Um Honda Civic de R$ 125.000 vale a pena?

Confira nossa avaliação da décima geração do sedã em sua versão topo de linha
Honda Civic 2017

Honda Civic 2017 | Imagem: Divulgação

Finalmente ele já vai chegar às lojas. A décima geração do Honda Civic tem tudo para ser aclamada o principal lançamento de 2016 e ele já começa com uma peculiaridade bem interessante. Aproveitando a onda dos Jogos Olímpicos e a medalha conquistada pelo brasileiro Thiago Braz, a gente pode dizer que a Honda também decidiu elevar o sarrafo dos sedãs médios.

Nós explicamos. Além das versões EX, EXL e Sport, o grande destaque do Civic 10 vai para a configuração Touring, que estreia o motor 1.5 turbo a gasolina (não deve demorar muito para virar flex) em um carro fabricado pela Honda no Brasil. Seu preço é tabelado em R$ 124.900 e mesmo assim a Honda tem planos ambiciosos para ela. A ideia é que o Civic Touring responda por cerca de 28% do mix de vendas. Logo, das 3.000 unidades/mês que a Honda espera colocar nas ruas do novo Civic, aproximadamente 840 terá o motor turbo sob o capô. O Toyota Corolla, atual líder disparado do segmento, vende quase o dobro do volume estimado para o Civic 10. 

O que vêm além do turbo

Por se tratar da versão mais sofisticada para o Civic, a opção Touring conta não só com alguns equipamentos exclusivos, como algumas diferenças técnicas para as demais versões do Civic 10, como o para-brisa acústico, as buchas hidráulicas para a suspensão traseira e um cuidado ainda maior com a vedação acústica. De fato, o Civic mostra-se um carro bem silencioso, com aquela agradável sensação de fechar os vidros e se sentir em uma “bolha”, isolado do mundo, como a gente encontra em veículos de luxo.

Na lista de série o Civic Touring ainda conta com o LaneWatch, recurso que o Accord estreou por aqui em que uma câmera posicionada no retrovisor esquerdo projeta a imagem na tela da central multimídia para evitar o surgimento de pontos cegos. Só no Civic topo de linha você também encontra os faróis full LED, que conferem um belo visual para a dianteira, além de teto solar, banco do motorista com ajuste elétrico, acabamento interno com detalhes em aço escovado, dentre outros.

Mas será que isso é suficiente? Um concorrente direto do Honda Civic, renovado recentemente, entrega muito mais. Tabelado em R$ 107.450, portanto R$ 17.450 a menos que o Civic Touring, o Chevrolet Cruze na versão “LTZ+” conta com o prático assistente de estacionamento, que controla o volante na hora da baliza, farol alto adaptativo, assistente de permanência em faixa, alerta de colisão frontal e até carregador wireless. Isso sem falar no start-stop, algo indisponível no Civic 10. Temos aqui, portanto, uma diferença e tanto a favor do Cruze no custo-benefício.

Se explicando ao rodar

Infelizmente a Chevrolet até o momento não cedeu o Cruze para uma avaliação do AUTOO, portanto não sabemos como ele se comporta ao rodar, porém esse é um campo onde o Honda Civic, que ficou até 22 kg mais leve e ganhou em 25% na rigidez torcional, deve cativar seus potenciais clientes.

Apesar de considerarmos comedido o torque de 22,4 kgfm que a Honda tira de seu 1.5 turbo (talvez para “segurar” o consumo), o câmbio CVT ajuda a dar respostas rápidas ao Civic Touring quando pressionamos com mais força o pé direito no acelerador. A posição de dirigir com proposta esportiva, rente ao chão e mais horizontal, além da direção rápida e com peso certo, tornam o Civic um sedã médio de caráter bem diferenciado em relação a um Toyota Corolla Altis, por exemplo, o qual foi pensado para entregar mais conforto.

Fica claro que a Honda buscou no Civic 10 retomar parte do brilho notado na oitava geração, que tinha uma “pegada” claramente mais voltada ao prazer ao dirigir. De qualquer forma, os fãs de conforto não terão do que reclamar a bordo do Civic Touring. Além de muito espaçoso na parte traseira, o teto baixo não tira espaço para a cabeça de passageiros mais altos e o Civic passa, na medida do possível, incólume por buracos e imperfeições do piso. Sem dúvida nenhuma o Civic Touring tem a suspensão mais refinada do segmento.

Voltando para a parte interna, a cabine do Civic parece que levou um planejamento de décadas para ser terminada tamanha é a boa ergonomia e a posição correta de porta-objetos e porta-copos. A única crítica para para as entradas USB e HDMI presentes na versão Touring. Elas seguem o estilo adotado no Honda HR-V e fica em um tipo de “andar de baixo” do console central, o qual é difícil para ser visualizado e acessado. Pelo menos existe um prático passa fio ligando os dois níveis do compartimento, o que lhe permite deixar um cabo conectado de forma discreta.

O console central merece um capítulo à parte. Só ele conta com capacidade para 7,2 litros de bagagem, suficientes para acomodar até mesmo um tablet ou garrafas de água de 1,5 litros. O compartimento pode ser coberto pelo descansa-braço central, uma ideia brilhante do pessoal da Honda.

Maior, mais largo e mais baixo, o Civic 10 com certeza vai chamar muito a atenção nas ruas em especial logo após o início das vendas. O design no geral agrada bastante e nos pareceu bem melhor “ao vivo” do que nas fotos. Agora abraçando de vez o estilo cupê 4 portas, é inegável que o Civic tem o visual mais arrojado entre seus concorrentes.

Para quem é fã do Civic e conhece o modelo há um bom tempo, vai notar a falta do painel em dois níveis, separando o velocímetro do conta-giros, e a volta do túnel central traseiro. Segundo a Honda, a medida foi necessária para compensar a nova proposta do carro, que ficou bem mais baixo, e precisou ganhar novos reforços estruturais. Contudo não é nada que comprometa o bom espaço para quem ocupa a segunda fileira da bancos. Já o painel de instrumentos, por sua vez, não deixa muita saudades do cluster anterior ao reunir as principais informações em um campo único, no centro, totalmente digital. Ali é possível configurar, junto com o conta-giros e o velocímetro, as informações do computador de bordo, do navegador, dentre outras. Algo bem prático e de fácil visualização.

Também pratica é a central multimídia de 7”, que além do GPS conta com os sistemas Apple CarPlay e Android Auto e até entrada HDMI. Além disso, ela também exibe as imagens da câmera de ré que trabalha com três opções de ângulo. Os antigos donos do Civic também vão notar uma mudança importante: agora a abertura interna da tampa do porta-malas é feita por um botão na parte inferior da porta do motorista, já o tanque de combustível pode ser acessado apenas destravando as portas. O freio de mão com acionamento elétrico também é um recurso de conveniência interessante. 

Recurso presente desde a 9ª geração, o novo Civic segue com a função “Econ” que pode ser acionada por meio de um botão perto do câmbio e ajusta algumas funções do carro, como o funcionamento do ar-condicionado, para trabalhar da forma mais econômica possível. Segundo o Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular, o Civic Touring consegue alcançar médias de 12 km/l na cidade e 14,6 km/l na estrada.  

 

Honda Civic Touring 1.5 turbo

  • Resumo

    Preço

    R$ 124.900

    Categoria

    Sedã médio

    Rivais

    Toyota Corolla, Chevrolet Cruze, Nissan Sentra, Ford Focus Fastback

    Vendas em 2015

    31.101 unidades

  • Mecânica

    Motor

    1.5, turbo, gasolina

    Potência

    173 cv a 5.500 rpm

    Torque

    22,4 kgfm a 1.700 rpm

    Transmissão

    Automática, CVT

  • Dimensões

    Medidas

    4,63 m de comprimento, 1,79 m de largura, 1,43 m de altura e 2,70 m de entre-eixos

    Peso

    1.326 kg

    Porta-malas

    519 litros

 

É bom. Mas vale a pena?

O grande problema do Civic Touring chama-se mercado. Além do custo-benefício bem mais favorável do Chevrolet Cruze, seu concorrente direto, é interessante citar que por R$ 148.900 é possível levar para casa um Mercedes-Benz Classe C em sua versão de entrada. Será que isso não é algo que vai passar pela cabeça de alguém que está com R$ 125.000 para comprar um Civic Touring?

Talvez não por acaso a Honda seguiu os passos da Toyota e também aproveitou o lançamento do Civic 10 para apresentar o seu “plano Unic”, sistema de financiamento flexível em que é possível fornecer uma entrada de no mínimo 30% do valor do carro, financiar parte do valor do Civic em até 36 parcelas e, ao fim do período, deixar uma parcela residual de até 30% do valor do carro para ser quitada. O tipo de financiamento contará com a recompra do carro garantida pela rede Honda.

Talvez o Civic Touring justificasse seu preço se ao menos contasse com um pacote de equipamentos tão bom quanto o do Cruze LTZ com todos os opcionais. Somando isso à excelente qualidade dinâmica e construtiva do Honda, aí sim seria possível justificar o valor cobrado. Contudo, sabendo da boa reputação tanto da marca quanto do Civic em nosso mercado, é bem possível que a Honda atinja com facilidade a meta de vendas estabelecida para o Civic em sua versão mais cara. A partir de setembro, com o início das vendas, vamos testar a receptividade do mercado.

 
 
Honda Civic 2017
 
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