Brasil terá centro de pesquisa da VW com foco em biocombustíveis
Um dos focos da marca reside no etanol inclusive para conjuntos propulsores híbridos
Notícia relevante foi anunciada pela Volkswagen nesta segunda-feira (12).
A fabricante vai criar no Brasil um centro de pesquisa e desenvolvimento para que a operação do Grupo Volkswagen na América Latina se torne a responsável para o “estudo de soluções tecnológicas baseadas em etanol e outros biocombustíveis para mercados emergentes”, nas palavras da empresa.
De acordo com a Volkswagen, a meta com a iniciativa é buscar formas de propulsão que utilizem energia limpa para motores a combustão, incluindo soluções híbridas, destaca a fabricante.
Atualmente a Toyota foi a primeira marca no mundo a oferecer um conjunto motriz híbrido flex, lançado aqui no Brasil na 12ª geração do Corolla e também oferecido no Corolla Cross.
A ideia da VW é que os trabalhos desenvolvidos no centro de pesquisa e desenvolvimento brasileiro envolvendo biocombustíveis tenha um papel complementar em relação aos esforços globais da marca rumo a eletrificação.
“Vamos atuar em parceria com Governo, universidades e a agroindústria para que possamos trabalhar com o que há de melhor para o futuro da mobilidade. Sediar, aqui no Brasil, o novo Centro de P&D para etanol e outros biocombustíveis nos coloca em evidência no mundo Volkswagen”, declarou Pablo Di Si, presidente e CEO da Volkswagen América Latina.
Híbridos utilizando etanol
Enquanto o Grupo Volkswagen espera eliminar veículos a combustão de seu portfólio entre 2033 e 2035 na Europa, aqui no Brasil essa migração será mais longa. Com isso, alternativas ainda baseadas em motores a combustão, porém com menor nível de emissões, devem ser buscadas por diversas fabricantes.
De acordo com a Volkswagen, a indisponibilidade de infraestrutura de carregamento e o nível de renda local são alguns pontos que fazem com que os automóveis 100% elétricos tenham uma implantação lenta por aqui.
“É por isso que é necessário explorar opções alternativas aproveitando os recursos locais que já estão disponíveis hoje. O uso de biocombustíveis é uma estratégia complementar para ajudar a indústria em mercados emergentes a neutralizar as emissões de carbono. No Brasil, vários argumentos indicam o uso, por exemplo, do etanol”, pontua a fabricante alemã.
Para tanto, a Volkswagen adianta que vai atuar em parceria com o Governo, universidades e a agroindústria local para desenvolver e estimular o uso do biocombustível.
Especificamente para o mercado brasileiro, os carros híbridos ou híbridos plug-in a etanol despontam como uma excelente alternativa pensando na questão ambiental.
Esses veículos poderão utilizar a atual infraestrutura de abastecimento, as emissões de CO2, considerando o ciclo completo para obtenção do combustível, são extremamente baixas e, em relação aos automóveis 100% elétricos, outro benefício é que os híbridos a etanol poderão colaborar para não estressar a rede de energia elétrica do país.
Biocombustíveis em alta no Brasil
Segundo estudo publicado pelo World Wildlife Fund (WWF) Brasil, até 2030 os biocombustíveis podem suprir 72% da demanda brasileira de combustível apenas pela otimização das pastagens degradadas atualmente sem competir com a terra necessária para a produção de alimentos. Várias pesquisas estão em andamento para garantir que essa abordagem permaneça sustentável.
Atualmente apenas 1,2% do território brasileiro é utilizado para o cultivo de cana-de-açúcar, com 0,8% para produção de etanol (cana e milho). Quase 92% da produção de cana-de-açúcar é colhida no Centro-Sul do Brasil, e os 8% restantes são cultivados na região Nordeste. Isso significa que as áreas cultivadas para a produção de cana-de-açúcar estão localizadas a quase dois mil quilômetros da Amazônia.
Além da VW, a japonesa Nissan também avança em estudos aqui no Brasil para viabilizar o uso de células de combustível baseadas no uso de etanol, outra tecnologia que pode ser bastante promissora.