Novas regras garantem VW Gol, Voyage e Saveiro até 2024
Compactos da VW devem seguir em linha por conta da realidade atual do mercado
Além de todo o impacto na cadeia produtiva, com a falta de componentes forçando muitas fabricantes a realizar paradas técnicas em suas linhas de montagem, a pandemia da Covid-19 também vai acarretar em muitas mudanças no planejamento estratégico das montadoras.
Precisando usar muitos recursos em caixa para lidar com as despesas de fábricas e concessionárias fechadas por conta do isolamento social, muitos projetos das grandes montadoras que estavam em desenvolvimento precisaram ser postergados. Além de suspender o trabalho em novos modelos, as fabricantes alegaram — e foram atendidas pelo governo — que não teriam condições de atender às novas normas de segurança previstas para entrar em vigor no ano que vem por conta dos custos envolvidos e as limitações técnicas (uso de laboratórios, por exemplo) impostas pela pandemia.
Com isso, segundo apurou o colunista Fernando Calmon, a Volkswagen conseguirá manter os atuais Gol, Voyage e Saveiro em nosso mercado até janeiro de 2024, quando provavelmente já deverão ser substituídos por novos modelos em desenvolvimento. Segundo a resolução 799 do Contran, publicada no fim de 2020, a obrigatoriedade dos controles de tração e estabilidade para todos os carros vendidos no Brasil será postergada de janeiro de 2022 para janeiro de 2024. Vale a ressalva de que a aplicação da importante dupla de segurança ativa será obrigatória em pelo menos 50% da produção de cada montadora a partir de janeiro de 2023.
A obrigatoriedade da luz de condução diurna (DRL na sigla em inglês) nos carros novos vendidos no Brasil também foi alterada para janeiro de 2024, ampliando o prazo para as montadoras em mais um item de segurança.
Vale destacar que o Volkswagen Gol atualmente é o 5º carro mais vendido no Brasil, atendendo em especial consumidores corporativos. No acumulado de janeiro a abril, o Voyage, por sua vez, vendeu mais do que o Virtus, enquanto a Saveiro, apesar da participação de mercado bem menor em relação à Fiat Strada, ainda mantém um sólido volume de emplacamentos na média de 2.500 unidades/mês. Portanto, o trio segue relevante para a Volkswagen.
Com o recente anúncio da marca alemã de que vai retomar seus investimentos em Taubaté (SP), onde atualmente são produzidos o Gol e o Voyage, é praticamente certo que o sucessor do hatch está garantido. Do seu projeto, inclusive, poderá derivar um inédito crossover compacto, como abordamos. De olho em um segmento mais rentável, talvez a Volkswagen siga os passos da GM e deixe de atuar na categoria de picapes compactas, focando em modelos compactos-médios como a Fiat Toro. Assim como a sucessora da Chevrolet Montana deverá crescer em porte, a Volkswagen deverá apostar suas fichas na Tarok. Revelada como conceito no Salão de São Paulo em 2018, a novidade deverá ser produzida na Argentina compartilhando diversos elementos da estrutura com o SUV médio Taos.
Resta a dúvida se o Voyage terá um sucessor direto ou a Volkswagen seguirá na categoria de sedãs compactos apenas com o Virtus, o que parece mais plausível. Assim como o Polo ganhará uma versão mais acessível produzida em Taubaté, a VW poderia adotar a mesma estratégia também para o Virtus, criando uma opção de baixo custo para atender os consumidores do Voyage atual.
Ainda segundo a coluna mais recente de Fernando Calmon, o VW Fox, que já estreou o modelo 2022, deverá sair de linha em dezembro deste ano.
Em paralelo, de acordo com Calmon, a introdução da nova fase mais restritiva (PL 7) do programa de emissões e ruído Proconve a partir de 1° de janeiro de 2022 deverá fazer com que os Fiat Uno, Doblò e Grand Siena tenham sua produção encerrada em 31 de dezembro deste ano, mas haverá um estoque transitório no começo de 2022. A nova fase PL 7 preconiza que emissões evaporativas serão reduzidas a apenas 0,5 g/dia em testes de 48 horas. Tanques de combustível terão que ser modificados, como na Fiat Toro 2022, por exemplo, que diminuiu de 60 para 55 litros.