Teste: Renault Sandero Expression 1.0
Segunda versão mais vendida do hatch compacto tem bom pacote de equipamentos mas é cansativa de dirigir
O Sandero fez seu aniversário de 10 anos semanas atrás. Lembro que o modelo foi uma surpresa no mercado nacional quando surgiu no final de 2007. Não houve flagras nem rumores a respeito dele antes que fosse divulgado pela Renault em primeira mão no Brasil. O nome já causava estranheza: “Sandero” soava como “Saveiro” ou “Pandeiro” e parecia uma péssima escolha assim como a expectativa a respeito de um hatch que nascia da costela do Logan, sedã de visual apavorante e acabamento chinfrim em 2006, quando chegou por aqui.
Mas o Sandero "pegou". Muita gente se recusava até a associá-lo ao Logan por conta do visual mais bem resolvido da primeira geração. A grande sacada do carro era o espaço interno. Ele chegava a ser mais espaçoso que um Golf IV, modelo de porte médio. A parte mecânica era idêntica a do Logan, o que não era por assim dizer uma virtude.
E mesmo com esses pontos contra o Sandero vendeu bem e é desde 2008 o Renault mais vendido no Brasil. Em 2014 veio a segunda geração, que corrigiu alguns defeitos do anterior como a péssima ergonomia, o visual e até mesmo o acabamento. Não que o Renault seja um primor mas naquele ano ele pôde se equiparar a alguns concorrentes mais novos – ou pelo menos não fazer feio perante eles.
Com uma gama muito extensa, preços competitivos e bons equipamentos como a central MediaNav, o Sandero foi em 2017 o 6º carro mais vendido do país. Uma senhora marca, mas que agora parece distante de ser repetida. A razão é que o mercado de hatches compactos está passando por uma renovação imensa e o que era vantagem antigamente agora não é mais exclusividade do modelo da Renault.
A linha 2018, é verdade, ganhou aprimoramentos no ano passado que mantiveram o Sandero como uma compra bastante racional em alguns sentidos. Ainda assim, há deficiências que são difíceis de serem sanadas. Fato é que o Sandero já não vende bem desde a chegada do irmão menor, o Kwid. Pode ser um problema de produção, mas também a constatação que os novos concorrentes e o próprio fogo amigo já estão ofuscando o modelo. Mas, afinal, vale a pena comprar um Sandero ainda?
Motor salvador
A versão avaliada pelo Autoo aqui é a Expression 1.0, opção logo acima da Authentique e que é mais vendida do modelo. A Expression é a vice-líder na preferência, mas provavelmente deve ser a preferida do público final já que a Renault vende o Sandero para frotistas e locadoras, por exemplo. Nesses casos, geralmente a versão escolhida é a mais simples.
A grande novidade do Sandero 1.0 é o motor SCe, de três cilindros e 12 válvulas. Trata-se de um propulsor potente e econômico com 82 cv de potência e mais de 10 kg de torque. Ele é capaz de rodar mais de 9 km com um litro de etanol ou 14 km com gasolina, tanto na cidade quanto na estrada.
A Renault também aprimorou alguns itens como o câmbio manual e a direção, que passou a ter a atuação elétrico-hidráulica. No entanto, o efeito dessas melhorias apenas amenizou pontos fracos do carro que continua pesado e cansativo de dirigir.
O câmbio mantém o longo curso de engate e continua vibrando em ponto morto, já a direção é pesada, lenta e esterça pouco. A compensação vem no bom desempenho do motor que mesmo com cinco pessoas e bagagem consegue entregar um desempenho adequado.
Ex-maior da categoria
Se não agrada ao volante, o Sandero sobra em espaço interno. Não chega a ser tão grande quanto o Logan pelo entreeixos menor, mas ele é largo (1,4 m no banco dianteiro) e alto por dentro. O problema é que essa vantagem era gritante com rivais como o Celta ou o Palio. Comparado ao novo Polo, por exemplo, o Sandero até perde no espaço longitudinal e empata nas demais dimensões. Já o porta-malas segue o maior da categoria, com 320 litros, mas a vantagem é pequena frente a alguns concorrentes.
Central acessível
Na lista de equipamentos de série, o Sandero não faz feio. Traz direção assistida, ar-condicionado, rodas de aro 15 (calotas), vidros elétricos dianteiros, regulagem de altura do volante e comando satélite do rádio, mas deve na ausência de bancos com sistema Isofix, item comum em novos competidores.
Um diferencial do carro é a central MediaNav, que é opcional, mas tem o preço mais acessível do mercado. Custava em janeiro R$ 1.300, um pouco mais barata que a popular MyLink do Onix. É um sistema fácil de usar e que conversa com o Carplay e o Android Auto. Além disso, tem uma função interessante que estimula uma condução mais econômica.
Muitas opções
Ao contrário do primeiro Sandero, a atual geração tem um estilo bem resolvido, mérito do designer holandês Laurens Van der Acker, que tem conseguido criar uma marca bastante atraente para a Renault. É um carro de linhas limpas sem adendos estéticos que poluem o visual, um sinal da qualidade do trabalho do design da marca francesa.
Em resumo, o Sandero na versão Expression 1.0 tem um pacote interessante para quem leva mais em conta espaço interno e alguns itens de série. O problema é que hoje alguns concorrentes trazem mais do que ele em todos os sentidos, como é o caso do novo Polo. A versão popular do Volks custa um pouco mais, é verdade (R$ 2.300 em janeiro de 2018), mas vem equipada com mais itens de segurança como quatro airbags, isofix e uma carroceria que teve cinco estrelas no teste do Latin NCAP. Sem falar numa dirigibilidade bem superior. E ainda temos no mercado do Argo, o HB20, o Ka, o Onix...
Ficha técnica
Renault Sandero 2018 Expression 1.0 12V flex manual 4p | |
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Preço | R$ 47.700 (01/2018) |
Categoria | Hatch compacto |
Vendas acumuladas neste ano | 26.347 unidades |
Motor | 3 cilindros, 999 cm³ |
Potência | 79 cv a 6300 rpm (gasolina) |
Torque | 10,2 kgfm a 3500 rpm |
Dimensões | Comprimento 4,06 m, largura 1,733 m, altura 1,536 m, entreeixos 2,59 m |
Peso em ordem de marcha | 1011 kg |
Tanque de combustível | 50 litros |
Porta-malas | 320 litros |