50 anos do Passat: saiba a história do 1º carro refrigerado a água da VW no Brasil

Lançado em 1973 na Alemanha, o fastback só ganharia as ruas brasileiras no ano de 1974
VW Passat 1973

VW Passat 1973 | Imagem: Divulgação

Baseado no Audi 80 de 1973, o fastback da Volkswagen recebeu um nome curioso: Passat, nome dos ventos que sopram permanentemente dos trópicos para a linha do Equador.  Mais tarde, a empresa adotaria a mesma estratégia com nome de fortes correntes de ar em outros carros como, por exemplo, os sedãs Santana e Bora e o cupê Scirocco.

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O Passat (B1) foi lançado em 1973 na Alemanha e substituiu o sedã K70, um VW de vida curta que rompeu a tradição da fábrica de modelos refrigerados a ar. Mas no Brasil, coube ao próprio Passat inaugurar em 1974 a chegada dos primeiros motores com refrigeração líquida da marca. Antes disso, só havia propulsores boxer refrigerados a ar que fizeram história nos VWs 1600, Fusca, Brasilia, Kombi, Variant e TL.

Com linhas esportivas assinadas pelo mestre italiano Giorgetto Giugiaro, o Passat foi o pioneiro em muitos quesitos. Entre eles,  foi o pioneiro ao usar motor turbo diesel de cinco cilindros e o primeiro VW com tração AWD (All Wheel Drive) “Syncro” e por aí vai... Além disso, o veículo de uma certa forma, deu vida a uma série de outros sucessos, a exemplo do icônico Golf, lançado em 1974 e do esportivo Scirocco e o compacto Polo, ambos de 1975.

Outra curiosidade do modelo alemão foi a variedade de configurações de carrocerias como a perua Passat Estate, além da Hatchback de duas portas e Sedan de quatro portas, opções que bem conhecemos por aqui. A variante “station wagon” só foi fabricada no Brasil em 1985 a partir da segunda geração do Passat (B2) batizada como Santana Quantum.


Passat no Brasil

Volkswagen Passat 1974
Volkswagen Passat 1974, primeiro anoque foi produzido no Brasil, passando a ser o primeiro modelo nacional com pneus radiais
Imagem: Divulgação

Falando no mercado brasileiro, o Passat foi o veículo mais moderno nacional de sua época, porém as variações foram mais “enxutas”. Estavam resumidas as opções com duas e quatro portas e três opções de motorização (1.5, 1.6 e 1.8) e inúmeras versões, com destaque para as esportivas TS, GTS e GTS Pointer. Esta última conta com o poderoso propulsor AP-800S (1.8) - a mesma do Gol GT e Santana - de 99 cv de potência e 14,9 kgfm de torque que garantia diversões para os playboys dos anos 1980. Segundo a VW, a GTS Pointer fazia de zero a 100 km/h em 10,9 segundos e alcançava a velocidade final de 170 km/h. 

Falando em versões, outra curiosa foi o Passat LSE, disponível só com quatro portas e que tinha como público-alvo o mercado iraquiano, apesar de ser vendido também no Brasil. De série, já vinha com ar-condicionado, painel igual ao do GTS Pointer, carpete mais alto, bancos com regulagem de altura, encosto de cabeça e apoio de braço no banco traseiro, luzes traseiras para leitura, radiador de cobre, entre outros. 

Segundo a VW, ao todo, foram mais de 675 mil unidades vendidas do Passat brasileiro até o final da produção, ocorrida em 1988. No entanto, em 1994, o modelo voltaria a ser vendido em sua quarta geração (B4), mas desta vez, importado da Alemanha.

Ao contrário de outros países que tiveram variações de motorização como a quatro cilindros movida a diesel  Turbocharged Direct Injection (TDI), no Brasil as opções se resumiram a 2.0 com 116 cv e a 2.8 VR6 (seis cilindros em V) de 174 cv, disponíveis tanto para a configuração Sedan quanto Variant. Foi essa geração a responsável por introduzir os mais altos níveis de tecnologia passiva da marca tais como dois airbags (motorista e passageiro), freios a disco com ABS nas quatro rodas  e cintos de segurança com pré-tensionadores, tudo de série.

A quinta (B5), produzida entre 1996 a 2005 chegou em 1998 ao mercado brasileiro na Sedan e Variant e trazia além de maiores dimensões, a nova plataforma do Audi A4, assim como as opções de motores: 1.8 20V (125 cv), 1.8 20V Turbo (150 cv) e 2.8 30V V6 (193 cv).

Curiosamente, lá fora, as opções se estenderam até ao raro motor “W8”, ou seja, oito cilindros em “W” a 15 graus com um virabrequim comum. A título de curiosidade, o termo “VR6” adotado pela VW vem da combinação de motor em V e Reihenmotor, que em alemão significa (motor em linha). A combinação dos dois pode ser traduzida como "motor V6 em linha". Com capacidade para 4.0 litros, esta unidade rende 275 cv a 6000 rpm, com 37 kgfm de torque, valores modestos para um oito cilindros da época. 

VW Passat GTS Pointer 1984
VW Passat GTS Pointer 1984, primeia versão esportiva com motor 1.8, o mesmo que vinha no Gol GT
Imagem: Divulgação

O Passat B6 surgiu em 2005 e trouxe como principal novidade a nova plataforma PQ46, a mesma do Golf alemão (PQ35), só que alongada. Além disso, estreou a edição limitada R36 com motor V6 3.6 de 300 cv e  tração nas quatro rodas (4motion). Na contramão dessa versão, essa geração também foi marcada pela versão Bluemotion, exclusiva para outros países e que na opção 2.0 TDI de 110 cv fazia inacreditáveis 20,4 km/l, segundo a VW. 

Por aqui, tanto o sedã quanto a perua também chegariam em 2005 com a estreia do propulsor 2.0 FSI (Fuel Stratified Injection ou injeção de combustível estratificada) de 150 cv e já no ano seguinte a 2.0 FSI Turbo, com 200 cv. Outra opção foi a V6 3.2 de 250 cv, combinado à tração integral permanente 4MOTION e ao câmbio automático DSG que chegou em 2007. Essa geração durou até 2010.

A B7, introduzida entre 2010 e 2014, inovou na questão da inclusão da opção movida a gás natural que na versão 1.4 TSI Ecofuel, com 21 kg do combustível ecológico, o Passat conseguia uma autonomia de 480 km. Outra exclusividade foi a Alltrack, disponível apenas para a Variant, com tração integral e apelo aventureiro que tinha como concorrente direta a perua Subaru Outback. 

Por aqui, a sétima geração apareceu em 2011 com uma lista repleta de itens tecnológicos voltados para o conforto e segurança. Veio apenas com motor 2.0 TFSI, emprestado do Jetta, mas com 211 cv associado a moderna transmissão automática de dupla embreagem DSG de seis velocidades Tiptronic. 

O Passat B8, estreado na Europa em 2014, apostou na era da eletrificação, no caso um Plug-in híbrido (GTE) com potência combinada de 218 cv e consumo de 50 km/l. Além disso, veio também na linha Passat/Variant o comando Emergency Assist, o primeiro em um VW. Ele  reconhece a inatividade do condutor e pode frear o veículo automaticamente na faixa de rodagem até, se necessário, a parada total do veículo.

No Brasil, o modelo importtado que desembarcou em 2016 se resumiu às duas versões de acabamento Comfortline e Highline, ambas com a única motorização 2.0 TSI de 220 cv.

Depois de 50 anos após a sua primeira geração, o Passat abandonou a carroceria sedã e chegou exclusivamente como uma perua. Atualmente o modelo conta com oito opções de motorização incluindo uma variante híbrida que roda até 100 km em modo elétrico. 

Acima o Volkswagen Passat atualmente vendido na Europa
Acima, a última geração do Passat que foi vendida no Brasil, importada da Alemanha, onde o carro foi substituído pelo VW ID.7
Imagem: Divulgação

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Fernando Garcia

Especialista em análises do mercado de veículos usados, Fernando Garcia tem passagens por revistas automobilísticas e no AUTOO traz vários artigos especiais com curiosidades, serviços e dicas.