Vinte anos depois, Ford Focus deixará de ser produzido na Argentina

Modelo de porte médio sairá de linha a partir de maio e não deve ter substitutos no Brasil
Ford Focus 2019

Ford Focus 2019 | Imagem: Divulgação

A notícia, embora triste, não surpreende: a Ford deixará de produzir o Focus tanto na versão hatch quanto sedã a partir de maio de 2019 na Argentina. É o que adiantaram veículos especializados do país como o Argentina Autoblog e o que Autoo confirmou há pouco com a Ford brasileira.

A razão envolve a “queda na demanda pelo produto e no segmento de sedãs e hatchbacks tanto na Argentina quanto no Brasil”, o que “torna inviável continuar o fabricando como um produto rentável".

O fim da produção ocorre praticamente duas décadas depois de o modelo ser introduzido na região como substituto do Escort. Desde 1999 é fabricado na Argentina quando a primeira geração, então em linha com a versão europeia, chegou aos mercados da região com o estilo “New Edge” e suas linhas diagonais e provocantes.

Com excelente dirigibilidade e plataforma moderna, o Focus teve uma boa aceitação por aqui, mas isso não motivou a Ford a lançar a segunda geração em sintonia com a Europa. Foi preciso esperar a reestilização em 2009 para vermos esse nova leitura do modelo. Já a terceira geração desembarcou na região em 2013, novamente como um projeto global da marca – e que ainda recebeu um leve tapa no visual três anos depois. Este ano a montadora lançou na Europa a quarta geração do Focus e logo a filial sul-americana já fez questão de dizer que o novo carro não tinha a mínima chance de chegar aqui.

O problema é que as vendas tem caído a cada ano que passa e não por culpa do Focus ou qualquer um de seus concorrentes. O problema está ligado à ascensão dos SUVS que roubam mercado dos hatches há bastante tempo e agora já começam a incomodar os sedãs também.

Curiosamente, o Focus passou a vender mais a versão sedã – chamada nos últimos anos de Fastback – que o hatch, algo que era uma espécie de tabu desde os anos 2000. Mas mesmo o modelo de três volumes pouco atrai clientes: em 2018 foram pouco mais de 3 mil carros até agosto, equivalente a menos do que vende o Corolla num mês ruim.

A situação também não ajuda na Argentina, país que tem predileção por carros maiores comparado ao Brasil mas que vive uma crise econômica persistente.

Sobre o veículo que ocupará o espaço deixado pelo Focus na fábrica de Pacheco, a Ford argentina disse ao site que está “analisando vários projeos para o futuro da unidade”. Certamente esse modelo terá de ser um utilitário esportivo se quiser sobreviver na região.

Ricardo Meier

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