Teste: novo Hyundai Creta 1.6 turbo mostra força, mas é para poucos
Motor turbinado substitui o antigo 2.0 aspirado, mas se limita à versão top de linha
Era um dia daqueles que dizemos que tem um sol para cada um. Enquanto gravava o vídeo que você pode ver mais abaixo, a câmera travou duas vezes por superaquecimento. Quem me salvou foi o ar-condicionado do novo Hyundai Creta Ultimate, a única versão a contar com o inédito motor 1.6 turbo de 193 cv de potência e 27 kgfm de torque.
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O ar-condicionado, vale dizer que agora tem duas zonas de temperatura, ajudou a refrescar não só a câmera, mas o dia todo em que fui até um autódromo no interior de São Paulo para conhecer esta reestilização profunda do SUV mais vendido para pessoas físicas no Brasil. Era hora de ver ao vivo o visual que já havia visto muito em fotos de flagras e do lançamento dele na Índia.
Então vamos começar por aí. Sim, o visual agradou. Ao menos estranhou menos do que quando a segunda geração chegou com faróis e lanternas fragmentados e que com o tempo acabei me acostumando. Agora tudo está mais blocado.
Farol é um quadrado. DLR é uma barra que passa por cima da grade quadradona. Atrás, a lanterna horizontal deixou a criatividade em casa e ficou parecida com a de muitos outros carros, mas vou citar o Volkswagen T-Cross como exemplo. As laterais ao menos continuam as mesmas, com curvas e um aplique que nasce na coluna C e passa sobre as janelas. Agora ela é cinza escuro.
Por dentro, estranhei o painel com uma tela só atrás do volante. Ao ligar o carro dá para ver que são duas de 10,25 polegadas cada ocupando a mesma faixa. Uma fica para o painel de instrumentos e outra para a central multimídia que mantém o mesmo sistema do Creta antes dessas mudanças. Estranhei porque elas ficam mais baixas do que estamos acostumados a ver em um carro, mas é questão de convivência.
O novo Hyundai Creta cresceu 3 centímetros no comprimento por causa das mudanças nos para-choques, alcançando 4,33 metros. Mas segue com 1,79 m de largura, 1,63 m de altura e 2,61 m de entre-eixos. O porta-malas agora tem 433 litros, 11 litros a mais.
Mais forte e econômico
Segundo a Hyundai, o novo Creta com motor 1.6 chega aos 100 km/h em 7,8 segundos e atinge 210 km/h. O foco, no entanto, é no consumo. O antigo 2.0 fazia 7,7 km/l com gasolina na cidade e 12,4 na estrada. Com o novo propulsor esses números melhoram para respectivamente 11,9 km/l e 13,5 km/l.
Para tirar a dúvida se o carro anda bem, a pista do circuito Panamericano, na região e Itú, foi liberado para quatro voltas com o SUV equipado com o novo motor. A primeira volta eu usei para ver como se comporta a suspensão e conhecer cada curva da pista. Mas pista de corrida não tem buraco e nem lombada, então vou acreditar na Hyundai de que nada mudou nessa parte.
Na segunda já usei mais as sete marchas do câmbio automatizado de dupla embreagem com caixa seca e engrenagens banhadas a óleo. As trocas são rápidas, assim como as reduções com punta-taco automático. E com mais velocidade, a suspensão foi mais exigida nas curvas e ponto para o Creta: não fez nem menção de escorregar para fora da pista.
Em saídas de curva para ganhar velocidade novamente, o motor mostrou força, o que deve garantir boas retomadas em estrada e sempre com um destaque para o silêncio à bordo. O isolamento acústico está melhor do que quando testei o Creta com motor 1.0. Ou o 1.6 é mais silencioso e suave? Pode ser.
Na quarta volta os freios já não suportariam mais uma volta rápida —e nem foram feitos para isso— e resolvi passear um pouco mais com o Creta Ultimate de volta para os boxes com vontade de ver como esse motor vai se sair nas ruas.
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Para poucos
Uma pena que poucos consumidores vão colocar suas mãos no Creta Ultimate. É a versão top de linha do SUV e custa R$ 189.990. Tudo bem que ele é bem equipado, tem um acabamento bastante correto e um espaço interno digno de SUVs maiores, mas vamos às contas.
Por R$ 179.890, exatos R$ 10 mil a menos, você encontra o Toyota Corolla Cross XRE. Se quiser o XRX, o top de linha flex com motor 2.0 de 177 cv, vai pagar um pouco a mais: R$ 193.090. Se preferir um Jeep, o Compass Sport custa R$ 182.990 e é maior e mais bem acabado, além de contar com motor 1.3 turbo de 185 cv com mais torque que o Creta: 27,5 kgfm.
Ou seja, precisa querer muito um Creta ou fazer questão dos equipamentos extras do Hyundai top de linha ou esperar que o 1.6 turbo chegue às versões mais baratas. E não sei se isso vai acontecer. Se me refresca a memória, o 2.0 só existia para a Ultimate, então este critério deve ser mantido.