Volvo XC90 híbrido faz papel ecológico e de esportivo

Versão mais sofisticada do utilitário esportivo sueco chegou ao Brasil em duas versões e preço a partir de R$ 457 mil
Volvo XC90 2017

Volvo XC90 2017 | Imagem: Divulgação

Talvez a Volvo nem precisasse trazê-lo, mas que bom saber que ele está no Brasil. O XC90 T8, versão híbrida do seu modelo mais luxuoso, foi lançado no país nesta semana em mais duas variantes, Inscription e a inédita Excellence, uma espécie de primeira classe em matéria de automóveis.

Antes de entrar nos detalhes do XC90 híbrido, é legal explicar que o SUV de luxo é um símbolo da mudança de estratégia da Volvo no mundo. Depois de se desligar da Ford, a marca, sob os cuidados dos chineses da Geely, retomou as rédeas dos seus produtos e isso se traduziu em veículos elegantes, seguros, mas também muito modernos e prazerosos.

Essa nova era ficará mais acessível com a chegada do novo XC60, modelo da marca mais vendido no Brasil, que desembarca por aqui no segundo semestre, mas quem puder conhecer o XC90 antes terá noção do que estou falando. Como mostramos no AUTOO recentemente na versão diesel, o modelo cativa logo de cara, com um interior de bom gosto e qualidade, uma direção precisa e tecnologia embarcada sob medida.

Então para quê trazer uma versão híbrida se o carro já vende bem (foi líder do segmento entre os SUVs a gasolina)? A marca diz que se os dois XC90 a gasolina são mais acessíveis e os dois a diesel atraem o público que quer uma maior autonomia, o modelo híbrido é para aquele cliente que busca um produto mais exclusivo e com tecnologia de ponta, afinal a economia de combustível, embora significativa, nunca justificaria o investimento extra.

Primeira classe

As duas novas versões, Inscription e Excellence, custam R$ 456.950 e R$ 519.950, mas apenas a primeira foi avaliada. A Excellence é um caso à parte, um veículo desenhado para viajar no banco de trás.

Em vez dos três lugares habituais, apenas dois assentos com vários recursos de conforto como massagem, aquecimento ventilação e a possibilidade de até afastar o banco dianteiro por comando elétrico. Há suportes para tablets, mesinhas retráteis e um isolamento acústico que inclui uma placa de 6 mm de policarbonato no porta-malas capaz de eliminar qualquer ruído vindo de uma bagagem solta. Até o revestimento do teto é especial, para se ter uma ideia.

Embora seja uma versão muito exclusiva, a Volvo diz ter vendido as dez primeiras unidades importadas antes mesmo de o carro ser oficialmente lançado. Como se vê, parece não haver crise nesse patamar de luxo.

Dois motores, duas trações

Para quem busca apenas um SUV grande com propulsão híbrida, o XC90 T8 Inscription é uma opção generosa. Embora o acabamento seja semelhante ao das outras versões (diesel e gasolina) o T8 traz algumas diferenças como a manopla do câmbio em cristal e rodas aro 21 polegadas.

Em relação ao XC90 conservador, o híbrido pouco se diferencia, isso porque, diz a Volvo, ele já foi pensado desde o início do projeto.

Isso quer dizer que não há perdas típicas de versões híbridas adaptadas. Por exemplo, as baterias de íon de lítio ficam no assoalho, bem no que deveria ser o túnel central. Já o motor elétrico, de 87 cv de potência, fica na base do porta-malas e também não afeta sua capacidade que é até maior – 721 litros. A exceção é o tanque menor, com 50 litros em vez de 71, porém, isso se explica pela autonomia extra das baterias.

O XC90 híbrido também é até 154 kg mais pesado que as outras versões, mas isso não afeta o desempenho, pelo contrário, como vamos explicar no final do texto.

A sacada da Volvo em criar esse híbrido está na decisão de separar os dois powertrains do carro. Explicando melhor, o XC90 mantém o motor a gasolina dianteiro e que está conectado apenas ao eixo da frente nesse caso. Já o motor elétrico é responsável pela tração traseira. Ou seja, eles podem trabalhar separados ou em conjunto, dependendo do modo escolhido. São três possibilidades, além das que já existiam no SUV: Pure, Hybrid e Power.

Na primeira, o XC90 funciona apenas com o motor elétrico. Como a bateria não tem uma autonomia muito grande (35 km), a ideia é que o motorista utilize esse modo em pequenos deslocamentos urbanos. Se a tocada for leve, ele utilizará apenas o motor elétrico que, acreditem, tem um torque suficiente para movimentar com boa agilidade o gigante de 2,3 toneladas. Caso seja preciso um desempenho mais ágil o motor a gasolina entrará automaticamente. Para carrega-lo é preciso uma tomada de 220V (a Volvo fornece o cabo) e, dependendo da amperagem, a recarga leva de 2,5 horas a 6 horas.

A Volvo até fez uma continha para mostrar quanto o proprietário do T8 que optar por usar apenas energia carregada em casa ou no trabalho terá em três anos. Se ele rodar 25 km em média por dia isso significa um gasto de R$ 3.960 contra R$ 10.296 de custo com combustível – ou seja, R$ 6,3 mil pra ele gastar com outras coisas.

O modo ‘Hybrid, como diz o nome, é o mais comum. É quando os dois motores estão ‘colaborando’ um com o outro. Se a tocada é leve, o motor elétrico é o escolhido, se é mais forte, o propulsor a combustão assume. Se é necessário recarregar a bateria, há como extrair energia das frenagens ou o motor a gasolina recarregá-la diretamente. Com esse uso, a Volvo diz ser possível atingir mais de 20 km com um litro de combustível, embora o Inmetro fale em números mais modestos, de 15,3 km/l na cidade e 15,8 km/l na estrada.

 
 
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Força G

Se tivesse dinheiro para um carro desse tamanho, eu já estava convencido a ter um XC90 híbrido, mas a cereja do bolo veio no final do test-drive. Um inocente e fugaz teste de aceleração dentro de um pátio no aeroporto Campo de Marte, em São Paulo.

Curioso porque a Volvo nos avisou que no modo Power, que tira toda a força de ambos os motores ao mesmo tempo, o XC90 T8 vai de 0 a 100 km/h em 5,6 segundos. Talvez por não conseguir enxegar esse desempenho num utilitário esportivo pesadão e que tem 407 cv de potência confesso que não esperava pelo pulo que o carro deu ao começar a acelerar.

Sim, o grandão híbrido faz sua cabeça colar no encosto e sentir uma certa tontura causada pela força da gravidade atuando (o sangue se deslocando em seu cérebro). Foi aí que eu processei que acelerar em menos de 6 segundos não é algo tão corriqueiro para esses veículos, sobretudo porque num híbrido o torque é monstruoso: nada menos que 65 kgfm!

Líder em 2017

O mercado de SUVs grandes é modesto no Brasil. Imagine que num país em que se vendem anualmente milhões de veículos mesmo no meio de uma recessão brava, esses utilitários luxuosos não chegaram a 4 mil unidades em 2016. E isso porque não faltam opções, mas os preços elevados acabam restringindo bastante o volume negociado.

Nesse cenário, a Volvo não tem do que reclamar. Este ano, por exemplo, ela já havia vendido até o começo de março cerca de 100 unidades do XC90 em todas as versões, contra 65 do GLE, da Mercedes-Benz, seu concorrente mais próximo. Com as duas novidades chegando agora, não é exagero dizer que o modelo sueco é favorito para terminar em primeiro lugar nos emplacamentos neste ano e não sem razão.

Ficha técnica

Volvo XC90 2017 T8 Inscription 2.0 16V híbrido automático integral 4p
Preço R$ 456.950 (05/2017)
Categoria SUV grande
Vendas acumuladas neste ano 885 unidades
Motor 4 cilindros, 1969 cm³
Potência 407 cv a 5700 rpm (gasolina)
Torque 65,3 kgfm a 2200 rpm
Dimensões Comprimento 4,95 m, largura 2,008 m, altura 1,776 m, entreeixos 2,984 m
Peso em ordem de marcha 2319 kg
Tanque de combustível 50 litros
Porta-malas 721 litros
Veja ficha completa