Teste: Hyundai HB20 Comfort Plus

Vice-líder do mercado ainda é um carro agradável de dirigir mas já acusa o peso da idade
Hyundai HB20 2018

Hyundai HB20 2018 | Imagem: Autoo

Nem o mais pessimista executivo das montadoras tradicionais presentes no Brasil poderia imaginar o impacto que o HB20 teve no mercado quando chegou por aqui em 2012. O primeiro modelo da Hyundai projetado para o público brasileiro foi estrondoso sucesso e até hoje é o segundo carro mais vendido do país.

A explicação para esse fenômeno vem de uma combinação de fatores que envolve uma imagem positiva anteriormente construída com um produto pensado para agradar a quase todos. Na prática, a Hyundai criou um veículo tão equilibrado que lembra outro sucesso, o Corolla, da rival Toyota. O famoso carro “gente boa” que se não é excepcional em nada também não deve para ninguém. E, claro, as pessoas acabam confiando na marca e o levando para casa.

Mas, como se sabe, o tempo passa rápido no mercado de automóveis e os seis anos que separam a época do seu lançamento de hoje significam uma eternidade. Nesse meio tempo a Hyundai fez pequenas correções de rota sem que descaracterizar o veículo. Isso demonstra uma certa previsibilidade, porém, também se traduz num carro que já ficou velho em alguns sentidos.

TV digital

Autoo avaliou nos últimos meses a versão Comfort Plus, que vem equipada com um motor 1.0 de 3 cilindros e a central multimídia blueMedia com TV digital – preço em dezembro: R$ 49.390. É talvez o HB20 com o pacote mais bacana entre as versões populares e que traz itens como ar-condicionado, direção assistida, trio elétrico, computador de bordo, banco com regulagem de altura e, claro, a central que espelha o CarPlay e o Android Auto.

A “família” Comfort do HB20 responde por nada menos que um terço das vendas do hatch compacto, o que mostra a força desse pacote. E não é para menos: o Hyundai traz ainda um diferencial na qualidade de seu acabamento e construção que, embora exiba plásticos, é bem melhor trabalhado que muitos concorrentes.

Em suma, o HB20 continua sendo um carro de direção confortável e rodar confortável, a despeito da suspensão um pouco dura para suportar pisos muitos irregulares. Mas a sensação é que o Hyundai poderia ter evoluído mais nesse período.

Um exemplo disso é a direção hidráulica. Embora leve, ela deve em agilidade para outros carros, além disso o volante possui um diâmetro grande que torna o trabalho ainda mais lento. Está na hora de a Hyundai adotar uma direção elétrica no carro, sem dúvida.

Outro ponto em que o HB20 poderia ser melhor é no conjunto mecânico. O motor de 3 cilindros não é tão econômico quanto e de outros rivais nem oferece potência e torque no mesmo nível. E, para compensar essa deficiência, a Hyundai escalonou as marchas de tal forma que é possível partir em segunda marcha sem grande esforço. Um sinal de que a primeira está configurada para compensar a ausência de torque nas saídas.

 

 

O problema disso é que na estrada o HB20 1.0 fica manco e gastão, como pudemos constatar durante uma viagem de cerca de 400 km. Faltou a ele um recurso do seu principal concorrente, o Onix, que dispõe de uma sexta marcha para aliviar o giro alto.

Outro sinal da idade no HB20 está no espaço interno. Se ele estava dentro do esperado em 2012 hoje há carros bem maiores sem que isso implique numa performance piorada. O hatch da Hyundai precisa crescer sobretudo no banco traseiro.

Ao menos no design ele permanece agradável, porém, distante do atual estilo da marca. A central com TV não chega a ser um diferencial na compra afinal os canais abertos pouco acrescentam, ainda mais com a obrigatoriedade de saírem do ar com o carro em movimento por questões de segurança.

Novidade a caminho

Mas, afinal, por que falamos de mudanças no HB20? Por uma simples razão: ele está no fim da vida nessa geração. A Hyundai já até mostrou os traços do novo HB20 no Salão do Automóvel, disfarçado no conceito SAGA EV.

Pelo que se sabe, a montadora não fará uma revolução novamente. Em vez disso, usará a atual plataforma e promoverá melhorias pontuais em áreas em que o carro ficou para trás. O fato de manter parte do atual projeto pode não ser uma má notícia desde que o novo HB20 evolua onde precisa. Só torcemos para que a Hyundai não caia na tentação de “inventar” uma nova geração no moldes do que fez a Peugeot com o 207, um 206 com nova cara. Aí talvez os coreanos poderão cometer o mesmo erro de subestimar o conhecimento de carros do brasileiro. Algo extremamente arriscado.

Ficha técnica

Hyundai HB20 2019 Comfort Plus 1.0 12V flex manual 4p
Preço R$ NaN (09/2019)
Categoria Hatch compacto
Vendas acumuladas neste ano 86.571 unidades
Motor 3 cilindros, 998 cm³
Potência 75 cv a 6200 rpm (gasolina)
Torque 9,4 kgfm a 4500 rpm
Dimensões Comprimento 3,9 m, largura 1,68 m, altura 1,47 m, entreeixos 2,5 m
Peso em ordem de marcha 990 kg
Tanque de combustível 50 litros
Caçamba 0 litros
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