Análise: VW erra o timing ao lançar uma rival para a Fiat Toro só em 2025?
Revelada como conceito em 2018, finalmente a Tarok deverá virar um modelo de produção
É fato que a pandemia acarretou em graves consequências para a indústria automotiva não só no Brasil como em escala global.
Com fábricas e concessionárias fechadas, o caixa das fabricantes foi profundamente abalado e, com isso, diversos projetos precisaram ser "congelados" ou revistos.
Falando especificamente da Volkswagen, um modelo em questão que acabou se tornando uma grande incógnita nos últimos anos foi a picape compacta-média Tarok.
O conceito foi apresentado com grande destaque pela marca alemã no Salão de São Paulo em 2018, marcando a estreia mundial do protótipo.
À época, executivos da fabricante comentavam que a chegada da picape ao mercado não iria demorar, o que ajudaria a Tarok a surfar na mesma onda de excelente aceitação que a Fiat Toro sempre obteve por aqui.
Os anos foram passando e nada mais concreto sobre a estreia da Tarok foi falado. Nos últimos meses, por conta do avanço da Covid-19, parecia até que o projeto corria o risco de ser esquecido pela fabricante.
Nesta semana, contudo, uma informação relevante foi divulgada em um relatório da consultoria especializada IHS Markit.
Segundo a empresa, ao que tudo indica a inédita picape compacta-média da Volkswagen deverá sair mesmo do papel, entretanto a produção na Argentina deverá começar somente em 2025.
Considerando o prazo elástico de quatro anos para contarmos com a estreia da Tarok na região, fica a dúvida: será que, até lá, a Volkswagen já não terá perdido o timing para colocar no mercado uma rival da Fiat Toro?
Situação do mercado até lá
Outro ponto que precisa ser levado em conta sobre o atraso para a estreia da Tarok é como estará a situação do segmento até lá.
Se hoje temospor aqui, basicamente, a Fiat Toro e a Renault Duster Oroch disputando a preferência de quem deseja uma picape compacta-média, até 2025 certamente o cenário promete ser bem mais acirrado.
A Ford, por exemplo, já confirmou a estreia da Maverick no Brasil em 2022. Com projeto interessante, o modelo se destaca pelo preço competitivo em sua versão de entrada, que ainda tem como diferencial o conjunto propulsor híbrido.
Além disso, devemos ficar atentos também com a Hyundai Santa Cruz, picape que reúne todos os atributos para ser comercializada por aqui.
A própria Renault Duster Oroch também receberá evoluções ao longo dos próximos quatro anos, ao menos com a introdução do motor 1.3 turbo na gama. Até 2025, talvez até a próxima geração da picape já terá feito sua estreia.
O que a VW poderá fazer?
Para não perder o timing com a estreia da Tarok somente em 2025, é fato que a Volkswagen terá que delinear uma estratégia ousada para o modelo.
Isso passa por soluções inovadoras, que as atuais picapes compactas-médias não oferecem, como a possibilidade de comunicar a caçamba com a cabine por meio de uma tampa posicionada atrás do encosto do banco traseiro.
Além disso, para se destacar entre as presentes e futuras rivais, a Tarok precisará compensar o longo tempo de espera por seu lançamento com um conjunto mecânico sofisticado.
O conceito de 2018 trazia sob o capô o motor 1.4 TSI associado ao câmbio automático de 6 marchas e o sistema de tração integral permanente 4Motion, combinação até o momento inédita entre as picapes compactas-médias nacionais, já que a própria Toro não conta com opções flex 4x4.
Uma alternativa também reside na possibilidade da VW oferecer uma opção diesel para a Tarok, quem sabe até preservando o motor 2.0 que figura atualmente sob o capô da Amarok.
É fato que, no universo das picapes nacionais de maior porte, esse tipo de propulsor segue com muita relevância do ponto de vista comercial.
Algo a ser levado em consideração, em especial olhando para o portfólio da Ford Maverick, seria a Volkswagen investir em uma provável Tarok eletrificada.
A subsidiária brasileira da VW abraçou como uma de suas metas para os próximos anos trabalhar em soluções de propulsão que envolvam a eletrificação de conjuntos mecânicos prevalecendo o uso do etanol como base para o propulsor térmico.
Logo, temos aí um bom indício do que podemos esperar para a Tarok em sua versão definitiva.
Assim como ocorreu com a Amarok, que demorou vários anos para estrear e posicionar a Volkswagen entre as picapes médias, é fato que a marca alemã costuma adotar uma postura de cautela, observando com atenção o segmento onde pretende atuar para só então lançar um veículo competitivo.
Pode ser que isso também esteja ocorrendo com a Tarok, o que aumenta a expectativa sobre o que podemos esperar para a novidade. Uma pena termos de aguardar tanto tempo para isso.