Teste: Renault Captur Intense 1.6 CVT
Avaliamos aquela que deverá ser a versão mais procurada do SUV compacto da Renault
“A gente poderia ter lançado tudo junto, mas resolvemos deixar uma novidade para o segundo semestre para aquecer a imagem do Captur”. Foi assim que o diretor de marketing da Renault do Brasil, Federico Goyret, explicou o motivo pelo qual as versões Zen e Intense com câmbio automático CVT foram anunciadas no lançamento do Captur, mas só agora estão chegando às lojas. Ambas, como revelamos, chegam às lojas por R$ 84.900 e R$ 88.400, respectivamente.
É com elas que a Renault quer ampliar a participação hoje tímida do Captur no segmento dos SUVs compactos para posições mais elevadas no ranking de vendas. Foi para ver se essa expectativa da Renault é justificada que o AUTOO avaliou a versão Intense 1.6 SCe CVT, que sozinha deverá responder por metade das vendas do Captur a partir de agora. O motivo, diga-se de passagem, não é difícil de entender já que ela custa R$ 3.500 a menos que a Intense 2.0 (reajustada para R$ 91.900) e traz conjunto mecânico bem mais eficiente em relação ao já defasado câmbio automático de 4 marchas presente no Captur 2.0.
E que bem fez a caixa CVT emprestada do Nissan Kicks ao primo Renault Captur! Basicamente temos o mesmo câmbio X-Tronic CVT da aliança franco-japonesa, porém calibrado seguindo os requisitos da equipe de engenharia da Renault. Com um projeto recente, a nova caixa CVT desenvolvida pela marca japonesa é 10% mais compacta em relação ao modelo usado até então pelo congloerado e por aqui estreou nas gamas Nissan March e Versa. Graças à presença de uma caixa auxiliar redutora, a Renault-Nissan conseguiu utilizar polias menores e reduziu o peso da transmissão em 13% na comparação com a caixa CVT utilizada anteriormente. A caixa X-Tronic CVT presente no Captur ainda conta com uma função Eco para tornar o SUV mais econômico e, se o motorista solicita desempenho mais ágil pressionando com força no acelerador, a central eletrônica da transmissão trata de reagir de forma esportiva sem a necessidade um um botão ou qualquer comando físico para isso.
De qualquer forma, desempenho não é um dos atributos do Captur 1.6 CVT uma vez que ele será o mais lento de toda linha. Segundo números da própria Renault, com essa configuração mecânica o Captur acelera de 0 a 100 km/h em 13,1 segundos com etanol e alcança até 169 km/h de velocidade máxima. O Captur Intense 2.0, por sua vez, é capaz de cumprir a mesma prova de aceleração em 11,1 segundos.
Só que ao mesmo tempo em que leva vantagem nas respostas dinâmicas, o antigo câmbio automático de 4 marchas que trabalha e conjunto com o motor 2.0 cobra a (elevada) conta na hora de abastecer. Enquanto o Captur 1.6 CVT alcança parciais de 10,5 km/l na cidade e 11,7 km/l na estrada com gasolina, o 2.0 não vai além de 8,8 e 10,8 km/l, respectivamente.
Particularmente falando, a sensação das acelerações e retomadas ao volante do Captur 1.6 CVT chegam a ser próximas às do 2.0 automático. Em grande parte devido ao peso elevado do Captur CVT, de 1.286 kg, o modelo não deverá agradar quem faz questão de uma performance mais viva e animada, porém o consumo bem menor do Captur 1.6 CVT faz a balança pesar a seu favor.
Mesmo com o novo conjunto mecânico, o Captur Intense 1.6 CVT mantém as boas qualidades dinâmicas vistas no restante da família. Um traço bem singular do Captur vai para a direção com assistência eletro-hidráulica, que mostra-se um tanto quando “pesada” em relação à outros SUVs compactos que utilizam assistência elétrica como o primo Nissan Kicks.
A suspensão presente no Captur (McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira) apesar de não oferecer nenhuma surpresa no conjunto consegue realizar um bom trabalho. A altura em relação ao solo mais elevada do que a média do segmento combinada com a posição de dirigir mais alta dentro da categoria proporciona ao motorista dois atributos interessantes no SUV compacto da Renault. O amplo espaço interno e o porta-malas para 437 litros, empatando apenas com o Honda HR-V em capacidade, fortalecem o apelo comercial do modelo.
Com preço na casa de R$ 90.000, o Renault Captur Intense 1.6 CVT não deixa de oferecer um bom custo-benefício. Além dos controles de tração e estabilidade, o SUV nessa configuração ainda conta com 4 airbags, rodas de liga leve aro 17”, ar-condicionado automático, sensor de estacionamento, controlador de velocidade de cruzeiro, chave presencial com partida por botão, central multimídia com navegador e câmera de ré, sensor de chuva, acendimento automático dos faróis e acabamento diamantado para as rodas de liga leve aro 17”.
Apenas como comparação, um Honda HR-V, o atual líder em vendas na categoria dos SUVs compactos, custa R$ 93.000 na versão EX e ainda deve alguns equipamentos para o Captur avaliado aqui. Se você colocar o revestimento interno de couro e optar pelo teto com pintura contrastante com a carroceria, o valor do Renault atinge R$ 91.300, o que ainda não deixa de ser competitivo.
Com esse pacote inteessante aliado ao visual forte e de muita presença, o Renault Captur é um modelo com bastante personalidade dentro do segmento. Faltava a ele, entretanto, uma opção mais eficiente para quem procurava o SUV com câmbio automático, tarefa a partir de agora cumprida com louvor pela versão Intense 1.6 CVT.
Segundo dados da fabricante, por volta de 50% dos clientes do Captur “nunca pensaram em ter um Renault”, enquanto apenas 5% de quem adquire um Captur também considerava a compra de um Duster, dado que nos mostra que não deve ter ocorrido a famosa “canibalização” entre os dois modelos.
Logo, se você gosta do visual do Renault Captur vale a pena investir na versão Intense CVT. Bem mais interessante do que qualquer uma outra dentro da gama, além de competitiva no segmento, o Captur com esse conjunto motor e câmbio pode não ser brilhante no segmento, mas mostrou-se camarada no consumo e na ótima lista de equipamentos. Vamos ver se o Captur a partir de agora conquista mais espaço na categoria.
Ficha técnica
Renault Captur 2018 Intense 1.6 16V flex automático 4p | |
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Preço | R$ 89.950 (03/2018) |
Categoria | SUV compacto |
Vendas acumuladas neste ano | 10.872 unidades |
Motor | 4 cilindros, 1597 cm³ |
Potência | 118 cv a 5500 rpm (gasolina) |
Torque | 16,2 kgfm a 4000 rpm |
Dimensões | Comprimento 4,329 m, largura 1,813 m, altura 1,619 m, entreeixos 2,673 m |
Peso em ordem de marcha | 1286 kg |
Tanque de combustível | 50 litros |
Porta-malas | 437 litros |