Elis Regina e a Kombi elétrica: propaganda encanta, mas também cria polêmica

Inteligência artificial foi usada para colocar cantora ao volante de uma Kombi ao lado da filha Maria Rita. Nas redes sociais houve elogios mas também quem protestou
Maria Rita e Elis Regina em propaganda da Kombi elétrica

Maria Rita e Elis Regina em propaganda da Kombi elétrica | Imagem: Reprodução

O anúncio da venda da Kombi elétrica ID.Buzz, da Volkswagen, foi acompanhada de uma peça publicitária que recriou a cantora Elis Regina com o uso da inteligência artificial. 

Ela aparece ao volante de uma Kombi antiga cantando “Como Nossos Pais” enquanto a filha dela, Maria Rita, dirige uma ID.Buzz.

VEJA TAMBÉM:

“Criado pela AlmapBBDO e produzido pela Boiler Filmes, com direção de cena de Dulcidio Caldeira, o filme contou com tecnologia de inteligência artificial treinada especificamente para reconhecimento facial de Elis Regina, diferentemente do que são feitos em projetos de IA que utilizam tecnologia pré-treinadas a partir de dados genéricos”, disse a Volkswagen em nota.

A marca informou que a agência e a produtora se uniram a uma empresa de pós-produção americana especializada e com repertório de projetos realizados para a indústria cinematográfica de Hollywood.

A peça, no entanto, gerou polêmica nas redes sociais. Enquanto muitos usuários do Twitter relataram se emocionar com o encontro inédito de mãe e filha, outros se incomodaram com o uso da música, que era um protesto contra a ditadura militar no Brasil (1964-1985).

Isso porque a Volkswagen foi apontada como cúmplice da repressão e assinou em 2021 um acordo com o compromisso de destinar R$ 36,3 milhões a ex-empregados presos, perseguidos ou torturados, assim como a iniciativas de promoção de direitos humanos.

Um documento divulgado pela própria companhia em 2017 reconheceu a colaboração entre a segurança industrial da fábrica brasileira e a polícia política do governo militar.

Siga o AUTOO nas redes: Instagram | LinkedIn | Youtube | Facebook | Twitter

Ex-empregados afirmaram à Comissão Nacional da Verdade que, durante a ditadura militar, a empresa forneceu aos órgãos policiais informações sobre os funcionários e permitiu, dentro de sua própria fábrica, prisões sem ordem judicial e tortura policial.

Fernando Pedroso

Apaixonado por carros desde criança, se formou em jornalismo para trabalhar com automóveis. Realiza esse sonho desde 2006, e participando no AUTOO a partir de 2023