Novos hatches terão a missão de ''democratizar'' a tecnologia
Antes começando pelos sedãs de luxo, hoje a eletrônica e os recursos de tecnologia seguem um papel contrário nos portfolios das grandes marcas
Quando a nova geração do Volkswagen Polo chegar às lojas, em novembro deste ano, uma revolução no segmento de hatches compactos também terá início por aqui.
Ao contrário de algumas décadas atrás, onde os mais recentes avanços em tecnologia e eletrônica embarcada costumavam ser lançados nos modelos mais caros de cada montadora e, só então, “descer” até os médios e compactos, hoje a estratégia da indústria automotiva caminha para uma direção oposta. Trata-se da “democratização” da tecnologia, um fenômeno que começou não só por algumas exigência de regulamentação legal, mas também pelo próprio comportamento dos consumidores.
“Cada vez mais os novos recursos, em especial nas áreas de conectividade e sistemas de assistência ao condutor, não virão de cima para baixo. A velocidade com que essas inovações de desenvolvem é tão grande que as fabricantes não querem que seus consumidores esperem anos por uma cadência de produtos que garanta que apenas os carros de segmentos superiores sejam equipados primeiros com o que há de mais recente em termos de tecnologia”, explicou Stefan Bratzel, chefe do Centro de Gerenciamento Automotivo da Alemanha, durante entrevista ao Automotive News Europe.
Outro ponto, dessa vez mais comercial destacam os analistas, é que o segmento de compactos como o Polo e o Fiat Argo, por exemplo, jamais serão do interesse de marcas de luxo pela pouca margem de lucro que eles permitem, portanto é interessante para as fabricantes que atuam no segmento projetar um aspecto mais avançado em termos de tecnologia para seus carros.
Como você já antecipamos, o Polo 2018 contará com uma série de recursos inovadores para a categoria, como o painel de instrumentos digital, recurso antes restrito aos modelos da Audi, uma das marcas de luxo do grupo Volkswagen.
De acordo com dados da JATO Dynamics, o segmento de carros compactos como o Polo cresceu 2,4% em 2016, atingindo mais de 2,8 milhões de carros comercializados ao redor do mundo. Esse volume percentual supera a taxa de modelos de médio porte, como o VW Golf, e só fica atrás dos SUVs.
Mas não é só na tecnologia que veremos uma evolução na proposta de modelos do porte do Polo. A nova geração do Ford Fiesta, que também chegará ao Brasil, terá um apelo muito mais emocional, realçando também atributos dinâmico. A ideia, com isso, é que caiba ao Ford Ka atender o público que busca mais custo-benefício e um carro racional, deixando ao Fiesta atender aqueles que preferem optar por um modelo mais emocional, com foco na dinâmica, nível de equipamentos e bom acabamento. Seguindo o raciocínio, na gama VW esse atributo racional deverá ficar a cargo de modelos como o Gol e o up!.
Outro ponto que forçou as fabricantes a adotarem mais recursos de conforto, conveniência está na “geração smartphone”, que não se sente à vontade de entrar em um carro e não conseguir conectar seu celular ao veículo por meio dos sistemas Apple CarPlay e Android Auto. “Uma razão fundamental de compra para os clientes hoje em dia não está mais na potência do carro, mas na conectividade do carro não só com as redondezas mas até mesmo com a infra-estrutura ao redor. Esse é o tipo de coisa que hoje precisa ser o estado-da-arte em um carro”, acrescenta Dirk Hoheisel, membro do conselho administrativo da Bosch.
Pensando nisso, a Ford chegou até a preparar um sistema de som com a grife Bang & Olufsen para o Fiesta. Não por acaso, um estudo conduzido pela Ipsos em 2016 cita que as marcas de áudio trazem consigo um “impacto significativo” na decisão de compra para quase um terço dos clientes. Na mesma linha, o Polo 2018 europeu terá uma série especial com o sistema de som preparado pela Beats com 300W de potência.
Vale a pena ficar de olho
Mas não é só a Volkswagen e a Ford que prometem uma ofensiva nesse segmento.
A Nissan atua no segmento com a nova geração do March, conhecido como Micra na Europa. Por lá o modelo não só cresceu em tamanho como também ganhou motores bem eficientes e apostando forte no downsizing. Além disso, o Micra/March passa a ser equipado com vários assistentes de condução e pode ser amplamente personalizável, outra característica que os consumidores do segmento valorizam.
Quando procurada para se posicionar sobre a nova geração do March por aqui, a Nissan é evasiva e não confirma a chegada do hatch por aqui. Uma das alegações é o custo que o carro teria no Brasil, porém, com a Volkswagen apostando forte no Polo e provando que é possível vender um carro bem moderno por aqui, talvez ela se mexa para acompanhar a concorrência em especial levando em conta que já possui um modelo pronto para isso.
A Toyota, por sua vez, vai mergulhar nesse “novo” segmento com o Yaris a partir de 2018, bem como a Kia tem nos planos a comercialização do Rio aqui no Brasil, tudo dependendo das novas regras mais amenas para os importados que o regime automotivo Rota 2030 vai instaurar em 2018.
Seguramente, a partir do próximo ano, teremos uma invasão de excelentes novidades, dando aos hatches compactos uma vitalidade ímpar dentro do mercado brasileiro e global.