Vito é sopro de renovação entre os comerciais leves
Veículo da Mercedes-Benz reúne tamanha versatilidade que pode criar um novo segmento no Brasil
A longa vida da Kombi no Brasil acabou criando uma espécie de latifúndio, onde nenhuma outra marca conseguia competir com a Volkswagen. Barata e versátil, a Kombi era imbatível em algumas funções seja para levar passageiros ou carga.
Mas esse tempo acabou com a obrigação de airbags e ABS de série. A ‘velha senhora’, como se sabe, recebeu sua aposentadoria, um tanto que forçada. Sua saída de cena, no entanto, acabou revelando que nosso mercado estava muito mal servido em vários segmentos.
Se fosse para ter um furgão optava-se pelos grandes ou então por veículos de passageiro adaptados. No caso de levar passageiros, novamente os furgões em suas versões com assentos. Já para veículo escolar existia a opção das vans chinesas.
Agora esses clientes poderão encontrar a solução num único veículo, o Vito, que a Mercedes-Benz lançou no Brasil no mês passado. É aquela situação em que você pensa “por que ele não chegou antes?”.
Agora produzido na Argentina, o Vito é conhecido na Europa, mercado onde proliferam essas vans e furgões de médio porte. A grande sacada aqui é que ele dispensa a carteira de habilitação profissional devido ao peso abaixo do limite de 3,5 toneladas. Ou seja, o Vito pode ser guiado pelos donos de um comércio, pelo motorista executivo ou por qualquer funcionário habilitado.
Receitas diferentes
Mas, afinal, qual o segredo do Vito? Não existe nenhum mistério. A van/furgão tem pouco mais de 5 metros de comprimento e distância entreeixos de 3,2 metros, ou seja, é até mais longa que uma Sprinter básica e oferece melhor espaço longitudinal na cabine. Além disso, é mais baixa que sua irmã em quase meio metro.
O resultado é um veículo mais elegante e prático e com acesso mais fácil. Mas não é só. Sua construção é mais sofisticada, com direito a suspensão independente na traseira, freios a disco nas quatro rodas e itens impensáveis nesse segmento como direção com assistência elétrica.
Na parte mecânica, a Mercedes decidiu lançar dois modelos com receitas diferentes. A versão de carga Vito 111 CDI usa um motor a diesel de 114 cv enquanto a Vito Tourer possui um 2.0 litros flex com turbo e 184 cv de potência.
Tem mais: a tração na versão de carga é traseira enquanto na de passageiros é dianteira, para aumentar o espaço interno. Em comum, elas utilizam um câmbio manual de seis marchas e aí está um ponto que pode melhorar: a versão Tourer merece uma transmissão automática, ainda não disponível.
Leve como um automóvel
O AUTOO avaliou a versão Tourer com acabamento Luxo e Comfort. Esta última lembra o que vemos nas vans maiores: bancos inteiriços e simples, incluindo ao lado do motorista. É uma opção válida para transporte de 8 passageiros ou até como van escolar – ela possui inclusive o sistema Isofix.
A Vito Comfort traz rodas de aço e para-choques pretos e não conta com hastes para ajuste dos retrovisores externos – é preciso ajeitar a posição no dedo mesmo. Os bancos são apenas razoáveis, mas a suspensão mais confortável ajuda numa viagem mais longa.
Já a Vito Luxo é um veículo praticamente inédito no Brasil. Com assentos individuais e com revestimento de couro, visual mais sofisticado por fora e retrovisores elétricos, ela tem vocação para o transporte VIP ou mesmo ser uma opção para famílias numerosas.
Para o motorista, a Vito é um alívio. Graças à direção elétrica, as manobras são leves e o veículo, com o potente motor turbo, tem uma agilidade inesperada. Ponto negativo apenas para o câmbio de engates ruins embora o escalonamento de marchas seja equilibrado.
O painel é alto e um tanto rústico, porém, há vários elementos de automóveis da marca como os comandos satélite no volante ou o ar-condicionado eletrônico – com saídas em todas as fileiras. A versão Luxo também tem detalhes em LEDs, como na iluminação interna.
Os bancos podem ser rebatidos para aumentar o espaço interno caso sigam menos pessoas a bordo.
Sozinha como a Kombi
Se a Vito é uma sucessora da Kombi? Não exatamente. A ‘perua’ da Volks, pelo preço na casa dos RS 50 mil, não terá substituto direto, mas a nova van da Mercedes-Benz também estará sozinha num nicho que hoje quase nenhum outro veículo consegue explorar – nem mesmo as chinesas Topic e JAC T8.
Os preços, é verdade, não são tão acessíveis para o consumidor final, mas para empresas e pequenos negócios a Vito pode tornar-se a melhor opção do mercado por enquanto.