Teste: Volkswagen Tiguan Allspace R-Line 350 TSI
Em sua segunda geração, aceleramos a versão que mantém o legado de esportividade do SUV
Já se vão quase 10 anos da chegada do Volkswagen Tiguan ao Brasil, quando desembarcou importado da Alemanha em maio de 2009 com motor 2.0 TSI, tração integral e algo que o diferenciava muito entre os SUVs da época: o alto nível de esportividade que seu conjunto mecânico proporcionava, sobretudo graças à vitalidade de seu propulsor moderno aliado à rapidez do câmbio de dupla embreagem. Com ótima ergonomia, um tamanho de carroceria na medida, sem exageros, e um interior suficiente para 5 ocupantes, o Tiguan sempre foi um modelo impecável do ponto de vista técnico. Uma pena que o preço elevado não o tornava acessível a um público maior aqui no Brasil.
Uma década depois, o Tiguan estreia por aqui sua segunda geração adaptanto sua proposta aos tempos de uma “nova Volkswagen”. Se há 10 anos o Tiguan era uma aposta da marca alemã em um segmento que estava longe da efervescência notada hoje em dia – obtendo inclusive uma ótima aceitação no Velho Continente logo quando foi lançado – o Tiguan agora abraça de vez seu posto de SUV médio dentro da gama Volkswagen, onde vai se diferenciar de outros utilitários pelo maior nível de eletrônica embarcada e versatilidade de seu interior.
Vale a pena mantermos sempre em mente que a linha de SUVs da Volkswagen vai crescer bem aqui no Brasil. A partir de 2019 chega às concessionárias o T-Cross, concorrente de Honda HR-V e cia., assim como entre o T-Cross e o Tiguan, a Volkswagen ainda vai posicionar mais um modelo, no caso o derivado do projeto Tarek a ser fabricado na Argentina.
Com isso, o pessoal da VW na Alemanha tratou de preparar dois “corpos” para o Tiguan renovado. Um convencional e mais compacto, que mantém a designação Tiguan, e uma inédita opção anabolizada, com entre-eixos alongado e batizada de Tiguan Allspace. E ela foi a escolhida pela Volkswagen para ser importada ao Brasil até mesmo para permitir que a futura gama de SUVs da marca em nosso país seja composta de uma maneira mais clara e sem sobreposição, com cada um deles mirando consumidores (e bolsos) diferentes.
Tendo que lidar com tudo isso, o Tiguan mudou bem em relação ao SUV que conhecemos por aqui em 2009. A procedência, por exemplo, será outra e o Tiguan Allspace chegará ao Brasil vindo do México, o que inclusive permitiu preços mais competitivos para o utilitário esportivo. Outro ponto que merece destaque no Tiguan Allspace é a sua inédita capacidade para acomodar até 7 pessoas, característica muito valorizada em mercados como os EUA. A terceira fileira de bancos está presente desde a versão intermediária Comfortline com motor 1.4 TSI, bem como na topo de linha R-Line avaliada neste teste pelo Autoo.
Antes de tudo, é bom falarmos da parte externa do Tiguan Allspace. Para acomodar três fileiras de bancos o SUV cresceu muito. Só no comprimento, o ganho foi de exatos 27,4 cm, totalizando 4,70 m de um para-choque a outro. O entre-eixos, por sua vez, aumenta outros 18,5 cm, alcançando 2,79 m. Em busca de maior eficiência, só mesmo a altura foi reduzida para melhorar a aerodinâmica do carro. Com exatos 7 mm a menos em relação à primeira geração, o Tiguan Allspace registra 1,65 m do chão até o teto.
É claro que na versão R-Line, com o ótimo 2.0 TSI de 220 cv e 35,7 kgfm de torque (ou 350 Nm como a VW destaca no nome da versão), o Tiguan Allspace se destaca em desempenho. Mesmo com 1.785 kg, ele ainda é capaz de alcançar 100 km/h em apenas 6,8 segundos e 223 km/h de velocidade máxima, valores sem dúvida nenhuma muito bons. A transmissão de dupla embreagem banhada a óleo colabora bastante com esses números com sua rapidez nas trocas, bem como suas 7 marchas (e o start-stop no motor) ajudam o Tiguan Allspace R-Line a alcançar médias de 8,3 km/l na cidade e 9,6 km/l na estrada com gasolina, único combustível aceito na versão mais esportiva.
Só que ao volante da nova geração você nota logo de cara toda essa evolução do Tiguan Allspace que termos de dimensões. Com isso, fica claro que a novidade, mesmo em sua configuração mais esportiva R-Line, afastou-se daquele comportamento dinâmico e ágil da primeira geração. O Tiguan Allspace R-Line, contudo, ainda conta um sistema de ajuste dos modos de condução como aplicado no Passat, onde é possível buscar mais economia de combustível ou esportividade na condução.
De qualquer forma, a suspensão e a direção têm uma calibração mais orientadas para a performance, como é comum na linha Volkswagen em especial em seus modelos mais caros. O sistema de tração integral permanente 4Motion também dá a segurança extra para trafegar em pisos molhados ou escorregadios, bem como as rodas de liga leve aro 19” ajudam na estabilidade e mostraram que pouco influenciam no conforto ao rodar.
Se não traz aquele brilho especial ao volante, ao menos ninguém mais poderá reclarar do porta-malas ou de que falta espaço a bordo do Tiguan Allspace. Com um entre-eixos muito generoso, cinco pessoas se acomodam com bastante conforto no modelo. Claro que a terceira fileira é voltada a crianças ou pessoas de menor estatura, as quais conseguem viajar com mais facilidade por ali. O Tiguan Allspace R-Line consegue acomodar 686 litros de malas e bagagens no porta-malas com a terceira fileira recolhida no assoalho. Com o 6º e o 7º bancos ocupados, ainda sobram 216 litros para transportar mochilas ou objetos menores.
Tabelado em R$ 179.990, o Tiguan Allspace R-Line representa um belo salto mesmo em relação a versão intermediária Comfortline na casa de R$ 150 mil e concorrentes como o Peugeot 5008 Griffe Pack (R$ 166.490), mas o fator de convencimento reside na performance do motor 2.0 TSI e a presença do sistema de tração integral, algo que nem o Tiguan Allspace Comfortine, nem o Peugeot 5008 oferecem.
Também a Volkswagen preparou um bom recheio tecnológico para o Tiguan Allspace R-Line, único na gama a oferecer itens como o painel de instrumentos digital, tampa do porta-malas com abertura elétrica e sistema Easy Open, piloto automático adaptativo, assistente de estacionamento, frenagem automática de emergência, dentre outros recursos.
Nós sabemos que muitos consumidores de SUVs na categoria do Tiguan Allspace fazem questão de um bom desempenho, o que explica porque modelos como o Chevrolet Equinox apelam tanto para isso. Se você se enquadra nesse quesito, mas precisa de um carro versátil para a família que cresceu, o Tiguan Allspace R-Line cumpre sua proposta com louvor e figura como uma ótima opção para você. Caso seu perfil não faça tanta questão assim de muito desempenho, o Tiguan Allspace Comfortline (que vamos abordar em outro teste aqui no Autoo) já dá conta do recado, assim como o Peugeot 5008 é outro modelo que deve ser considerado até porque capricha nos recursos de tecnologia por um preço mais competitivo.
Ficha técnica
Volkswagen Tiguan Allspace 2019 R-Line 350 TSI 2.0 16V flex automático integral 4p | |
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Categoria | SUV médio |
Vendas acumuladas neste ano | 8.301 unidades |
Motor | 4 cilindros, 1984 cm³ |
Potência | 220 cv a 4300 rpm (gasolina) |
Torque | 35,7 kgfm a 1600 rpm |
Dimensões | Comprimento 4,705 m, largura 1,859 m, altura 1,658 m, entreeixos 2,79 m |
Peso em ordem de marcha | 1785 kg |
Tanque de combustível | 60 litros |
Porta-malas | 686 litros |