Teste: Volkswagen Polo GTS 250 TSI
Ao resgatar a sigla que tornou-se famosa no Gol, versão topo de linha do Polo faz do hatch um dos raros esportivos nacionais
Hoje em dia quem é fã de carros e gosta de dirigir está longe de encontrar opções de caráter verdadeiramente esportivo entre os modelos produzidos no Brasil. Com a crescente presença dos SUVs nas estratégias das marcas e levando em conta o perfil mais racional do nosso consumidor, é elogiável a iniciativa da Volkswagen em bancar a versão GTS para o Polo e o Virtus em um cenário tão "adverso".
Claro que, no caso do Polo GTS, não estamos falando de um carro acessível na correta acepção da palavra, uma vez que seu preço, hoje partindo de R$ 102.500, o torna uma escolha para poucos. Se o valor é elevado, ao menos grande parte disso explica-se pelo conjunto mecânico primoroso e o bom nível de equipamentos que o Polo esportivo entrega.
Seu ponto de maior destaque é o motor 1.4 TSI com turbo e injeção direta. Presente em modelos bem maiores, como é o caso do Volkswagen Tiguan Allspace, é nítido como seus 150 cv e 25,5 kgfm de torque sobram no hatch compacto. Segundo a VW, o Polo GTS acelera de 0 a 100 km/h em bons 8,4 segundos. A sensação ao volante, contudo, é de um carro ainda mais rápido.
Conta a favor do Polo GTS a boa relação entre o motor 1.4 TSI e o câmbio automático de 6 marchas. Os mais puristas podem olhar para o mercado e achar como uma excelente alternativa ao VW o Renault Sandero R.S, que é o único rival direto do compacto alemão para quem deseja estar ao volante de um esportivo nacional.
O Sandero R.S adota uma receita mais tradicional, aliando o motor 2.0 flex aspirado de até 150 cv e 20,9 kgfm de torque com uma transmissão manual de 6 velocidades. No 0 a 100 km/h, o Renault consegue ser um pouco mais rápido que o Polo GTS, cumprindo a prova em exatos 8 segundos. Outra vantagem do Renault vai para o preço, hoje podendo ser negociado nas concessionárias por menos de R$ 80.000. Vai do seu perfil escolher o tipo de câmbio mais interessante para você.
Seja no Sandero R.S como no Polo GTS, encontramos um refinamento maior na calibração da suspensão desses hatches, com um acerto notadamente mais rígido e esportivo, mas no limite para não comprometer o conforto. Afinal, estamos falando de carros que podem – e devem – ser usados no dia a dia.
No Polo GTS ainda encontramos uma modulação precisa dos freios e do sistema de direção, atributos desejáveis em um carro com esse apelo.
Um pouco mais sofisticado em relação ao Sandero R.S, até mesmo por conta do preço elevado, o Polo GTS traz alguns recursos de destaque, como o seletor do modo de condução. Ele contempla as posições Eco, para os momentos em que a ideia é andar de forma mais relaxada, poupando combustível, até o Sport, em que as respostas do câmbio, direção e motor buscam o maior envolvimento possível na condução.
Ponto positivo também a favor do hatch reside no “atuador sonoro”, como a Volkswagen explica, que utiliza o conjunto de alto-falantes do sistema de som para emular um ronco mais esportivo do motor dentro do habitáculo. O recurso está presente no modo Sport, mas pode ser combinado com outros ajustes na posição "Individual" do seletor de condução.
Fora isso, o Polo GTS ainda oferece painel digital, central multimídia completa com câmera de ré, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, além dos excelentes bancos esportivos com ótimo apoio para o corpo, uma pedida interessante para quem considera se aventurar um pouco mais com o modelo em um track day, por exemplo. Para esse fim, os entusiastas encontrarão na central multimídia recursos como o lap timer, monitoramento da pressão do turbo e temperatura do fluído de transmissão, entre outros.
Interessante destacar que graças a recursos como o start-stop, o Polo GTS alcança médias de consumo de até 11 km/l na cidade e 13,7 km/l na estrada, ambas com gasolina, valores muito bons considerando o nível de desempenho que encontramos no hatch.
Em resumo, o Volkswagen Polo GTS, ao lado do Renault Sandero R.S, são dois raros exemplares de esportivos nacionais que ainda sobrevivem no mercado, indo além de versões "esportivadas" de outros hatches compactos. O Polo é mais caro, porém entrega um comportamento ainda mais visceral em relação ao Sandero graças ao torque superior. Embalado por um belo visual para realçar seu perfil mais dinâmico, assim como ocorre no Renault, o Polo GTS é a opção para quem não abre mão do câmbio automático e ainda deseja mais recursos de tecnologia. Se esse é o seu perfil e você tem na faixa de R$ 100 mil para gastar, o Polo GTS é um modelo que será plenamente recompensador.
Ficha técnica
Volkswagen Polo 2020 GTS 1.4 16V flex automático 4p | |
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Categoria | Hatch compacto |
Vendas acumuladas neste ano | 41.844 unidades |
Motor | 4 cilindros, 1395 cm³ |
Potência | 150 cv a 5000 rpm (gasolina) |
Torque | 25,5 kgfm a 1500 rpm |
Dimensões | Comprimento 4,068 m, largura 1,751 m, altura 1,477 m, entreeixos 2,564 m |
Peso em ordem de marcha | 1214 kg |
Tanque de combustível | 52 litros |
Porta-malas | 300 litros |