Com 1.0 do up!, Gol 2017 fica melhor
Hatch da Volkswagen tenta se reerguer no segmento de entrada com aposta no custo-benefício; confira teste
O ano de 2014 foi um marco (nada positivo) na longa trajetória do Volkswagen Gol. Após 27 anos ocupando a primeira posição no ranking de vendas, o hatch cedeu o trono para o Fiat Palio (em grande parte graças a versão de entrada Fire). Mas essa movimentação do mercado é mais do que natural, afinal o segmento recebeu uma atenção cada vez maior das grandes montadoras interessadas no sempre promissor mercado brasileiro.
A Hyundai entrou de cabeça na categoria com o bem-sucedido HB20. Até mesmo a Toyota resolveu abocanhar uma fatia do mercado com o Etios, isso só para citar os novos players entre os hatches de entrada. Com mais opções, é natural que os consumidores quiseram abrir mão do confiável Gol e experimentar novas marcas e modelos.
E essa movimentação mostrou-se extremamente salutar. Com a Hyundai vimos a chegada dos bem mais eficientes motores 1.0 com 3 cilindros. Com um habitáculo de acabamento caprichado e muito esmero na montagem, não demorou para entender o sucesso do HB20: ele era superior em vários pontos onde o Gol deixava a desejar. O mesmo notamos com a estreia da nova geração do Ford Ka, que trouxe uma cabine espaçosa e um excelente pacote de itens de série, com destaque para os controles de tração e estabilidade em sua versão mais cara SEL. Ninguém jamais iria imaginar que alguma montadora ousaria tanto e ofereceria esses equipamentos na faixa de entrada do mercado.
Por tudo isso o Volkswagen Gol iria ficando para trás. Se você já deu uma olhada no ranking de 2016, o modelo sequer figurou entre os 10 carros mais vendidos do país, um resultado alarmante para a marca.
E se a fama já não era suficiente para manter o Gol no radar dos consumidores, a Volkswagen tratou de se mexer neste ano. Do primo mais moderninho up! ele passou a compartilhar o motor 1.0 com 3 cilindros, enquanto do Fox ele recebeu várias opções de central multimídia para as versões mais caras.
De R$ 34.890 Hatch compacto Ford Ka, Hyundai HB20, Chevrolet Onix 82.372 unidades 1.0 12V, 3 cilindros 82 cv a 6.250 rpm (E) 10,4 kgfm a 3.000 rpm (E) manual, 5 marchas 3,89 m de comprimento, 1,65 m de largura, 1,46 m de altura e 2,46 m de entre-eixos 901 kg 285 litrosVolkswagen Gol Trendline 1.0 4 portas
Resumo
Preço
Mecânica
Motor
Dimensões
Medidas
Acelerando o 1.0
O AUTOO escolheu para avaliar o Gol 2017 com o novo (para ele) motor 1.0 tricilíndrico, que o deixa com mais condições de enfrentar Hyundai HB20 e companhia na faixa de R$ 35.000 a R$ 40.000.
E por mais que os concorrentes de fato sejam superior quando o assunto é acabamento ou custo-benefício, o Gol ainda é um modelo que agrada muito na hora de dirigir. Aqui é onde o know-how da engenharia alemã fala mais alto. A posição de dirigir do Gol é correta, a ergonomia é bem planejada e os engates curtos e precisos do câmbio, disparado um dos melhores do país, torna a convivência diária com o modelo algo mais agradável.
Claro que, por mais eficiente que seja, o motor 1.0 por si só não faz milagre e ele sofre em algumas situações, como aclives acentuados ou retomadas de velocidade na estrada. O mesmo ocorre com o Ford Ka e o Hyundai HB20 com seus propulsores equivalentes. Contudo, no caso do Gol, a evolução frente ao 1.0 com 4 cilindros anterior é enorme. Se você anda sozinho e na cidade a maior parte do tempo, o novo Gol 1.0 dá conta do recado. Segundo a VW, o hatch acelera de 0 a 100 km/h em 12,3 segundos e alcança 170 km/h de velocidade máxima quando abastecido com etanol. Os números de consumo não foram revelados.
Na versão Trendline avaliada o Gol 1.0 parte de R$ 34.890. Colocar ar-condicionado e a central multimídia Composition Touch, que permite espelhar o smartphone na tela de 5”, eleva o preço do modelo para R$ 39.445 e você ainda recebe um prático suporte para celular no painel. O grande problema do Gol, e aqui a gente começa a entender algumas de suas brechas para os concorrentes, é que sequer ele oferece chave com telecomando nessa configuração. Também esqueça itens de conveniência interessantes como computador de bordo, recurso presente no Hyundai HB20 1.0 de entrada (versão Comfort com preço sugerido de R$ 40.545).
Velocímetro difícil de entender
Apesar do acabamento interno mostrar sinais de evolução, com destaque para as novas saídas de ar com um aspecto de melhor qualidade em relação ao padrão circular presente até a linha 2016, a profusão de plásticos rígidos nos faz lembrar sempre de que estamos em um carro “popular”. Nas versões 1.6, que contam com um jogo melhor de materiais no painel, o aspecto da cabine é bem melhor. Mesmo assim, o Gol segue com espaço interno razoável, na média da categoria, com um habitáculo justo para quatro adultos. Nesse assunto, a cabine do Ford Ka é melhor resolvida, em especial para os passageiros no banco traseiro.
Um detalhe, mas que chega a atrapalhar no dia a dia a bordo do Gol diz respeito ao painel de instrumentos. O grafismo adotado para o velocímetro não é de fácil leitura e, para quem vive na cidade de São Paulo, achar a marcação exata de 50 km/h ou 70 km/h, os limites para a maioria das vias, exige um olhar fixo no mostrador. O ideal é que os valores fossem apresentados de uma forma mais destacada.
No resumo da obra o Volkswagen Gol, agora com motor 1.0 tricilíndrico agrada. Frente a modelos bem mais modernos como o Ford Ka ou o Hyundai HB20 ele deixa claro os sinais de que precisa de uma mexida bem mais profunda do que um mero facelift para manter-se competitivo, algo que só deverá ocorrer mais para a frente. Até lá, sua fama de robustez e o peso de sua reputação vão garantindo sua sobrevida.