo um Tiguan Allspace R-Line, a versão mais esportiva do SUV recém-lançado, consegue se equiparar ao Passat em termos de comportamento. Algo que, pelo fato do sedã andar mais rente ao solo, acaba por favorecer suas respostas ao volante.
Se vai muito bem na hora de dirigir, o mesmo pode ser dito do nível de acabamento e espaço interno. O porta-malas do Passat, com capacidade para ótimos 586 litros, deixa muito SUV para trás. A cabine é tão espaçosa quanto se pode esperar de um carro com 2,79 m de entre-eixos, porém o elevado túnel central permite acomodar muito bem apenas quatro adultos.
O Passat é um carro mais sóbrio até mesmo pelo segmento no qual está inserido, como sugere seu design externo bem clássico, e essa mesma orientação é vista na cabine. A montagem e a ergonomia dos comandos são seus pontos fortes, mas está lá alguns itens como o tradicional relógio analógico no centro do painel. As saídas de ar emolduram a peça e percorrem quase todo o conjunto, formando uma combinação visual muito interessante. A alta qualidade dos materiais também é nítida, bem como o baixo nível de ruído que invade a cabine denotam a orientação premium que permeia o projeto do Passat.
Na linha 2018, o Passat reuniu o melhor dos dois mundos: tornou-se mais equipado e ficou cerca de R$ 13.000 mais barato em relação ao preço praticado até então. Agora nas concessionárias partindo de R$ 164.620, o único opcional do Passat 2018 é o teto solar (R$ 5.370), algo que foi deixado livre já que muita gente prefere blindar modelos como o Passat.
O sedã destinado ao Brasil agora chega apenas na versão topo de linha Highline, oferecendo como principais novidades o painel de instrumentos digital e a terceira geração da central multimídia mais sofisticada da Volkswagen, chamada de Discover Pro. Ela conta com conectividade para smartphones por meio dos sistemas MirrorLink, Apple CarPlay e Android Auto, além de ser equipada com leitor de DVD, HD interno de com 60 GB de capacidade, entradas AUX-in e duas para cartões SD. A grande novidade mesmo do aparelho é a possibilidade da operação por gestos. Basta acenar com a mão aberta para o lado desejado para navegar entre as telas desejadas, facilitando a operação.
Fora isso o Passat Highline 2018 ainda conta com o piloto automático adaptativo, suspensão adaptativa, frenagem automática de emergência, faróis full LED e o prático sistema Easy Open para o acesso ao porta-malas do sedã. Somente passando o pé abaixo do para-choque traseiro é possível acionar o mecanismo de abertura elétrica da tampa do compartimento, como você pode conferir em nosso vídeo, ajudando bastante nos momentos em que você está com as mãos ocupadas e precisa colocar os objetos no porta-malas.
A lista de equipamentos do Passat 2018 é robusta, mas se olharmos para o Ford Fusion a procedência mexicana do sedã norte-americano faz uma diferença gritante em termos de custo-benefício.
Hoje, por R$ 155.900, portanto R$ 8.720 a menos que o Passat Highline, você consegue levar o Fusion todo equipado para a garagem de casa. Em sua versão Titanium 2.0 EcoBoost AWD você começa com um diferencial muito significativo que é a presença da tração integral, um importante recurso pensando na segurança ativa. O Fusion topo de linha ainda sai na frente em alguns aspectos de equipamentos. Você encontra no Ford, por exemplo, 8 airbags espalhados pela cabine e até mesmo bolsas infláveis nos cintos de segurança traseiros. O Fusion topo de linha ainda traz recursos importantes que a VW não colocou na configuração do Passat destinada ao Brasil, como o assistente de estacionamento e o detector de pontos cegos nos retrovisores, por exemplo.
Equipamentos à parte, carros como o Passat e o Fusion são dois bons exemplos que entregam um conjunto tão bom e completo que faz você refletir se precisa de muito mais em um carro ou se é necessário partir para uma marca de luxo apenas pelo status que uma hélice, uma estrela ou quatro argolas no capô podem lhe entregar.
O Fusion entrega um custo-benefício bem superior mesmo após as mudanças que a Volkswagen promoveu na linha 2018 do sedã alemão, mas se você procura um carro com orientação esportiva e o porte de um bom sedã executivo, aí poucos carros se equiparam ao Passat.
Ficha técnica
Volkswagen Passat 2018 Highline 2.0 16V gasolina automático 4p | |
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Preço | R$ 164.620 (05/2018) |
Categoria | Sedã grande |
Vendas acumuladas neste ano | 132 unidades |
Motor | 4 cilindros, 1984 cm³ |
Potência | 220 cv a 4500 rpm (gasolina) |
Torque | 35,7 kgfm a 1500 rpm |
Dimensões | Comprimento 4,767 m, largura 1,832 m, altura 1,456 m, entreeixos 2,791 m |
Peso em ordem de marcha | 1499 kg |
Tanque de combustível | 66 litros |
Porta-malas | 586 litros |