Novo Golf VII: demorou, mas chegou com tudo
Sétima geração do hatch da Volkswagen finalmente chega ao Brasil, repleto de tecnologia e com preço competitivo
Em 1998 poucas pessoas tinham celular (e os aparelhos eram grandes e pesados), as câmeras fotográficas não eram digitais e as televisões eram de tubo e não de LED. No entanto, você já poderia ter na sua garagem um exemplar da quarta geração do Golf, da Volkswagen, que era vendido no Brasil naquele ano.
O veículo mais importante da marca alemã empacou na quarta geração no País por longos 14 anos. Em 2007, o modelo recebeu uma reestilização e um apelido: geração "4,5" – ainda à venda. Enquanto isso, o resto do mundo acelerava as gerações 5 e 6, cujas vendas seriam inviáveis no Brasil por conta do preço elevado, justificava a Volks. Finalmente, a espera acabou e a sétima geração do Golf desembarca ao Brasil no final deste mês com a missão de se tornar o líder do segmento. Para tanto, a VW aposta em duas versões, Highline e GTI, motores turbinados, uma boa lista de equipamentos de série e preço competitivo, partindo de R$ 67.990.
AUTOO foi até a Alemanha, país onde o Golf VII é produzido, para tentar descobrir porque este carro foi eleito o melhor do mundo e, agora, já sabemos os motivos.
Começando pelo visual, o desenho da sétima geração do hatch é completamentenovo. De acordo com Luiz Alberto Veiga, gerente de design da VW, o desafio era deixar o Golf atual, sem perder a essência, já que o modelo agradava desde jovens solteiros à senhores aposentados e não seria interessante perder a clientela tão variada. Deu certo. As novas linhas mantiveram a identidade do carro, em especial por conta das largas colunas traseiras.
A estrutura também foi modificada com o uso da nova plataforma MQB (Matriz Modular Transversal), mais leve e resistente, também utilizada pelo Audi A3.
O primeiro contato que tivemos foi com um modelo Highline 1.4 Bluemotion de 140 cv equipado com o câmbio semi-automático de dupla embreagem (DSG) de sete velocidades, mas há também a opção com transmissão manual de seis velocidades. Fica ao gosto e ao bolso do freguês. Para o Brasil, a versão Highline será oferecida em quatro configurações (Standard, Elegance, Exclusive e Premium) com preços que variam de R$ 67.990 a R$ 92.990.
Antes mesmo de dar a partida, que agora dispensa o uso da chave, o que chamou a atenção foi o acabamento do interior, digno de modelos do segmento premium. A cabine esbanja materiais de texturas agradáveis, há poucos plásticos e alguns detalhes cromados, tudo convivendo harmoniosamente. O painel central é ligeiramente voltado ao motorista, e todos os comandos são de fácil visualização.
Outra ponto que contribuiu para o “upgrade” na beleza do interior foi o freio de estacionamento, que agora é elétrico. Acionado por um pequeno botão no console central, o sistema possui ainda a função Auto Hold, que dispensa que o motorista fique pisando no freio o tempo todo quando o trânsito fica naquele anda e para sem fim.
As novidades do interior não param por aí. De série, o novo Golf vem com ar-condicionado com duas zonas de climatização, tela de 5,8 polegadas sensível ao toque, sensores de estacionamento dianteiro e traseiro, volante multifuncional ajustável em altura e profundidade, bancos dianteiros com ajuste de altura, entre outros itens.
Partimos, enfim, para o test-drive em áreas urbanas de Berlim e de estrada nas Autobahns, inclusive em trechos sem limite de velocidade. Pudemos conferir a afinidade do motor 1.4 turbo com o câmbio DSG, muito bem acertado. Como ele possui função Tiptronic, as trocas podem ser feitas manualmente, por meio da alavanca de câmbio ou por borboletas no volante. O torque máximo de 25,5 kgfm é entregue cedo, entre 1.500 rpm a 3.500 rpm e contribui para as ótimas retomadas. A suspensão é firme, na medida, sem interferir no conforto. Sem contar a posição de dirigir, exata, e a direção leve e precisa.
Nas curvas, entra em ação o interessante sistema de bloqueio eletrônico do diferencial (XDS), que aumenta a pressão dos freios ABS nas rodas internas e segura bem o carro. Há ainda controle de estabilidade e tração, que coloca o veículo de volta à trajetória caso ele dê uma escapada. Percorri um trecho de 60 km, mas se a viagem fosse mais longa, com certeza não me importaria.
Sete airbags fazem a segurança dos ocupantes, há ainda alerta de pressão dos pneus e sistema start-stop, que desliga o motor quando o veículo para e o aciona imediatamente ao aliviar o pedal do freio.
Tecnologia de sobra
A versão de entrada já conta com um bom pacote de itens, no entanto, há muito mais tecnologia que o Golf oferece caso o cliente esteja disposto a gastar alguns reais a mais. Entre os opcionais, há novidades como o sistema detector de fadiga e o Pro-Active, que detecta uma batida iminente e prepara o carro para a colisão, fechando os vidros e tensionando os cintos de segurança.
Há também o Park Assist 2.0, que não só faz o trabalho de estacionar o carro, como também o tira da vaga. Cabe ao motorista apenas frear e acelerar.
Vale destacar dois sistemas que ainda não estão disponíveis para o Brasil, mas que devem chegar a partir de 2014. Um deles é o ACC - controle de cruzeiro adaptativo – que mantem a velocidade estipulada pelo condutor e a distância programada do veículo da frente. O interessante é que se o carro da frente parar totalmente, ele também para e, caso o intervalo for de até 3 segundos, o carro retoma a velocidade automaticamente. O outro sistema é o assistente de luz dinâmica, que regula o facho e a intensidade da luz ao cruzar outro carro no sentido contrário.
Pimenta nele!
Quem quer mais desempenho, pode optar pela versão GTI, que pude experimentar em testes de performance, na pista de treinamento da ADAC, o maior clube de automobilismo da Europa.
Por fora, o Golf GTI se distingue da versão Highline por alguns detalhes em vermelho, como uma linha que liga os faróis dianteiros, passando pela grade e também as pinças de freios. Na traseira, há duas saídas de escape cromadas e lanternas com iluminação em LED - rodas de liga leve aro 17" com desenho exclusivo completam o visual esportivo.
Agora, sob o capô está a grande atração do Golf GTI: um motor 2.0 a gasolina, turboalimentado e com injeção direta. A configuração apimentada gera 220 cv entre 4.500 e 6.200 rpm e é equipado apenas com câmbio DSG de seis velocidades.
O Golf GTI é impetuoso, ágil e a direção progressiva é mais curta, o que permite manobras precisas em velocidades mais altas. Segundo a Volks, a aceleração de 0 a 100 km/h é feita em 6,5 segundos e a velocidade máxima é de 244 km/h.
Se você já gostou muito da versão Highline e não pretende gastar mais de R$ 90 mil em um carro, sugiro que nem experimente versão GTI, ou pode acabar torrando aquelas economias que está juntado há anos. No Brasil ele será oferecido em três configurações: Standard R$ 94.990, Exclusive por 110.990 e Premium por R$125.990.
Elevando a categoria
O Golf VII é como se fosse de outro planeta quando analisado na categoria de hatches médios no Brasil. Nenhum concorrente alcança seu nível tecnológico ou seu desempenho, mesmo com o motor 1.4. Alguns chegam perto, como o Chevrolet Cruze hatch e o novo Ford Focus que está para chegar, mas esse carro da VW está um degrau acima, próximo de feras da ala de luxo da categoria, como BMW Série 1 e Audi A3.
O Golf VII vendido a R$ 67.990 vai dar um nó no segmento. O modelo da VW, por esse valor, tem chances de atrapalhar toda a categoria. Carros abaixo do nível do Golf VII serão considerados ainda mais inferiores e modelos do segmento premium vão ter seus altos preços questionados. A sorte dos concorrentes é que o volume de importação do lançamento será limitado pela cotas previstas no Inovar Auto, o que também deve render uma grande fila de espera pelo carro nas lojas da Volks.
O valor competitivo do carro certamente está sendo bancado pela VW do Brasil e isso é um indício de que o modelo poderá ser fabricado no País em breve para tais preços serem mantidos. A Volkswagen não vai se contentar em trabalhar com uma margem baixa com o Golf VII no mercado brasileiro, pois os brasileiros vão gostar demais dele.
*Viagem feita à convite da Volkswagen
Ficha técnica
Volkswagen Golf 2014 Highline 1.4 16V gasolina automático 4p | |
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Preço | R$ NaN (11/2019) |
Categoria | Hatch médio |
Vendas acumuladas neste ano | 105 unidades |
Motor | 4 cilindros, 1395 cm³ |
Potência | 140 cv a 4500 rpm (gasolina) |
Torque | 25,5 kgfm a 1500 rpm |
Dimensões | Comprimento 4,255 m, largura 1,799 m, altura 1,468 m, entreeixos 2,63 m |
Peso em ordem de marcha | 1238 kg |
Tanque de combustível | 50 litros |
Porta-malas | 313 litros |