JAC lança pedra fundamental de fábrica brasileira
Unidade será construída em Camaçari, na Bahia, e começará a produzir dentro de dois anos
O gesto simbólico foi um pouco estranho, mas marcou o lançamento da pedra fundamental da fábrica da JAC em território nacional: "enterrar" um J3 por 20 anos como uma cápsula do tempo. "Arquivar, na verdade", observou Sergio Habib, o presidente da filial brasileira.
O evento ocorreu nesta segunda-feira em Camaçari, cidade próxima a Salvador, na Bahia, que abrigará a primeira unidade da montadora chinesa no continente. A meta é vê-la operacional no final de 2014 após investimentos de US$ 600 milhões feitos em sua maioria pela representante brasileira, a SHC.
O terreno da fábrica já está sendo limpo para receber terraplanagem e as obras civis em 2013. A planta, no entanto, fica numa região afastada do pólo industrial da cidade, que abriga a Ford desde 2000. O governador Jacques Wagner, aliás, deixou escapar que o estado terá uma terceira montadora, a também chinesa Foton.
Receita nacional
Enquanto os tratores e escavadeiras avançam sobre o terreno acidentado no Brasil, na China o primeiro JAC brasileiro já está sendo desenvolvido. Habib reconhece que o modelo será projetado exclusivamente para o mercado nacional, uma estratégia já feita pela Hyundai com bastante sucesso, vide a receptividade do HB20.
Não há muitos detalhes sobre ele, apenas que custará entre R$ 30 mil e R$ 40 mil e será um hatch - uma versão sedã e um jipinho ou versão aventureira devem acompanhá-lo na sequencia. A capacidade da fábrica de Camaçari não é tão grande: 100 mil unidades por ano, o que dá uma média mensal de pouco mais de 8 mil carros.
É bem mais, no entanto, do que pode vender hoje a JAC com sua linha de importados: "nossa cota é de 25 mil carros em 2013", diz Habib, explicando quanto pode vender sem pagar os 30 pontos percentuais de IPI extras graças ao comprometimento de investir no Brasil. O volume é semelhante ao que foi vendido em 2011 e bem mais que a previsão para 2012, que não deve chegar a 18 mil unidades.
O excedente deve ser ocupado pelo J2, o mais recente lançamento da marca chinesa. Compacto urbano com bom nível de equipamentos, o hatch custa R$ 30.990 enquanto houver o desconto do IPI. Isso significa dizer que se trata do carro mais barato da JAC no país, mas que não deve emplacar tanto seja pelo limite imposto pela cota ou pela concorrência acirrada que surgiu no segmento. Situação que não existia há dois anos, quando Habib ainda sonhava com sua fábrica na Bahia.
Quem sabe, quando desenterrar o J3 daqui a 20 anos, a realidade do mercado seja mais favorável a JAC.