Obituário dos carros: quem se foi em 2011
Ano ficou marcado pelo fim de modelos retrô como VW New Beetle e PT Cruiser
Como bem diz o ditado, uma das únicas certezas da vida é a morte. O mesmo vale para a produção de um automóvel, que um dia, inevitavelmente, cessa, abrindo espaço para novidades alinhadas a tendências mais atuais. Por isso às vezes o cortejo fúnebre é trocado por uma boa e merecida festa. Mas é claro que também há casos para serem lamentados.
Este ano foi especial nesse sentido já que muitas marcas precisaram renovar sua linha para se manterem relevantes no mercado. A GM lançou dois modelos, o Cobalt e o Cruze, em ramos em que não tinha novidades há tempos.
Chrysler PT Cruiser
Pioneiro na onda retrô para carros, o PT Cruiser “viveu” 11 anos e teve mais de 1,3 milhão de unidades produzidas na fábrica do Grupo Chrysler em Toluca, no México. Com vendas abaixo da expectativa em seus últimos dois anos, o modelo vinha perdendo sua força junto com sua montadora, vitimada pela crise econômica de 2008, que acabou pedindo concordata em 2009.
A salvação da montadora veio com a ajuda financeira dos governos dos Estados Unidos e Canadá e posteriomente da Fiat, que assumiu a “bronca” dos americanos e passaram a controlar a empresa. Os italianos, porém, cortaram boa parte dos ativos da marca, entre eles o simpático PT Cruiser, que cedeu sua linha de montagem ao Cinquecento mexicano.
Peugeot 307 Sedan
Desde o dia que foi lançado ao seu último suspiro, o 307 Sedan foi muito criticado principalmente pelo desenho não muito emocionante de sua traseira, diferente de seu irmão hatchback, que possui até hoje um conjunto harmonioso. Fabricado na Argentina desde 2004, o modelo nunca foi sucesso de vendas no Brasil, tanto que suas últimas unidades foram vendidas com generosos descontos.
Descontinuado em dezembro de 2010, o modelo seguiu em estoque até a metade do ano até terminar para enfim ser substituído pelo 408, também fabricado no país vizinho.
Fiat Stilo
Lançado em 2001, o Stilo veio ao mundo para substituir o apagado Brava, a tentativa da Fiat em emplacar um carro médio na década 1990. E deu certo, ao menos no começo. O veículo virou um dos “carros de imagem” da marca no país e ganhou até a assinatura de Michael Schumacher, que nomeou duas séries especiais de sucesso. O modelo foi também o primeiro veículo da fabricante de Betim (MG) a utilizar o câmbio automatizado Dualogic.
Mas no caminho havia uma pedra, que pode ser interpretada como uma peça mal projetada. Do céu, o modelo foi às trevas após diversos casos de soltura espontânea de uma das rodas traseira, o que causou acidentes, inclusive com vítimas fatais. Embora a Fiat não concordasse com o fato, acabou multada e forçada a realizar um recall dos componentes supostamente defeituso. Mas o estrago já estava feito e as vendas do carro caíram bruscamente até ele sair de linha, também no final de 2010. Para seu lugar, a marca trouxe o Bravo.
Honda Civic Si
O últimos dos samurais brasileiros é dos modelos que vão fazer falta. Embora nunca tenha vendido quantidade significantes (o modelo, apesar de nacional, custava cerca de R$ 90.000), o Civic Si deixará saudades por ter sido uma das únicas opções de carro esporte produzidos no Brasil e com performance de fato condizente a sua proposta, que era acelerar muito. Com a chegada da nova geração do Civic, o Si acabou aposentado com seu motor 2.0 de 192 cv. Sua vida também foi um tanto curto, mas intensa. O carro estreou no mercado nacional em 2007.
Volkswagen Bora e New Beetle
A VW aposentou dois carros em 2011 no mercado brasileiro. Um de extrema importância e outro nem tanto. O Bora, que chegou em 2001, intercalou bons e maus momentos, com uma tendência maior para o segundo, já que passou anos no ostracismo tecnológico e estético – o modelo ganhou motor flex apenas em 2007 e sua base é a do Golf IV, um projeto com mais de 15 anos. Fabricado no México, o modelo teve sua produção interrompida para a chegada do novo Jetta.
Já o New Beetle simplesmente virou “old”. A versão moderna do Fusca, que estreou em 2000, apesar de ainda ser um carro interessante para o público brasileiro, acabou sucumbindo à modernidade exigida pelos europeus e norte-americanos. Repaginado novamente, o clássico da VW, agora chamado apenas de Beetle, já é oferecido no exterior e no segundo semestre de 2012 deve desembarcar no mercado nacional.
Mercedes-Benz CLC
O CLC certamente é um carro que não vai deixar saudades no Brasil, a menos para quem o comprou. O hatch médio da Mercedes-Benz foi produzido em Juiz de Fora (MG) entre 2008 até os últimos dias de 2010, mas em nenhum momento fez sucesso no país. Parcialmente nacionalizado, o veículo era extremamente caro para os padrões brasileiros – custava mais de R$ 120.000 e trazia poucos equipamentos – e acabou perdendo espaço para concorrentes importados. Em pouco mais de 2 anos de produção, cerca de 56.000 unidades foram feitas, sendo a grande maioria destinada a exportação. Seu substituto é novo o Classe C Coupé, que vem importado da Alemanha e custa quase o mesmo.
Chevrolet Astra e Vectra
Em 2011 a matriz da GM liberou a divisão brasileira para gastar os tubos, e isso significa que a empresa teve de desenvolver novos carros em ritmo até acelerado. Desta forma foram para o vinagre dois modelos veteranos no mercado nacional: Astra e Vectra.
O Astra, substituído em termos pelo Cobalt, chegou ao Brasil em 1995 importado da Bélgica. Em 1998, após avançar uma geração, o modelo passou a ser produzido no Brasil e assim seguiu até novembro deste ano, após um longo período sem mudanças. Embora seus números de vendas recentes não fossem tão ruins, o modelo já estava um tanto defasado em diversos pontos na relação com os concorrentes, que passaram por grandes mudanças em 2010 e 2011.
O Vectra também foi aposentado pelo mesmo motivo: estava ultrapassado perante os rivais. Lançado em 1993, o sedã avançou duas gerações no Brasil e sempre foi um dos veículos preferidos de compradores tradicionalistas e de órgãos públicos, que o compraram aos montes. De líder no segmento dos sedãs médio, o modelo da Chevrolet não resistiu a chegada dos japoneses Toyota Corolla e Honda Civic nacionais e acabou numa posição secundária. Descontinuado em julho, o carro acabou substituído pelo Cruze.