Um novo Toyota SW4 a peso de ouro
Avaliamos a terceira geração do SUV grande da Toyota, que tem preço de carro de luxo
Ele passou a ser um produto, digamos, à parte da Toyota Hilux. Agora na terceira geração, o SW4 tem nome próprio e visual diferente em relação à picape, mas as diferenças param por aí. Por dentro, o painel, a central multimídia, o console central... tudo é igual ao que a gente encontra na nova geração da Hilux.
Outra coisa que o SW4 também compartilha com a irmã é o preço. Se a nova geração da Hilux deixou muita gente de boca aberta ao ver a lista de preços, o SW4 vai além e passa dos R$ 200 mil sem fazer cerimônia. Ou melhor, exatos R$ 225.000 na versão SRX 4x4 com motor 2.8 diesel e 7 lugares. E é justamente essa opção que deverá responder por 75% do mix de vendas do utilitário que o AUTOO avaliou por estradas no interior de São Paulo.
Mas antes vamos falar mais um pouco sobre o mercado. O principal oponente do Toyota SW4 é o Chevrolet Trailblazer, que, em uma configuração equivalente, é tabelado em R$ 192.090. Note que estamos falando de uma diferença que supera R$ 30.000, quantia suficiente para comprar um compacto seminovo. Já indo para a linha da Mitsubishi, a marca japonesa oferece o Pajero HPE diesel, também com 7 lugares, por R$ 192.990. Então, fica a pergunta, o que o SW4 2016 oferece de tão especial para custar tanto?
Esmiuçando o novo SW4
Vamos aos pontos positivos do Toyota. O motor 2.8 diesel pertence à família mais recente da marca e entrega 177 cv a 3.400 rpm e 45,9 kgfm de torque a apenas 1.600 rpm. Os fãs de números vão argumentar, com razão, que o 2.8 do Chevrolet Trailblazer com 200 cv e 51 kgfm de torque, assim como o 3.2 de 180 cv do Mitsubishi Pajero, entregam bem mais, porém vale a pena elogiar a forma impecável com que o propulsor do SW4 trabalha.
Com pouco ruído e praticamente nenhuma vibração transmitida para os passageiros, a Toyota cumpriu algumas premissas declaradas do projeto do novo SW4, tais como mais conforto de rodagem e uma boa vedação acústica. Só que, mais uma vez, será difícil em meio a concorrentes tão fortes desbancar o que a objetividade dos números deixa transparecer.
Além disso, o Chevrolet Trailblazer também conta com câmbio automático de 6 marchas (5 no Mitsubishi Pajero ) e o importante controle de estabilidade, um ponto em que a Toyota destaca como um dos diferenciais do SW4. E, seguindo na comparação com o Trailblazer, o sistema de rebatimento da terceira fileira de bancos do Chevrolet é bem melhor, colocando os assentos embutidos no assoalho.
No SW4 eles seguem dobrados nas laterais do porta-malas quando não estão em uso. Segundo a Toyota, a marca achou melhor não adotar uma solução semelhante à da Chevrolet para não comprometer o ângulo de saída do SW4. Algo um tanto quanto difícil de entender, já que ninguém vai dizer que o Trailblazer deixa a desejar nesse quesito.
Independente do jeito em que os bancos estão instalados, acomodar dois adultos ali só com muito boa vontade, já que o espaço ali é bem restrito. Só crianças ou pessoas de baixa estatura conseguem encarar uma viagem mais longa por ali. O acesso à terceira fileira de bancos, contudo, é bem fácil graças ao sistema de rebatimento revisto. Além disso, todas as fileiras de assentos contam com saídas de ar-condicionado, o que é importante em regiões mais quentes.
Por falar em porta-malas, uma conveniência interessante do SW4 é o mecanismo de abertura e fechamento elétrico do porta-malas, recurso não oferecido nos rivais. Ainda sobre as particularidades do Toyota, merece destaque o farol com iluminação por LED para os fachos alto e baixo, um dos sistemas mais modernos disponíveis para iluminação automotiva.
Segundo a Toyota, o SW4 2016 conta com um novo chassi (20% mais rígido em relação ao antecessor). Sua estrutura também conta com mais aços de alta resistência e quantidade de pontos de solda aumentou em 66 locais, tudo em nome da segurança, durabilidade do conjunto e suavidade ao rodar. Pensando na parte dinâmica, a suspensão traseira foi rebaixada em 20 mm. No geral, o novo SW4 ficou 9 cm mais longo (4,79 m), 1,5 cm mais largo (1,85 m) e perdeu 1,5 cm na altura (1,83 m), bem como 0,5 cm no entre-eixos (2,74 m).
Acelerando o jipão
Para quem assume o volante, o SW4 pula menos que a Hilux em pisos irregulares, assim como o comportamento dinâmico em geral é bom, mostrando-se tão estável como a picape. Por mais que o modelo tenha recebido um bom pacote de segurança, como o já citado controle de estabilidade, o utilitário também recebeu os assistentes de descida e reboque, além do controle de tração. Mesmo assim, é sempre bom lembrar que o SW4 é um modelo de grande porte e requer mais cuidado na condução. Na versão SRX avaliada, o banco do motorista conta com regulagens elétricas. Chave keyless e partida por botão também completam a lista de itens de série.
As respostas da direção ficaram bem mais precisas, lembrando às da Volkswagen Amarok, só que o câmbio automático no modo sequencial tem o péssimo hábito de ignorar alguns comandos do motorista, só efetuando as trocas quando ele julga qual é o melhor momento. Sendo assim, você acaba nem animando em utilizar as novas borboletas para troca de marcha no volante. De qualquer forma, deixando a transmissão trabalhando em Drive, o SW4 é silencioso e responde bem as solicitações do acelerador. Somando isso ao bom consumo e a maior autonomia proporcionada pelo diesel, dificilmente você vai querer optar pelo SW4 com motor V6 a gasolina. Logo, não é por acaso que a versão topo de linha tende a ser a mais procurada como já mencionamos no começo do texto. A opção flex chegará no segundo semestre, acrescentou a Toyota durante o lançamento.
De R$ 205 mil a R$ 225 mil SUV grande Chevrolet TrailBlazer e Mitsubishi Pajero HPE 8.672 unidades 2.8 turbodiesel 177 cv a 3.400 rpm 45,9 kgfm a 1.600 rpm Automática de 6 velocidades 4,279 m de comprimento, 1,86 m de largura, 1,84 m de altura e 2,75 m de entreeixos 2.130 kg não disponívelToyota SW4 SRX 4x4 diesel 7 lugares 2016
Resumo
Preço
Mecânica
Motor
Dimensões
Medidas
Por dentro uma das novidades do SW4 SRX até mesmo em relação à Hilux é o interior com revestimendo de couro na tonalidade marrom. Além disso, há alguns detalhes no volante e no console central que seguem o padrão madeira, segundo a Toyota, para formar um melhor contraste. Uma coisa que nos chamou a atenção durante a avaliação é que, apesar de contar com um porta-copo na lateral da porta traseira, você precisa fazer uma certa ginástica para colocar ou retirar a bebida que está acomodada ali pois a lateral do banco acaba cobrindo o local. Algo que poderia ser readequado.
O prazo de garantia do SW4 segue com 3 anos ou 100 mil quilômetros, como é comum a linha, e ele ganhou mais duas opções de cores: o Branco Pérola e o Marrom Metálico. Além disso, a Toyota vai oferecer 32 acessórios para o SW4, como assento de segurança para crianças com fixação pelo sistema Isofix, suporte para tablet, dentre outros.
Com uma ótima reputação no mercado, aliada ao “fator novidade”, não é difícil crer que o novo SW4 deverá seguir firme na liderança do segmento que ocupa. Porém, considerando o novo patamar de preço onde ele quer atuar, talvez vários clientes acostumados com o Toyota possam olhar com mais carinho para o rival na concessionária ao lado. Ou, quem sabe, até mesmo resolver migrar de vez para uma marca de luxo como a Land Rover, que oferece o interessante Discovery Sport com 7 lugares e motor a diesel por um preço não muito distante. No raciocínio dos executivos da marca, contudo, o valor do SW4 2016 é justificável pois ele ficou “apenas 4,8% mais caro mesmo com todas as melhorias recebidas”. Vamos ver, daqui em diante, se os consumidores também concordam com esse ponto de vista.