Teste: novo Chevrolet Tracker 2021 é a melhor compra no segmento?
Avaliamos o modelo com sua configuração topo de linha Premier
Lançado em março deste ano em meio à decretação da pandemia pelo novo coronavírus, o Chevrolet Tracker em sua nova geração certamente pode ser considerado uma das estreias mais importantes de 2020. Demorou, mas finalmente o Autoo conseguiu um acesso mais prolongado ao carro. Agora, podemos emitir uma opinião realmente aprofundada sobre a novidade, começando pela versão Premier.
No caso de um produto completamente renovado como o Tracker 2021, é interessante estabelecermos esse primeiro contato tomando como base o catálogo topo de linha do SUV, descobrindo em detalhes tudo o que ele é capaz de oferecer.
Compartilhando a versátil e moderna plataforma GEM com os irmãos Onix e Onix Plus, o novo Tracker 2021 não lembra em nada o modelo até então importado do México e mostra-se um utilitário esportivo bem competente em diversos aspectos.
Design é subjetivo e cabe a cada um ponderar suas percepções sobre o carro, mas a Chevrolet foi inteligente ao adotar linhas que conferem porte mais avantajado ao Tracker, como notamos em um Hyundai Creta, por exemplo. Sem nenhum exagero nos traços ou nas proporções da carroceria, o Tracker de maneira geral agrada na parte externa.
Por dentro, mesmo com um entre-eixos (2,57 m) numericamente distante do que um VW T-Cross entrega (2,65 m), o Chevrolet é muito competente no aproveitamento da cabine. Beneficiado por uma largura generosa (1,79 m), o novo Tracker acomoda 5 adultos com enorme tranquilidade, sendo uma excelente pedida para o uso familiar. O porta-malas do Chevrolet não vai além dos 393 litros, ficando bem atrás de modelos como o Creta, Nissan Kicks e o líder da categoria nesse assunto, o Renault Duster com seus 475 litros. De todo modo, o compartimento do Tracker 2021 mostra-se versátil e permite transportar volumes maiores, como um carrinho de bebê, sem passar aperto.
Atualmente tabelado em R$ 116.490, o Tracker Premier tem um valor mais elevado, como ocorre em qualquer versão topo de linha, porém merece elogio a estratégia da Chevolet em oferecer o SUV sem opcionais. Dessa forma, é mais simples para o consumidor escolher o modelo desejado, bem como, na hora da revenda, é possível oferecer o modelo por um valor mais exato. Hoje em dia a Volkswagen apresenta uma oferta muito fragmentada de opcionais para o T-Cross, o que está longe do ideal.
Pelo valor sugerido, o Tracker Premier reúne tudo o que se espera de um SUV moderno mais equipado, como teto solar panorâmico, revestimento interno de couro, 6 airbags, controles de tração e estabilidade, carregador de smartphones por indução, rodas de liga leve aro 17”, câmera de ré, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, além da central multimídia MyLink com Wi-Fi embarcado.
Os recursos de eletrônica embarcada do Tracker Premier também o projetam como um dos carros mais avançados da categoria, saindo de fábrica com o detector de pontos cegos, alerta de colisão com frenagem autônoma de emergência, assistente de estacionamento, entre outros. Um VW T-Cross Highline equivalente ao Tracker Premier demanda o acréscimo de alguns opcionais e tem preço quase R$ 15 mil mais caro. O Nissan Kicks SL Pack Tech tem preço mais acessível (R$ 109.790), mas só traz o alerta de colisão com frenagem automática como item de destaque. O recurso, é bom destacar, também não figura no T-Cross Highline mesmo com todos os opcionais.
É fato que o Tracker até mesmo em seu catálogo mais caro ainda poderia melhorar em alguns pontos. O painel de instrumentos, por exemplo, parece um tanto quanto acanhado demais, em especial ao compararmos com toda a sofisticação oferecida pelo cluster digital presente no T-Cross Highline. Apesar de a Chevrolet ter se esforçado com o uso de duas cores na cabine do Tracker Premier, no caso a preta e a azul “Captain Blue”, além de adotar um design envolvente e com boa ergonomia para o painel, console central e face interna das portas, os plásticos aplicados em algumas dessas regiões poderiam contar com um aspecto visual melhor.
De qualquer forma, além do espaço interno caprichado, merecem elogios os bancos do novo Tracker, em especial pelo ótimo apoio que fornecem ao corpo de motorista e do passageiro nos assentos dianteiros. A ampla regulagem da coluna de direção, tanto em altura como em profundidade, também facilita muito para se encontrar a posição de dirigir ideal.
Com 133 cv e 21,4 kgfm de torque, o motor 1.2 tricilíndrico presente no Tracker Premier oferece acelerações e retomadas plenamente satisfatórias. Com um 0 a 100 km/h na faixa de 9,5 segundos, o propulsor turbo trabalha em ótima sintonia com o câmbio automático de 6 marchas e ainda entrega competentes médias de consumo, no caso 11,2 km/l na cidade e 13,5 km/l na estrada com gasolina. É fato que um T-Cross Highline com seu 1.4 TSI é ligeiramente mais arisco no comportamento, proporcionando um 0 a 100 km/h cerca de um segundo mais rápido, mas não temos do que reclamar em termos de eficiência do Tracker 1.2. Curioso destacar o ruído bem peculiar e característico de motores com 3 cilindros, porém um trabalho de isolamento acústico um pouco melhor no SUV viria bem a calhar.
Na época da apresentação do Tracker 2021, muitos leitores apontaram como um fator negativo a presença do freio a tambor nas rodas traseiras, contudo o sistema, que contempla discos ventilados nas rodas dianteiras, mostrou-se plenamente adequado ao SUV. Durante nossa avaliação, em trechos urbanos e rodoviários, as respostas foram rápidas e eficientes. Precisando de 40,8 m para parar vindo a 100 km/h, a distância não abre margem para críticas.
Outro ponto polêmico do novo Tracker ficou por conta da altura em relação ao solo de exatos 157 mm, enquanto alguns rivais gravitam nos 200 mm. Mesmo com ângulo de ataque de 17º e de saída alcançando 28º, não notamos qualquer problema com o modelo para vencer rampas, lombadas e valetas mais profundas.
Olhando por outro lado, ao ter uma altura em relação ao solo mais próxima a de um carro de passeio convencional, o Tracker mostrou-se um carro bem estável e equilibrado, com uma carroceria controlada nas curvas e de rolagem lateral bastante reduzida.
No título deste teste e em nosso vídeo no YouTube, propusemos a seguinte questão: o novo Tracker 2021 é a melhor compra na categoria hoje em dia? Em breve vamos abordar mais detalhes sobre os catálogos 1.0 turbo (incluindo a versão PcD), mas logo de cara o Tracker Premier nos deixa claro que a Chevrolet preparou um modelo muito competitivo.
Ao dosar muito bem o conteúdo de itens de série em todas as versões com os valores cobrados, entregar conjuntos mecânicos modernos e eficientes, além de uma carroceria espaçosa e um rodar equilibrado, é justo mencionar que encontramos atualmente no novo Tracker uma das melhores opções de compra entre os SUVs compactos.
Ficha técnica
Chevrolet Tracker 2021 Premier Turbo 1.2 12V flex automático 4p | |
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Preço | R$ 126.190 (12/2020) |
Categoria | SUV compacto |
Vendas acumuladas neste ano | 49.378 unidades |
Motor | 3 cilindros, 1199 cm³ |
Potência | 132 cv a 5500 rpm (gasolina) |
Torque | 19,4 kgfm a 2000 rpm |
Dimensões | Comprimento 4,27 m, largura 1,791 m, altura 1,624 m, entreeixos 2,57 m |
Peso em ordem de marcha | 1271 kg |
Tanque de combustível | 44 litros |
Porta-malas | 393 litros |