Teste: Toyota Yaris XLS 1.5 CVT 2019
Avaliamos a resposta da Toyota para o nicho de mercado que mais cresce entre os hatches
Se a gente realizasse aquela brincadeira de criança e perguntássemos para o Toyota Etios o que ele gostaria de ser quando crescer, muito provavelmente ele responderia: “tornar-me um Yaris”.
A novidade da Toyota, um dos principais lançamentos de 2018, estreia neste mês nas carrocerias hatch e sedã, apimentando ainda mais a concorrência no segmento de carros compactos. Hoje vamos centrar nossa análise em cima do hatch na versão topo de linha, a XLS, que conta com motor 1.5 16V, transmissão automática CVT e preço tabelado em R$ 77.590.
Com o Yaris, a Toyota agora passa a ter condições de atuar em um nicho dentro dos hatches compactos que ganha cada vez mais relevância.
Esse subsegmento é o dos chamados compactos “premium”, aquela faixa que vai de R$ 60.000 a R$ 80.000, onde prevalecem motorizações acima de 1.0 litro (ou turbinados, como é o caso do VW Polo) e majoritariamente equipados com câmbio automático. O consumidor da categoria também espera encontrar um acabamento interno mais caprichado, um belo design para a carroceria e pelo menos uma central multimídia no centro do painel.
Claro que a Toyota estava de olho nisso há um bom tempo e o Yaris chega em um bom momento, mostrando-se um carro bem mais acertado do que o Etios para essa nova realidade do segmento. Vale a pena destacar que o Yaris é um modelo de caráter global dentro da linha Toyota e já está em sua terceira geração, portanto é um projeto mais maduro e refinado que o Etios.
Essa sofisticação do Yaris, em especial na versão XLS que estamos avaliando aqui, começa até mesmo pelo design. Com 4,14 m de comprimento, o Yaris chama a atenção por seu porte em um primeiro contato. Ele quase faz as vezes de um hatch médio e, se levarmos em conta que um Polo tem 4,05 m e um Fiat Argo outros 3,99 m, essa sensação é comprovada pelos números. O maior comprimento do Yaris também lhe proporciona um bom porta-malas para a categoria, no caso com 310 litros de bagagem, compartimento que parece até maior ao abrirmos a tampa do porta-malas pela primeira vez.
Para atender esse cliente “premium” o Yaris capricha no visual e no cuidado com o acabamento interno. Mesmo no para-choque dianteiro você percebe como a junção da grade com a peça é feita de forma bem cuidada. As linhas da carroceria também são muito proporcionais e realçadas pelos vincos nas laterais e no capô, traços que enobrecem o estilo geral do hatch. Uma solução tipicamente japonesa, o assoalho traseiro plano ajuda a ampliar a sensação de espaço e permite acomodar com mais conforto três passageiros no banco traseiro.
Em sua versão topo de linha, o Yaris foca na cor preta para o revestimento de couro nos bancos e laterais das portas, bem como na forração do teto e até mesmo da parte interna das colunas. O resultado agrada.
O hatch também traz nessa configuração itens como 7 airbags e o teto solar, recursos que só ele oferece no segmento, além dos controles de tração e estabilidade, chave presencial, sensor de chuva, rodas de liga leve aro 15” e central multimídia. Apesar de desenvolvida em conjunto com a Harman, uma referência em sistemas de som, o aparelho não nos agradou nesse primeiro contato por uma razão simples: faltou ele oferecer o Apple CarPlay e o Android Auto, os principais recursos para espelhamento de smartphones e que facilitam muito a vida dos passageiros. A central multimídia até sai de fábrica preparada para operar com o Waze e um aplicativo da TomTom, mas, durante a avaliação do Autoo, as funcionalidades apresentaram problemas.
Mecanicamente, o Yaris brasileiro toma emprestado do Etios vários componentes, como o bom motor 1.5 16V. Na hora de “encaixá-lo” no Yaris, a engenharia da Toyota aplicou um novo sistema de exaustão e uma calibração diferente do Etios, o que lhe rendeu um leve ganho na potência e no torque máximos com etanol, que ficam em 110 cv e 14,9 kgfm, respectivamente. A transmissão automática foi um ponto onde a Toyota fez bem em não trazer para o Yaris o câmbio mais simples e já um tanto quanto arcaico do Etios com apenas 4 marchas e instalou no Yarias XLS uma competente caixa CVT capaz de simular 7 marchas caso o motorista queira realizar trocas sequenciais na alavanca ou nas borboletas atrás do volante.
Com um desempenho bem aceitável para o uso urbano e rodoviário, o Yaris XLS é um carro muito eficiente. Suas médias, com gasolina, podem alcançar 12,6 km/l na cidade e 13,8 km/l na estrada. Um VW Polo com motorização 1.0 TSI, uma das melhores da categoria, entrega, respectivamente, 11,6 e 14,1 km/l, considerando a versão Comfortline também com rodas aro 15”. Um ponto importante é que, graças ao turbo e à injeção direta, o Polo 1.0 TSI se sobressai em desempenho devido aos 5,5 kgfm de torque a mais em relação ao Yaris 1.5, uma diferença gritante a favor do VW.
O Yaris não nega a origem e basta rodar os primeiros metros para você encontrar nele o típico comportamento de um carro da Toyota. Se você tem um modelo da marca, ou já esteve atrás do volante de um Etios ou de um Corolla, vai entender bem o que é isso. Seu rodar é sólido e muito confortável. Não notamos quaisquer barulhos ou rangidos provenientes da parte mecânica, dos acabamentos plásticos ou afins. Sem nenhuma ousadia no layout da suspensão (McPherson no eixo dianteiro e eixo de torção para as rodas traseiras), o time de engenharia fez uma calibração irretocável no Yaris nacional.
Além de nota 10 em conforto, o hatch se mostrou muito estável e bem neutro nas curvas. Se você tem um perfil de condução mais esportiva, o Yaris é o modelo dentro da linha Toyota nacional que mais poderá agradá-lo (a).
Com as revisões somando R$ 2.914 até o Yaris atingir 60.000 km, mais ou menos a distância que será percorrida ao longo dos três anos de garantia integral, a Toyota promete que o Yaris entregará um dos menores custos de manutenção dentro de seu segmento.
Não é exagero dizer que, hoje em dia, o Toyota Yaris ao lado da nova geração do Volkswagen Polo figuram como as melhores opções de hatches compactos com apelo “premium”.
A grande questão é que o Toyota Yaris XLS poderia exagerar menos no preço, sobretudo levando em conta que, com R$ 77.450, você estaciona na garagem um Polo Highline praticamente completo, trazendo por esse valor o desejado painel de instrumentos digital, revestimento interno de couro e vários recursos ausentes no Yaris XLS, como os sensores de estacionamento dianteiro e traseiro, acendimento automático dos faróis, detector de fadiga; tudo isso sem contar que a central multimídia do Polo Highline, nesse valor, é bem mais completa do que a do Yaris XLS.
Com isso na mesa, fica nítido que o Toyota Yaris vai apelar para um consumidor mais racional, que considera a própria reputação da marca japonesa em sua escolha, cabendo ao Volkswagen Polo atender a um perfil de cliente que realiza uma compra passional, pensando muito mais no que seu futuro carro pode entregar em termos de desempenho e tecnologia. Hoje ocupando o posto de 4º carro mais vendido no Brasil, o Polo está se mostrando um produto muito bem aceito. Vamos ver como ficará o cenário agora com o Yaris em jogo.
Ficha técnica
Toyota Yaris 2019 XLS 1.5 16V flex automático 4p | |
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Preço | R$ 77.590 (06/2018) |
Categoria | Hatch compacto |
Vendas acumuladas neste ano | 21.799 unidades |
Motor | 4 cilindros, 1496 cm³ |
Potência | 105 cv a 5600 rpm (gasolina) |
Torque | 14,3 kgfm a 4000 rpm |
Dimensões | Comprimento 4,145 m, largura 1,73 m, altura 1,49 m, entreeixos 2,55 m |
Peso em ordem de marcha | 1150 kg |
Tanque de combustível | 45 litros |
Porta-malas | 310 litros |