Piloto analisa o que muda entre um Corolla convencional e sua versão para Stock Car
Campeonato Brasileiro de Stock Car começa neste fim de semana e traz o sedan como um dos destaques
Uma das boas atrações da etapa de abertura da temporada 2020 do Campeonato Brasileiro de Stock Car, marcada para este domingo (26/07), às 11h30, no Autódromo Internacional de Goiânia, será a estreia do novo Toyota Corolla, que será utilizado por oito dos 24 pilotos que devem alinhar no grid. Com transmissão ao vivo pela SporTV, a partir das 11h15, haverá duas provas, sendo a segunda com largada prevista às 12h23.
O Toyota Corolla enfrentará nas pistas um de seus rivais no segmento de sedans médios, o Chevrolet Cruze. Veículo mais comercializado no mundo, no ano passado o Toyota Corolla ficou em 14º lugar em vendas no nosso mercado, somando 56.726 unidades. Ele foi novamente o primeiro do pódio entre os sedans médios, superando, em muito, o Cruze, que foi o 44º colocado na classificação geral, com um total de 17.829 carros vendidos.
Em termos de características técnicas, nos modelos produzidos em série, o novo Toyota Corolla perde um pouco para o Chevrolet Cruze, quando comparados nas versões com motores flex (gasolina e etanol) não eletrificados. Equipado com motor 2.0 16V com 177 cv de potência e 21,4 kgmf de torque, o carro japonês acelera de 0 a 100 km/h em 9,9 segundos e não tem velocidade máxima divulgada pela fábrica. Já o Cruze, da Chevrolet, com o motor 1.4 turbo oferece 153 cv de potência e 24,5 kgmf de torque, acelera de 0 a 100 km/h em 9 segundos e alcança 214 km/h de velocidade máxima.
Mas se o Toyota tem um retrospecto consagrado no mercado e é muito bem aceito pelo público, apesar de ficar um pouco atrás do Cruze em desempenho, na pista estes atributos pouco importam. Tanto o novo Stock com plataforma do Corolla e o com a carroceria do Cruze utilizarão exatamente o mesmo motor 6.8 V8 movido a etanol, capaz de entregar 460 cv de potência e torque de 61,2 kgfm em utilização normal, podendo atingir 550 cv e torque de 71,4 kgfm com o push to pass (botão de ultrapassagem) acionado.
Assim, o desempenho de cada modelo, seja ele Corolla ou Cruze, dependerá muito mais do desenvolvimento das equipes e das atuações dos pilotos durante toda a temporada. Mesmo porque o Cruze utilizado no ano passado tinha uma carroceria de fibra de vidro (tipo bolha), separável em três partes, ao contrário do que ocorre agora com os dois novos modelos que são monoblocos e compostos por chapas de aço originais fornecidas pela Chevrolet e Toyota.
Entre as disputas de equipe, o Cruze larga com certa vantagem pois é o modelo que será utilizado pelo time campeão das três últimas temporadas, o Eurofarma RC, com o tricampeão Daniel Serra. E conta ainda com a participação também do bicampeão Ricardo Maurício, que foi o vencedor da última Corrida do Milhão.
Já o Corolla tem como um dos seus maiores trunfos o fato de ser o único que terá ex-pilotos de Fórmula 1 em seu comando, como Rubens Barrichello, defendendo a equipe Full Time Sports, e Ricardo Zonta, na segunda equipe da RC, que terá ainda como piloto a maior revelação da temporada passada, Bruno Baptista, atualmente com 23 anos e vencedor de uma das provas no autódromo Velo Città, no interior de São Paulo.
Em Curitiba, Bruno Baptista pilotou pela primeira vez o novo Toyota Carolla com monobloco. Ele adianta que “o chassi do carro atual foi encurtado em 6 cm para encaixar a carroceria, o que reduziu a distância entre eixos de 2,80 m do Stock antigo para 2,74 m do meu Toyota”.
Isso ainda é mais do que os 2,70 metros encontrados no sedan japonês em sua versão comercial, mas foi o suficiente para proporcionar mudanças no comprimento (-15 cm) e na altura (+1,5 cm) em relação aos Stock de 2019. Como a largura do modelo de competição é bem maior que a de um carro de rua, extensores de fibra de vidro foram aplicados nas portas e nos para-lamas do carro.
“O novo aerofólio traseiro ficou 10 cm mais estreito e, a partir deste campeonato, os carros terão de respeitar uma altura mínima do solo de 6 cm. Antes a medida era livre. Isso porque o assoalho também mudou. Saíram as chapas de fibra de carbono com elementos e extratores aerodinâmicos, entraram as de metal e madeira, totalmente planas”, revela o piloto da equipe Toyota RCM Racing.
Equipado com câmbio de dupla embreagem de seis marchas sequenciais e automatizadas, com trocas feitas manualmente por meio de borboletas atrás do volante, o Toyota Corolla agradou o jovem piloto nos três treinos de 40 minutos que fez ao longo do dia na pista paranaense, no fim de junho.
“Gostei do novo carro, mas como ficou propositadamente com menor carga aerodinâmica (downforce), em relação ao da temporada passada, a sua pilotagem ficou mais arisca. Ou seja, certamente vai dar mais trabalho para os pilotos e a própria equipe para se encontrar a melhor aerodinâmica possível entre as retas e curvas de qualquer circuito”, já adianta Bruno.
Bruno também acha que “o público vai gostar mais das corridas deste ano porque o carro está mais barulhento. É claro que isso só depois mesmo que for liberada a entrada de pessoas nos autódromos”.
Quanto ao interior, o Stock Toyota Corolla tem banco tipo concha do piloto e volante com aros laterais, ao estilo F1, com pequenos mostradores digitais que exibem números como marcha engatada, tempo de volta e quantidade de botões de ultrapassagem disponíveis. Destaque ainda para os painéis de fibra de carbono e policarbonato no lugar do vidro nas janelas laterais e traseira do carro normal.
Em relação ao desempenho final, Bruno gostou do comportamento do novo motor, mas comentou que “com o maior peso da carroceria atual, o tempo de volta deve piorar um pouco. Mas isso, por outro lado, é bom pra equilibrar ainda mais o desempenho entre todos os carros. Se a Stock já era boa antes, imagine como não vai ficar agora com os carros andando ainda mais próximos. Adianto para os fãs da categoria que vão vibrar muito na frente da TV em casa”.