Toyota confirma produção de novo veículo nacional em 2021
Modelo deverá marcar sua estreia no segmento de SUVs compactos, embora marca tenha evitado dar detalhes em anúncio no Japão
Antecipado pelo governador do estado de São Paulo João Doria na semana passada, o anúncio de investimentos de R$ 1 bilhão na fábrica da Toyota de Sorocaba ocorreu nesta quinta-feira (19) na sede da montadora no Japão.
O valor deverá ser usado para produzir um inédito SUV compacto, embora a marca tenha se negado a dar detalhes sobre o modelo em questão. Documento que o Autoo teve acesso anos atrás, no entanto, revelava que a empresa iria lançar não só o Yaris como um “utilitário esportivo a partir de 2020”. A escolha da unidade de Sorocaba é natural já que se trata da maior fábrica no Brasil e que possui espaço para futuras ampliações.
“O compromisso da Toyota com o desenvolvimento da indústria automotiva brasileira e com o Brasil só é possível com uma parceria forte entre os vários stakeholders da empresa. Esse anúncio de mais um investimento que fazemos no Brasil é o resultado do trabalho conjunto de nossos colaboradores, fornecedores, concessionários, sindicatos e o governo e reforça nossa visão de longo prazo no País”, disse Masahiro Inoue, CEO da Toyota para a América Latina e Caribe.
A Toyota tem o hábito de ser cuidadosa ao entrar em novos segmentos e essa característica pode ser notada também no projeto do seu SUV compacto. Mesmo fabricando veículos no Brasil desde meados dos anos 90, a montadora só decidiu entrar na disputa dos compactos em 2012 com o Etios. Já o Yaris, um modelo intermediário, foi cogitado por muitos anos até que estreasse em 2018.
Assim como eles, o inédito utilitário esportivo chegará ao mercado em um período em que todas as marcas mais importantes já têm representantes nessa que é a categoria que mais cresce no Brasil. Mas certamente será um modelo com potencial de figurar entre os mais vendidos do segmento.
Lacuna no portfólio
Segundo rumores, com o maciço investimento na unidade de Sorocaba, a Toyota pode nacionalizar a nova plataforma GA-B, apresentada recentemente e destinada a modelos compactos. Não será surpresa, contudo, se esse veículo aproveitar componentes dos modelos hoje em produção como o Yaris e o Corolla, algo que sua rival Honda fez com o HR-V. Vale a pena destacar que a unidade da Toyota em Indaiatuba (SP) foi aprimorada para receber a arquitetura GA-C e produzir o novo Corolla no Brasil. As duas plataformas estão dentro da nova "filosofia de produção" TNGA, como a marca caracteriza.
Por falar nele, eis uma boa razão para a falta de pressa da Toyota em ter um SUV pequeno, a concorrência interna predatória. Desde que o HR-V chegou ao mercado o sedan Civic não vende mais o mesmo. Algo semelhante deverá ocorrer com o Corolla, que tende a perder parte do seu público. Como a nova geração acaba de chegar ao Brasil seria um contrassenso lançar um SUV meses depois.
Resta saber qual serão as motorizações que o novo veículo utilizará. Se há pouco dúvida sobre as características gerais do modelo, como suspensão traseira por eixo de torção e pacote bastante completo de auxílios eletrônicos, pensar em um motor potente e econômico capaz de tornar um SUV eficiente é sempre um problema.
É certo que a montadora irá levar a tecnologia híbrida flex à frente, e o motor 1.8 pode ser uma opção. No Corolla, a versão híbrida pesa 1.400 kg, pouco mais que o HR-V Touring 1.5 turbo, por exemplo. Mas a Toyota não aderiu à onda dos motores de três cilindros nem em oferecer turbo com injeção direta para uma receita mais eficiente. Em vez disso, ela monta no Brasil os motores 1.3 e 1.5 aspirados que equipam o Etios e o Yaris e que rendem no máximo 110 cv. Por outro lado, a transmissão CVT é praticamente uma obrigação.
Ao estrear em 2021, o futuro SUV da Toyota chegará numa época em que dois dos modelos mais icônicos do segmento estarão próximos de uma mudança de geração, o Jeep Renegade e o Honda HR-V, isso sem falar em outros concorrentes importantes como o Creta e o Kicks.
Ou seja, a Toyota precisa estrear na categoria em grande estilo e já prevendo as jogadas dos seus futuros rivais para evitar um vexame como o do Etios, que apanhou feio do Onix e do HB20 há sete anos. O relógio está contando.