Teste: Renault Sandero GT Line é a melhor versão 1.0 do hatch?

Configuração se diferencia pelo visual esportivo preservando o preço acessível
Renault Sandero 2022

Renault Sandero 2022 | Imagem: Leo Alves

O Renault Sandero GT Line pode até não ser uma novidade no mercado, já que a versão existe desde a primeira geração do hatch. No entanto, a configuração hoje só está disponível com o motor 1.0 de 82 cv de potência e 10,5 kgfm de torque máximo, quando abastecido com etanol, e é uma das poucas que o Sandero ainda oferece no País. 

Por isso, ela foi testada durante uma semana para entendermos se vale a pena pagar os R$ 74.690 pedidos por um exemplar desta configuração.

Renault Sandero GT Line e seus detalhes

Se até meados do ano passado era possível comprar um Renault Sandero com motor 1.6 e câmbio automático do tipo CVT, hoje não dá mais. Por isso a GT Line, que inicialmente foi lançada com os motores 1.0 e 1.6 (o segundo com câmbio automático), agora só pode ser comprada com o propulsor de 1 litro e transmissão manual de cinco marchas.

Dessa forma, o principal destaque desta versão é o visual, que tenta remeter ao esportivo Sandero R.S. Ao menos na lateral e na traseira há uma certa semelhança entre as duas configurações. Talvez por isso a Renault tenha decidido colocá-los juntos em seu site, já que as propostas são completamente diferentes.

De volta ao visual do GT Line, os pontos em comum com seu irmão mais potente são as saias laterais, a lanterna traseira, o aerofólio e a peça que imita um extrator no para-choque traseiro. Já a dianteira é a mesma da versão Zen, mas há faróis de neblina com a moldura cromada.

No interior, o modelo esportivado entrega um visual agradável e que até justifica o valor a mais pela versão. Afinal, há bancos com revestimento exclusivo e o nome da versão bordado em azul, enquanto que o volante é revestido em couro e com costuras no mesmo tom do detalhe dos assentos. O azul também está presente nas saídas de ar do painel e no grafismo do painel de instrumentos. 

O resultado é uma cabine agradável, com visual diferenciado e detalhes de muito bom gosto. O que nos pareceu um pouco incoerente foi a soleira da porta dianteira ter a assinatura da Renault Sport. Afinal, a divisão esportiva da marca só costuma aparecer em veículos com mais desempenho, o que não é o caso do GT Line.

Ao volante

Como a proposta deste carro é entregar visual diferenciado, mas com o motor 1.0, fica claro que o desempenho não é o ponto forte. No entanto, o propulsor de 82 cv dá conta do recado – na medida do possível. Mesmo não sendo leve como um Kwid, o Sandero não é um carro muito pesado, apontando 1.035 kg na balança. 

Por isso, mesmo sendo mais exigido em subidas, o motor de apenas 1 litro consegue se sair relativamente bem. É claro que em alguns momentos é preciso reduzir a marcha. A aceleração de 0 a 100 km/h em 13,2 segundos e a velocidade máxima de 163 km/h deixam claro as limitações do Sandero GT Line, porém ele está longe da apatia ao volante dos primeiros “populares” do mercado. 

Durante nossa avaliação, foram comum situações em que, ao trafegarmos por um aclive com a terceira marcha engatada, o conjunto mecânico pedia uma redução para a segunda ou até mesmo a primeira marcha. Porém, isso é comum aos carros 1.0, então não é uma característica apenas do Sandero GT Line.

Em trechos de rodovias, o carro é um pouco ruidoso acima dos 100 km/h. Conforme a velocidade ultrapassa os três dígitos, o giro do motor sobe e o barulho do propulsor invade a cabine. E olha que o carro conta com manta acústica no cofre do motor. Mesmo assim, não foi suficiente para impedir a invasão do som do propulsor.

Renault Sandero 2022
Renault Sandero 2022
Imagem: Leo Alves

Se o ruído desagradou, a estabilidade foi um dos pontos principais do carro. Seu acerto de suspensão não deixa a carroceria inclinar demais e mantém o hatch estável mesmo em curvas mais rápidas. O acerto da direção eletro-hidráulica, embora deixe o carro um pouco pesado para manobrar, é bom ao rodar em rodovias.

Mas como o hatch foi utilizado por mais tempo em trechos urbanos, e só momentaneamente em rodovias, as principais impressões obtidas pelo Sandero GT Line são as do ambiente urbano. E, se a suspensão do carro se destacou na estrada, ela também se mostrou boa para a cidade, pois não chega a ser incômoda aos ocupantes e filtra bem as irregularidades do piso.

Outro ponto positivo é a leveza dos pedais do carro, que são agradáveis de serem usados até mesmo em situações de trânsito pesado. A embreagem é bem leve e não cansa a panturrilha do condutor. E a alavanca de câmbio, por sua vez, é precisa e, por ser alta, permite que esteja sempre próxima à mão do motorista.

O consumo também mostrou-se coerente com a proposta do carro. De acordo com o computador de bordo, o modelo encerrou os testes com média de 8,2 km/l com etanol. Como enfrentei bastante trânsito e encarei diversas subidas com o modelo, considerei uma boa média. 

Segundo o padrão oficial, o carro faz 7,4 km/l na cidade e 8,3 km/l na estrada com etanol. Utilizando gasolina, os números são de 11,5 e 12 km/l, respectivamente. 

Vida a bordo 

Embora seja relativamente espaçoso, foi-se o tempo do Sandero ser a referência neste requisito. Afinal, a concorrência se modernizou e conseguiu igualar, ou se aproximar, do espaço da cabine do modelo.

Na dianteira, há espaço suficiente, mas a falta da regulagem de profundidade do volante faz falta. Já na traseira, caso o condutor tenha mais de 1,85 m (como é meu caso), pode ser que falte espaço para as pernas do ocupante que viaja atrás dele. Eu até consigo sentar neste assento, mas meus joelhos encostam no banco dianteiro. Já o espaço para a cabeça é bom para quem viaja atrás, mas não há nenhum mimo para os passageiros traseiros, como entrada USB ou saída de ar.

Renault Sandero 2022
Renault Sandero 2022
Imagem: Leo Alves

Vale a compra?

O Renault Sandero vive um momento de incertezas no Brasil. Afinal, esta geração já tem sete anos de estrada e já há um modelo novo na Europa, mas ainda sem previsão de chegada ao País. Além disso, a concorrência evoluiu neste período, com Chevrolet Onix e Hyundai HB20 ganhando novas gerações, o surgimento do Fiat Argo, e até mesmo modelos mais caros, como VW Polo e Peugeot 208, contam com versões de entrada próximas aos R$ 74.690 pedidos pelo hatch da marca francesa nesta versão.

Dentro da gama Sandero, talvez a versão GT Line seja uma compra melhor que a Zen. Afinal, são apenas R$ 3 mil de diferença entre elas e o consumidor leva nesta versão esportivada um visual diferenciado, rodas de liga leve de 15 polegadas e até mesmo os faróis de neblina. 

Agora em comparação com a concorrência, há sim modelos mais modernos. Porém, o Sandero resiste com o maior porta-malas da categoria (320 litros), espaço interno na média dos rivais, e uma boa confiabilidade. Por isso, mesmo tendo alguns pequenos defeitos – como o ruído a bordo, a central multimídia de sete polegadas que poderia ser atualizada e a falta do ajuste de profundidade da coluna de direção –, o GT Line é sim uma boa opção dentro de seu segmento. Caso procure um veículo nesta faixa de preço, vale a pena considerar o modelo da Renault. 

Texto e fotos: Leo Alves, colaboração especial para o AUTOO

Renault Sandero 2022
Renault Sandero 2022
Imagem: Leo Alves

Ficha técnica

Renault Sandero 2022 GT Line 1.0 12V flex manual 4p
Preço R$ 74.690 (08/2021)
Categoria Hatch compacto
Vendas acumuladas neste ano 26.347 unidades
Motor 3 cilindros, 999 cm³
Potência 79 cv a 6300 rpm (gasolina)
Torque 10,2 kgfm a 3500 rpm
Dimensões Comprimento 4,06 m, largura 1,733 m, altura 1,536 m, entreeixos 2,59 m
Peso em ordem de marcha 1011 kg
Tanque de combustível 50 litros
Porta-malas 320 litros
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