Teste: Renault Captur Intense 2.0 automático

Confira nossa avaliação a bordo da grande aposta da Renault para o segmento dos SUVs compactos
Renault Captur 2018

Renault Captur 2018 | Imagem: Divulgação

A Renault foi uma das marcas que mais surpreendeu na edição 2016 do Salão de São Paulo. Naquela época, a marca não só apresentou sua nova gama de motores 1.0 e 1.6 SCe como também confirmou sua estratégia agressiva para os próximos meses, que contempla a chegada dos SUVs Captur e Koleos e do hatch Kwid. Com isso, a marca espera obter uma participação maior no mercado brasileiro oferecendo produtos nas categorias mais importantes do mercado.

O primeiro a chegar ao mercado foi o Captur, que pelo menos por enquanto divide com o Renault Duster um espaço na cada vez mais disputada categoria dos SUVs compactos. Para torná-lo mais competitivo no Brasil, a ideia da Renault foi aproveitar toda a carroceria e o acabamento do Captur vendido na Europa, mas emprestando a plataforma mais simples do Duster. Com isso, a fabricante consegue simplificar os processos produtivos e economizar um bom dinheiro na hora de colocá-lo na linha de montagem.

A concepção do Captur é bem interessante, tanto que no Velho Continente, onde traz uma mecânica mais moderna e eficiente (vamos falar sobre isso mais para frente), as vendas do modelo dispararam por lá. O “nosso” Captur, que divide a mesma solução de compartilhamento da arquitetura com o Duster aplicada no Kaptur russo, realça um ponto muito valorizado nos utilitários esportivos: a posição de dirigir. Quem assume o volante do Renault, logo vai notar como você se sente em uma posição de comando mais elevada em relação a modelos como o Nissan Kicks, Honda HR-V e tantos outros. Um dos grandes segredos para isso reside no “ponto H”, a medida do solo até a base do assento do motorista, que no caso do Captur é de exatos 708 mm. Essa característica combinada com a altura do veículo em relação ao solo de 212 mm ajudam dar essa sensação de maior robustez do modelo para quem senta atrás do volante, característica desejada pela maior parte do público que consome esse tipo de carro e que, muitas vezes, é a principal razão de compra para muitos clientes.

Além da sensação de confiança que a maior altura em relação ao solo proporciona, a cabine do Captur faz os passageiros dos bancos dianteiros não terem do que reclamar em termos de espaço. O mesmo, por sua vez, não se transmite para quem vai no banco traseiro. Por ali o espaço poderia ser melhor, em especial para as pernas. Adultos que ultrapassam os 1,80 m podem achar o espaço traseiro do Captur um pouco acanhado. É uma pena, uma vez que o bom porta-malas de 437 litros, capacidade semelhante à do Honda HR-V, o tornariam uma excelente opção de carro familiar não fosse por isso. Nesse ponto, o SUV compacto da Honda, que oferece o interior mais espaçoso e melhor aproveitado da categoria, nos faz entender grande parte de seu sucesso comercial e porque ele lidera o segmento com folga.

Como o câmbio automático é um item cada vez mais desejado pelos brasileiro, em especial nesse segmento de mercado, o AUTOO resolveu trazer para nossa avaliação o Captur em sua versão topo de linha, a Intense 2.0, até o momento a única opção para quem quer comprar um Captur sem o pedal da embreagem. Até o meio do ano a Renault deverá colocar nas lojas o Captur com motor 1.6 e a transmissão automática CVT, conjunto semelhante ao do Nissan Kicks, mas isso é uma conversa para uma próxima oportunidade.

Voltando ao Captur 2.0 Intense, a novidade chega às lojas por R$ 88.490 com um robusto pacote de equipamentos, com destaque para os 4 airbags e os controles de tração e estabilidade (itens presentes de série em todas as versões do Captur), rodas de liga leve aro 17”, central multimídia com câmera de ré e navegador integrado, ar-condicionado automático, sensor de chuva e acendimento automático dos faróis. Colocar o revestimento de couro custa mais R$ 1.500 e, se você quiser a pintura do teto contrastando com a carroceira, terá que colocar mais R$ 1.400 no preço.

Nessa faixa de preço do Captur Intense você encontra o Hyundai Creta, mas com motor 1.6 16V em sua configuração Pulse automática de R$ 85.240. Com motor 2.0 16V, o Creta mais acessível parte para R$ 92.490 também na opção Pulse, que, nesse caso, é R$ 4.000 mais cara que o Captur Intense e não oferece o mesmo nível de equipamentos.

Se colocado ao lado do Honda HR-V, o custo-benefício do Captur Intense é de longe o melhor. Por um valor até R$ 90.000 você só consegue adquirir o Honda na versão LX CVT de R$ 86.800. Apesar de sair de fábrica com os controles de estabilidade e tração, em termos de conforto o modelo só oferece o básico. O ponto do forte do Honda e de rivais como o Nissan Kicks, entretanto, reside na alta eficiência de seus conjunto mecânicos, algo em que o Captur deixa bem a desejar. Essa talvez é uma das razões para que a Renault tomasse tanto cuidado ao precificar o Captur em uma tentativa cativar alguns clientes de olho apenas no custo-benefício.

Durante a avaliação do AUTOO, registramos parciais de consumo urbano variando em torno de 5 a 5,5 km/l com etanol e utilizando o ar-condicionado em metade do tempo. A média oficial é um pouco mais otimista, alcançando 6,2 km/l na cidade e 7,3 km/l em uso rodoviário, considerando sempre o etanol como combustível. O Honda HR-V LX, como comparação, entrega médias de 7,1 e 8,5 km/l, respectivamente, enquanto o Kicks com seu motor 1.6 16V e transmissão CVT alcança 8,1 e 9,6 km/l.

 
 
Renault Kaptur 2017
 
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Renault Captur 2017
 
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Renault Captur 2018
 
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Alguns podem argumentar que estamos comparando o Captur com rivais de motores com menor deslocamento, mas mesmo se levarmos em conta o Creta 2.0 automático, a situação não fica mais favorável ao modelo da Renault. Também com etanol, o Hyundai entrega médias oficiais de 6,9 km/l na cidade e 10 km/l na estrada.

Mesmo com vários aprimoramentos que a Renault promoveu em seu motor 2.0 16V, como a redução do atrito interno e um novo sistema de gerenciamento para a parte elétrica, bem que a marca poderia ter aplicado recursos mais avançados a um carro moderno como o Captur, como a oferta do start-stop, que desliga o motor quando o carro encontra-se parado, seguindo o exemplo da Hyundai para o Creta. Além disso, o câmbio automático com apenas 4 marchas também não colabora para melhorar a eficiência do Renault Captur.

Na Europa, onde conta com conjunto mecânicos exemplares como o 1.2 turbo de 118 cv, fica fácil explicar porque ele é tão bem aceito por lá e as vendas por aqui ainda custam a entrar em uma espiral positiva.

Em termos de desempenho, o Captur Intense também não empolga. Segundo dados da Renault, o SUV precisa de 11,1 segundos para acelerar de 0 a 100 km/h quando abastecido com etanol. O Creta 2.0 realiza a mesma prova em 9,7 segundos de acordo com a Hyundai. Quem já teve a oportunidade de dirigir os dois modelos verá que são números coerentes e falta ao Captur a mesma rapidez nas respostas notadas no Creta, em especial nas acelerações.

Ao volante, a sensação é que a direção do Captur poderia ser ligeiramente mais rápida, mas o fato figura aqui apenas como uma crítica construtiva. O som da suspensão trabalhando, amplamente ouvido dentro da cabine, também é algo que não deve agradar a todos, em especial quem compra um carro nessa faixa de valor. Não se trata de um problema do conjunto, apenas uma característica do projeto que poderia ser resolvida com aprimoramentos no isolamento acústico.

Por falar em “quem compra carros nessa faixa de valor”, o acabamento interno do Captur também é polêmico. As formas do painel, laterais de porta e demais elementos são nitidamente inspiradas no Captur europeu, mas por aqui os plásticos rígidos e de aspecto pouco nobre não conversam com a mensagem de carro elegante e sofisticado que a marca quer incutir com sua campanha publicitária para ele. A central multimídia, recurso que é cada vez mais valorizado em um carro, conta com navegador integrado, o que é muito bom, mas falta oferecer suporte para o Apple CarPlay e o Android Auto.

Logo, o Captur Intense é uma excelente opção se você estava de olho em um Duster, por exemplo, onde a diferença que beira R$ 3.500 entre as versões 2.0 com câmbio automático projeta o Captur como uma alternativa muito melhor. Já no segmento, se você não abre mão do motor 2.0 é melhor partir para modelos como o Hyundai Creta.

Ficha técnica

Renault Captur 2018 Intense 2.0 16V flex automático 4p
Preço R$ 93.650 (03/2018)
Categoria SUV compacto
Vendas acumuladas neste ano 10.872 unidades
Motor 4 cilindros, 1998 cm³
Potência 143 cv a 5750 rpm (gasolina)
Torque 20,2 kgfm a 4000 rpm
Dimensões Comprimento 4,329 m, largura 1,813 m, altura 1,619 m, entreeixos 2,673 m
Peso em ordem de marcha 1352 kg
Tanque de combustível 50 litros
Porta-malas 437 litros
Veja ficha completa