Teste: Volkswagen Virtus Highline 200 TSI
Avaliamos a versão mais cara do sedã, que pode ultrapassar R$ 85.000 com todos os opcionais
Com um ousado plano de praticamente renovar sua linha de modelos no Brasil e América do Sul até o fim de 2020, veremos a Volkswagen atuando em um ritmo frenético de lançamentos a partir deste ano.
Quem inaugura esse calendário e se posiciona como o primeiro lançamento relevante de 2018 é o Volkswagen Virtus, segundo produto da nova família de compactos produzidos sobre a plataforma MQB. É sempre bom lembrar que, para o segundo semestre deste ano, está confirmada a apresentação do T-Cross, SUV que a VW prepara para atuar no segmento de Honda HR-V, Hyundai Creta e tantos outros. É bem possível que o T-Cross seja revelado ao público no Salão de São Paulo, entre os meses de outubro e novembro, um palco de destaque para estrear uma novidade tão relevante.
Voltando para o Virtus, o sedã chega ao mercado ostentando um porte que torna cada vez mais difícil classificar modelos como ele com a palavra compacto. Apenas como comparação, o Virtus conta com exatos 4.482 mm de comprimento, 1.751 mm de largura e 1.472 mm de altura, tudo isso com um entre-eixos de 2.651 mm. Exceto pelo comprimento, o Virtus quase empata nas dimensões com o Jetta hoje em dia nas concessionárias brasileiras (ele já acabou de estrear a nova geração nos EUA). O sedã médio da VW, concorrente de Toyota Corolla e Honda Civic, conta com 4.644 mm de comprimento, mas o entre-eixos do Jetta é exatamente igual ao do Virtus, com os mesmos 2.651 mm. Até na largura (1.778 mm) e na altura (1.473 mm), o Virtus e o Jetta atual são parecidos.
Com isso, o Virtus entrega um visual bem destacado em relação a modelos como o Hyundai HB20S, Chevrolet Prisma, dentre outros. Como você pode conferir em nosso vídeo e nas fotos, o Virtus também foi concebido com um design muito equilibrado e elegante, com destaque para a bela junção entre a coluna C e o terceiro volume que abriga o porta-malas.
As equipes de engenharia e design também merecem muitos elogios pelo ótimo aproveitamento do espaço interno que conseguiram projetar para o Virtus. Beneficiado pelas dimensões generosas, sobra espaço para cinco adultos na cabine do Virtus, bem como o porta-malas com capacidade para 521 litros de bagagem é irretocável em especial se tratando de um sedã. Interessante quando estamos a bordo do Virtus é que, mesmo recuando os bancos do motorista e do passageiro o máximo possível para trás, ainda sobra espaço para os joelhos de quem ocupa o banco traseiro. Mesmo passageiros mais altos não vão se sentir apertados ali.
Graças ao crescimento do entre-eixos em 8,5 cm em relação ao Polo, o Virtus tem uma aplicação familiar mais favorecida e vale a pena você partir para o sedã se esse é o seu caso.
Com isso, o Virtus torna-se um carro muito singular dentro da categoria dos sedãs compactos. Ele oferece um porta-malas quase tão volumoso quanto o do Toyota Etios Sedã (562 litros), mas com um visual muito mais agradável ao olhar; tem aquela verdadeira sala de estar que encontramos a bordo do Nissan Versa, porém com um projeto mais moderno; e ainda oferece tanta versatilidade quanto um Honda City em sua cabine. Na versão Highline, como a avaliada aqui, a Volkswagen oferece um opcional para o Virtus que é o Space Pack (R$ 300), que permite rebater o banco do passageiro dianteiro e acomodar dentro do carro objetos de até 2,65 m de comprimento considerando a área da tampa do porta-malas até o painel. Com isso, é possível acomodar até um caiaque no Virtus.
Interessante também destacar algumas conveniências que o Virtus oferece, como a capacidade de 8 litros de armazenamento do porta-luvas, nichos para acomodar garrafas de até 1,5 litro nas laterais das portas dianteiras ou de até 1 litro nas portas traseiras, além de um espaço para 1,26 litro logo abaixo do descanso de braço central, que é ajustável em até 10 cm e favorece motoristas e passageiros de diferentes estaturas.
Assim como no Polo, mesmo na versão topo de linha Highline fica a sensação de que a Volkswagen poderia ter levado em consideração uma escolha melhor dos plásticos usados na cabine do Virtus. As peças apresentam um aspecto de simplicidade e não combinam com um carro que atua na faixa de R$ 80.000. Fora isso, você praticamente não encontra tecido nas laterais das portas, somente próximo aos comandos dos vidros elétricos, região onde os ocupantes tendem a apoiar com mais frequência os braços. No Virtus, os materiais tendem a apresentar uma tonalidade mais escura em relação aos plásticos usados no Polo.
Um grande deslize da Volkswagen foi tornar o revestimento interno de couro algo opcional no Virtus Highline. O item, que ganhou cada vez mais importância entre o público brasileiro e em especial no segmento, exige que você desembolse mais R$ 800. Uma economia, por assim dizer, que não cai bem considerando o preço que você já terá que pagar pela versão.
Na versão Highline que estamos avaliando, a parte central do painel conta com uma faixa na tonalidade cinza de alto brilho, que ajuda a melhorar o aspecto visual. Se o orçamento permitir, no caso do Virtus Highline até que vale a pena você investir R$ 3.300 e comprar o pacote Tech High. O destaque, nesse caso, vai para o painel de instrumentos digital que atua de forma combinada com a central multimídia. A tecnologia, até então rara entre os carros nacionais, colabora também para dar um ar de sofisticação ao interior do Virtus. O painel é amplamente configurável e permite visualizar apenas as indicações do navegador ou até mesmo dados pontuais do carro. A central multimídia para aqueles que optam pelo pacote opcional passa a ser a Discover Media, a mais completa da linha e que agrupa o navegador, câmera de ré, os principais sistemas de espelhamento de smartphones, dentre outros recursos.
O painel de instrumentos digital é uma das benesses que a plataforma modular MQB traz aos produtos sobre ela construídos, já que está pronta para lidar com uma série de tecnologias avançadas usadas pelos veículos do grupo Volkswagen. Além disso, tecnicamente, o uso de aços especiais como os de conformação a quente aprimoram a segurança do carro, comportamento dinâmico e até mesmo o silêncio a bordo. Características que o Virtus provou que é capaz de entregar.
Recentemente avaliado pelo Latin NCAP, o modelo alcançou o nível máximo de 5 estrelas tanto para a proteção de adultos como de crianças. O CESVI Brasil, por sua vez, conferiu ao Virtus a melhor nota em seu índice de reparabilidade, o que significa menos tempo e custo de reparo em caso de acidentes com o modelo.
Ao volante, o Virtus Highline é um carro muito agradável. Graças à sua alta rigidez torcional, você pouco sente o peso adicional do sedã em relação ao Polo. As respostas do modelo são em sua maioria neutras, beneficiadas pela boa calibração da direção elétrica com assistência variável (mais suave para as manobras ou mais direta em velocidades elevadas) e do conjunto de suspensão, que, nas palavras da VW, foi “desenvolvida exclusivamente para garantir o conforto em condições de rodagem nas ruas e estradas da América Latina”. A receita é o tradicional layout McPherson nas rodas dianteiras e eixo de torção para as rodas traseiras.
O Virtus ainda se destaca por ser um dos raros modelos na categoria e contar com disco de freio nas quatro rodas. Só no Virtus, contudo, você vai contar com a segurança extra do bloqueio eletrônico do diferencial, que faz parte dos conjuntos de estabilidade e tração e pode ser crucial para evitar acidentes mais graves. Os itens são de série no Virtus Highline.
Beneficiado pela ótima eficiência do motor 1.0 TSI, o auxílio do turbo e da injeção direta levam o Virtus de 0 a 100 km/h em bons 9,9 segundos ou até 194 km/h de velocidade máxima. O torque de 20,4 kgfm beneficia muito as retomadas do modelo, sendo que ele é capaz de recuperar a velocidade de 80 a 120 km/h em apenas 7 segundos, um tempo excelente. Importante que a economia não fica de lado e o sedã percorre até 11,2 km/l na cidade e 14,6 km/l na estrada com gasolina em sua configuração 1.0 TSI automática.
O câmbio automático de 6 marchas pode não oferecer a mesma velocidade nas trocas que as caixas de dupla embreagem da própria VW, mas mostra-se robusto para nossas condições. O Virtus Highline também oferece a opção de trocas sequências por aletas no volante.
Partindo de R$ 79.990, mas podendo atingir R$ 85.590 com todos os equipamentos, o Virtus Highline é um sedã caro considerando que ainda quer atuar no segmento de compactos. A Volkswagen argumenta que a diferença de R$ 10.800 entre um Polo e um Virtus Highline ocorre pelo tamanho do modelo e outras questões, como o fato do Virtus Highline já contar com o pacote das três primeiras revisões incluído no preço.
A questão é que em sua versão topo de linha, o Virtus de fato não economiza em equipamentos, saindo de fábrica com os controles de tração e estabilidade e o bloqueio eletrônico do diferencial, 4 airbags, chave presencial, ar-condicionado automático digital, luz diurna de LED, dentre outros em um pacote semelhante ao do Polo Highline.
Se equipado com todos os opcionais, superando então os R$ 85.000, só no Virtus Highline você encontrará o painel de instrumentos digital, uma completa central multimídia, rodas de liga leve aro 17”, sensores de estacionamento traseiro, dianteiro e de chuva, acendimento automático dos faróis, detector de fadiga, dentre outros recursos.
Posicionado quase como uma versão de nicho, nos parece que o Virtus Highline terá uma missão muito próxima ao que garantiu o sucesso da Fiat Toro no mercado. Se a picape da Fiat apareceu como uma alternativa bem mais completa do que as versões de entrada das picapes médias, oferecendo motor diesel e tração 4x4 pelo mesmo preço, a ideia é que o Virtus Highline completo faça com que clientes de Toyota Corolla ou Honda Civic em suas versões mais baratas enxerguem no VW uma alternativa mais completa, com bom nível de equipamentos e porte parecido.
Vamos ver se esse posicionamento da Volkswagen irá funcionar, mas fica claro mesmo que a versão com maior volume de vendas do Virtus deverá ficar com a Comfortline, que chegará nas lojas por R$ 73.490. Mas isso é assunto para um outro teste que você vai conferir aqui no Autoo!
Ficha técnica
Volkswagen Virtus 2018 Highline 1.0 12V flex automático 4p | |
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Preço | R$ 79.990 (06/2018) |
Categoria | Sedã compacto |
Vendas acumuladas neste ano | 30.886 unidades |
Motor | 3 cilindros, 999 cm³ |
Potência | 116 cv a 5500 rpm (gasolina) |
Torque | 20,4 kgfm a 2000 rpm |
Dimensões | Comprimento 4,482 m, largura 1,751 m, altura 1,472 m, entreeixos 2,651 m |
Peso em ordem de marcha | 1192 kg |
Tanque de combustível | 52 litros |
Porta-malas | 521 litros |