Veículos elétricos buscam mais divulgação no Brasil

Salão realizado na cidade de São Paulo mostra veículos e promove debate sobre a difusão da tecnologia no país
Renault Zoe, um dos modelos elétricos que opera no Brasil apenas vendido para empresas

Renault Zoe, um dos modelos elétricos que opera no Brasil apenas vendido para empresas | Imagem: Divulgação

Ao que tudo indica a tarefa não será fácil, ainda mais em um país que vê no etanol a solução de muitos problemas e segue inebriado com os ganhos do petróleo extraido na camada pré-sal. Afinal, como aponta Ricardo Guggisberg, presidente da Associação Brasileira da Veículo Elétrico (ABVE), somente 0,002% de todos os veículos que circulam pelo Brasil são compostos por modelos com propulsão elétrica ou híbrida.

Na tentativa de reverter esse quadro – além de tornar esses veículos mais próximos do público – a ABVE realiza até amanhã, sábado, a 12ª edição do Salão Latino-Americano de Veículos Elétrico, Componentes e Novas Tecnologias. Realizado no pavilhão amarelo do Center Norte, na cidade de São Paulo, o público não precisa pagar para entrar e tem acesso a bicicletas elétricas, diciclos, monociclos, scooters, skates, além de conhecer veículos pesados e projetos de várias instituições de ensino envolvendo produtos com propulsão alternativa. O interessante é que a organização preparou duas áreas, uma com 150 m² e outra de 850 m² onde é possível avaliar alguns desses veículos.

“Nós queremos chamar a atenção para a necessidade de investimentos na eletromobilidade caso contrário vamos perder o bonde da história”, declarou Guggisberg na cerimônia de abertura do evento. “Sem esses incentivos nossa indústria começa a perder o interesse nesse tipo de tecnologia e é só aumentando a demanda que vamos gerar o volume necessário para que possamos fabricar até carros elétricos no Brasil”, completou o responsável pela ABVE.

Nesse sentido, o secretário de transportes da cidade de São Paulo, Jilmar Tatto, antecipou que a capital paulista vai ter um programa de compartilhamento de veículos e estuda a possibilidade de que ele seja baseado apenas em carros elétricos. A ABVE, por sua vez, aproveitou o salão para lançar o Projeto Zona de Mobilidade Urbana Verde, que prevê a criação de áreas específicas nas cidades, em especial em zonas centrais com grande movimentação de pedestres e automóveis, onde será estimulado o uso de veículos de baixa (ou zero) emissão. Um projeto semelhante já foi aplicado na cidade de Santiago, no Chile.

Claro que tudo isso ainda depende da solução de uma série de entraves que ainda freiam a disseminação dos carros elétricos e híbridos no Brasil. “É necessário criarmos um plano para desenvolver a infra-estrutura necessária para recarregar os carros elétricos e que contemple o uso de energia limpa, caso contrário nada fará sentido. Além disso, também se faz necessário divulgar o marco regulatório para carros elétricos e híbridos no Brasil, já desenvolvido pela AEA”, explicou Edson Orikassa, presidente da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA) e gerente de regulação ambiental da Toyota.

Também presente na cerimônia de abertura do 12º Salão Latino-Americano de Veiculos Elétricos, o vereador paulistano Mário Covas Neto, um dos integrantes da Frente Parlamentar de Sustentabilidade da cidade de São Paulo, revelou que não esconde o “sonho” de ver São Paulo com um plano a longo prazo de permitir que no centro expandido da cidade somente carros elétricos possam circular, uma medida já em vias de ser adotada por grandes cidades europeias. “Por que não pensar em vias só para carros elétricos? Podemos trabalhar em conjunto com locadoras e estacionamentos para que as pessoas deixem seus carros a combustão e troquem por elétricos ao entrar no centro da cidade. Mas isso é para um futuro distante. De qualquer forma, a poluição hoje é um problema de saúde e pode se tornar algo ainda mais grave se não a reduzirmos”, declarou o político.

Entre os carros levados para a mostra, a Toyota aproveitou para colocar em seu estande a nova geração do Prius, bem como estacionou ao lado o Lexus CT200h, outro híbrido, porém de sua marca de luxo.

A chinesa BYD conta com dois destaques interessantes, porém ainda bem caros. Um deles é a minivan e6, de propulsão totalmente elétrica, porém com preço sugerido de R$ 270.000. “Ainda é cara porque temos o custo da bateria, mas a tendência é que, com alguns incentivos como a isenção de IPI o valor pode cair para algo em torno de R$ 190.000”, explicou um porta-voz da empresa. Outro produto é um veículo para uso comercial, pensado para realizar entregas na cidade, com preço na casa de R$ 300.000.

O grande apelo de veículos elétricos, como a minivan e6 adaptada para o uso de taxistas, é o menor custo por quilômetro rodado dos carros elétricos, que gira em torno de um terço do que o proprietário de um carro convencional com motor a combustão tem que gastar.

Se os carros ainda estão longe de contar com um preço acessível, ao menos os expositores promete para o último dia do evento (sábado, dia 3), comercializar produtos como bicicletas, skates e demais veículos do tipo com descontos que podem superar os 30%.

SERVIÇO

12º Salão Latino-Americano de Veículos Elétricos, Componentes e Novas Tecnologias

Local: Expo Center Norte, Pavilhão Amarelo – São Paulo (SP)
Dias: de 1 a 3 de setembro
Horário: das 12h às 20h
Entrada: Gratuita, sendo necessário inscrever-se no site do evento