VW Polo e Fiat Argo: o que nos dizem os mais novos hatches compactos do mercado
Dupla ambiciona as posições mais altas do ranking de vendas brasileiro, mas conseguirão desbancar Onix e HB20? Confira nossa opinião!
Mais espaço interno, uma lista cada vez mais generosa de equipamentos de conforto, tecnologia e segurança, plataformas modernas... com o início de uma profunda renovação de seus representantes, o segmento de hatches compactos tornou-se um ótimo reflexo da evolução no comportamento de compra dos brasileiros envolvendo a escolha do carro.
Por aqui ninguém mais quer um automóvel “pelado”, sendo que recursos como ar-condicionado e a direção com algum tipo de assistência, seja elétrica ou hidráulica, tornaram-se praticamente itens obrigatórios. O custo de propriedade, ou seja, o foco no baixo consumo e no preço de revisões e peças mais acessível também devem ser contemplados.
Preço ainda é um fator decisivo na hora da compra, mas outros atributos como uma carroceria segura e fácil de reparar também estão tomando mais espaço na preferência dos brasileiros. O trabalho de instituições como o Latin NCAP, que muitas vezes mostra a precariedade de muitos automóveis vendidos por aqui com relação à proteção dos passageiros, está ajudando na conscientização do público para a escolha de produtos melhores e mais seguros.
É nesse mar de preferências que Volkswagen e Fiat mergulharam para projetar e colocar no mercado a nova geração do Polo e o inédito Argo, os primeiros representantes desse reinventado segmento de hatches compactos, que ganhará reforços importantes como o Toyota Yaris em 2018, a próxima geração do Chevrolet Onix até o fim da década, dentre outros.
Mas será que Fiat Argo e Volkswagen Polo tem condições de mirar as primeiras posições do ranking de vendas brasileiros, ultrapassando os concorrentes mais estabelecidos como o Hyundai HB20 e o líder Onix?
Vamos começar nossa análise por ordem alfabética, mostrando então mais detalhes do Fiat Argo.
Segundo projeto da Fiat no Brasil a contar com a ajuda do pessoal da Chrysler, logo depois da bem-sucedida Toro, o Argo usa como base uma nova plataforma de origem norte-americana para veículos compactos, a qual fez muito bem ao modelo.
Fazia muito tempo que não encontrávamos no mercado um Fiat tão agradável de conduzir como o Argo. Não por acaso a montadora usa em sua campanha de marketing que é necessário “sentir” o hatch. O lado italiano da Fiat Chrysler na concepção do Argo é claramente notado na excelente escolha de materiais para a cabine, bem como a as formas esculpidas do painel criando uma junção com as laterais das portas, recursos que criam um ambiente bem acolhedor dentro do Argo e confere um ar de mais sofisticação que os consumidores buscam em um patamar acima dos carros de entrada.
Na parte externa, muitos leitores aqui do AUTOO e inscritos em nosso canal no YouTube reclamaram que o Argo lembra muito o Mobi em uma escala maior, o que de fato se comprova quando tomamos a dianteira como base e elementos como a grade frontal e os faróis. De qualquer forma, o Argo é um modelo de linhas mais esportivas, tipicamente italiano.
Quem quiser estacionar na garagem de casa atualmente vai ter que separar ao menos R$ 46.800 na conta bancária, o quanto a Fiat pede pela versão Drive 1.0. Esse valor dá direito ao ar-condicionado, direção elétrica, travas e vidros elétricos e o start-stop, recurso que desliga o motor quando o carro encontra-se parado e ajuda o Argo 1.0 a entregar as boas médias de 14,1 km/l na cidade e 15,1 km/l na estrada com gasolina. O Argo 1.0 não empolga em termos de desempenho, mas está na média dos concorrentes tricilíndricos como o Hyundai HB20 e o Ford Ka. Sozinho ou com mais um passageiro rodando na cidade, é um modelo que dá conta do recado. O Argo 1.0 é uma opção interessante do ponto de vista do custo-benefício, mas vale a pena você instalar o “Kit Multimedia” de R$ 2.300 que adiciona a central multimídia ao modelo. Hoje praticamente esse é um item demandado pela maioria dos consumidores e vai impulsionar a revenda do modelo mais para frente caso você opte pelo pacote opcional.
O grande problema, por assim dizer, do Fiat Argo vai para seu leque de opções em uma faixa importante do segmento, no caso de R$ 50.000 a R$ 60.000. A Fiat disponibiliza para ele a versão Drive com motor 1.3 e a opção de câmbio manual ou o automatizado GSR, uma evolução da caixa Dualogic usada pela linha Fiat até pouco tempo atrás. Em nossa opinião, talvez seria melhor a Fiat ter optado por uma caixa automática convencional aqui, o que oferece muito mais conforto nas trocas. Além disso, o público brasileiro não mostrou-se muito fã das transmissões automatizadas, prova disso é que somente a Fiat parece insistir ainda na tecnologia. O torque máximo de 14,2 kgfm do motor 1.3 pode ser um dos fatores que levou a Fiat a optar pelo automatizado, mas certamente a resposta do público não deverá ser das melhores em relação ao Argo Drive 1.3 GSR.
A partir do Argo 1.3 GSR os controles de tração e estabilidade passam a ser de série no Fiat, sendo que a versão custa R$ 58.900. Como comparação, um Chevrolet Onix LT 1.4 automático é tabelado em R$ 56.790, mas fica devendo a dupla de segurança e tem uma séria restrição de segurança. Porém, o Onix traz uma caixa automática tradicional, que proporciona trocas de marchas bem mais suaves que as do Argo 1.3 GSR.
Se você não pensa mais em ter que lidar com o pedal da embreagem, a solução mesmo é partir para o Argo Precision, que aí sim disponbiliza a transmissão automática convencional trabalhando em conjunto com o câmbio automático de 6 marchas. Ela é tabelada em R$ 67.800, o que é ligeiramente caro para os padrões do segmento, mas conta com os controles de tração e estabilidade, rodas de liga leve de série, central multimídia dentre outros equipamentos. Existe também o Argo Precision 1.8 manual 5 marchas com preço sugerido de R$ 61.800 e, acima deles, a opção esportiva HGT manual (R$ 64.600) e automática (R$ 70.600) que só vale a pena se você fizer muita questão do visual esportivo.
Logo, as versões mais interessantes do Fiat Argo residem nas configurações Drive 1.0 e Precision 1.8 automática ou manual caso você preferir um modelo com “pegada” mais esportiva. O novo Volkswagen Polo 2018, por sua vez, traz uma composição de versões bem mais enxuta.
Polo se destava nas versões turbo
Depois do médio Golf, a nova geração do Polo é o segundo produto da Volkswagen fabricado no Brasil a utilizar a moderna plataforma do grupo alemão para automóveis com motores transversais, no caso a MQB. Com o uso de aços nobres na composição da carroceria, o Polo entrega um nível de comportamento dinâmico, silêncio e segurança ímpares na categoria. Tudo isso mérito da excelente arquitetura que utiliza. Mas nem tudo é perfeito, já que, em especial nas versões de entrada, o novo Polo poderia apresentar um acabamento mais caprichado. Em uma das unidades que avaliamos do modelo chegamos até a encontrar plásticos com rebarbas e o aspecto visual dos materiais utilizados transparecem extrema simplicidade. Se o Argo lembra o Mobi, é inegável a semelhança do Polo com o Gol, o que também gerou vários comentários nesse sentido por nossos leitores. As formas do Polo 2018 são equilibradas e precisas, bem ao gosto alemão.
Para entrar na gama Polo você terá que pagar pelo menos R$ 49.990, o que a VW pede na versão 1.0 MSI. É mais caro que o Argo Drive 1.0, é verdade, mais o Polo 1.0 MSI ao menos conta com 4 airbags de série, o que já é um diferencial relevante pois colabora para a segurança dos ocupantes. Completam a lista de itens de série o alarme, ar-condicionado, vidros elétricos nas quatro portas e o rádio com Bluetooth, CD Player e entradas de mídia. Vale a pena destacar que o Argo Drive 1.0 não conta com nenhum aparelho de som de série.
Quem não abre mão de mais potência e torque pode encontrar na linha Polo a versão intermediária 1.6 MSI, que traz o mesmo pacote de itens de série do Polo de entrada, mas acrescentando o reforço do motor de 117 cv.
É acima da versão 1.6 MSI que o Polo começa a brilhar. Com o reforço do excelente motor 1.0 TSI equipado com turbo e injeção direta, além de estrear a combinação com a transmissão automática de 6 marchas, o Polo Comfortline é uma das melhores escolhas que você pode fazer na linha Polo 2018. Com preço sugerido de R$ 65.190, ele acrescenta os controles de tração e estabilidade, sensor de estacionamento traseiro, computador de bordo, central multimídia com os sistemas Apple CarPlay, Android Auto e MirrorLink, rodas de liga leve, dentre outros. Com mais de 20 kgfm de torque e 128 cv de potência, o Polo 1.0 TSI é um exemplo de como o downsizing de motores é um movimento interessante. Com força de sobra, o Polo Comfortline é um carro com acelerações e retomadas rápidas, ótimo para o uso urbano e rodoviário. O consumo na casa de 11,6 km/l na cidade e 14,1 km/l na estrada com gasolina provam a alta eficiência do conjunto.
A opção mais refinada do novo Polo 2018, a Highline, parte de R$ 69.190 e pode atingir até cerca de R$ 75.000 com todos os opcionais, incluindo o painel de instrumentos totalmente digital, uma inovação para o segmento e até mesmo os carros fabricados no Brasil.
Por serem os hatches compactos mais novos do segmento, Polo e Argo chegam com a missão de superar os modelos já existentes e cumprem a tarefa com louvor.
Em ambos você irá encontrar a concepção moderna de tudo aquilo que um modelo dessa categoria deve entregar para cativar os novos consumidores, com ênfase na tecnologia, eficiência e conectividade.
Com ressalvas para o acabamento em especial nas versões de entrada, o Volkswagen Polo desponta como uma das opções mais interessantes neste momento para quem vai adquirir um hatch, sobretudo nas versões 1.0 TSI com câmbio automático. Seguro, bem construído e eficiente, o hatch da Volkswagen tem tudo para almejar colocações na ponta do ranking de vendas. No que depender do apetite do público, que já registrou mais de 4 mil intenções de compra na pré-venda do modelo, a Volkswagen parece ter acertado na receita.