'Toyota Stout': o que há de real e fantasia na picape rival de Toro, Montana e cia?

Um site que supostamente deveria cobrir o setor de gás e petróleo publicou um texto apelativo e com indícios de uso de IA para fazer especulação com a “Toyota Stout”, uma suposta picape de porte semelhante à Fiat Toro que a marca japonesa pode lançar no mercado.

Como tem sido hábito em tempo de algoritmos malucos determinando pautas de conteúdo, o foco aqui não é informar e sim causar emoções e chamar a atenção, gerando cliques e receita publicitária.

Mas, afinal, o que há de real e fantasioso na hipotética picape abaixo da Hilux? Bem, a Toyota certamente estuda o segmento, que tem crescido nos últimos anos com modelos como a Hyundai Santa Cruz e a Ford Maverick nos EUA, que estão crescendo nas vendas de forma lenta até aqui.

Mercado em alta

No Brasil, onde a categoria nasceu com a Renault Oroch, a Fiat domina com a Toro e agora o grupo Stellantis tem ainda a Rampage. A Chevrolet, por sua vez, inflou a nova Montana, que trafega por uma faixa entre Strada e Toro.

Somadas elas emplacaram até maio cerca de 45 mil unidades, 57% a mais do que no mesmo período de 2019. Ou seja, não é um segmento nem um pouco desprezível.

Imagem: Divulgação

A Toyota deu a maior demonstração de interesse nesse tipo de produto com o conceito EPU apresentado no Salão de Tóquio, mas que chega a ter entreeixos maior que a Hilux e usaria propulsão elétrica.

Embraer quis ficar com nome Stout no Brasil

Outra incerteza é quanto ao nome. Stout foi usado para batizar uma pequena caminhonete da Toyota produzida até o final dos anos 90, mas a marca não associou a denominação ao conceito.

Apesar disso, registros de marcas em institutos de propriedade industrial alimentaram a especulação sobre isso.

Curiosamente, no Brasil a Toyota tem o registro do nome “Stout” desde 1973. No ano passado, quando a marca estava prestes a “caducar”, a Embraer deu entrada em um processo para tentar ficar com o nome, que seria usado numa linha de aviões utilitários híbridos.

No entanto, a Toyota recorreu e conseguiu manter a propriedade até pelo menos 2028.

Imagem: Divulgação

Chassi monobloco

Em meio a tantos artigos e vídeos distorcendo e fazendo afirmações incorretas e infladas sobre o assunto, vale recorrer a fontes seguras, como a revista Motor Trend e o site Automotive News.

Em junho de 2022, portanto bem antes do conceito surgir, uma entrevista para a revista com dois executivos da Toyota nos EUA trouxe informações confiáveis.

A dupla admitiu que uma picape abaixo da Tacoma (e também da Hilux) seria um produto possível. Bob Carter e Cooper Erickson, vice-presidentes de vendas e de produto e planejamento, afirmaram também que o veículo poderia usar a plataforma TNGA, de chassi monobloco em vez de uma solução tradicional com carroceria separada.

Em fevereiro, o Automotive News publicou imagens de unidades da Maverick e da Santa Cruz sendo testadas por engenheiros da Toyota nos EUA. Em declaração ao site, o CEO da marca no país admitiu estudos sobre um veículo dessa categoria, mas que o nível de eletrificação era a grande dúvida.

Imagem: Jeremy/CC

Siga o AUTOO nas redes: WhatsApp | LinkedIn | Youtube | Facebook | Twitter

Em se tratando de Toyota, qualquer decisão é sempre lenta e com horizonte de longo prazo. Basta ver o tempo em que o Yaris Cross levará para chegar ao mercado. Desde 2017, há relatos de estudos sobre ele, segundo um documento ao qual AUTOO teve acesso na época.

Não é por menos que uma picape compacta/média da marca só é esperada para daqui dois ou três anos. Se de fato a direção da companhia japonesa der luz verde para o projeto.

Enquanto isso é melhor tomar cuidado com “manchetes” espalhafatosas que você vê por aí.