Teste: Hyundai Creta Prestige 2020

Modelo evolui em alguns pontos, de olho na forte concorrência do segmento
Hyundai Creta 2020

Hyundai Creta 2020 | Imagem: Divulgação

Pegando carona na boa reputação da marca por aqui, o Hyundai Creta sempre foi um sucesso de vendas desde seu lançamento em 2017. Ao combinar uma proposta bem interessante, com um porte mais robusto que o aproxima de um SUV médio, um bom porta-malas e uma cabine espaçosa para 5 passageiros, é inegável que o Creta entrega o que muitos brasileiros buscam em um utilitário esportivo. Com o sucesso do Hyundai também junto ao público PcD, não é de se estranhar que o Creta hoje é o segundo SUV compacto mais vendido do Brasil.

A concorrência, contudo, está cada vez mais acirrada no segmento, em especial com a chegada de novos competidores como o Citroën C4 Cactus, Volkswagen T-Cross e, logo no começo de 2020, a segunda geração do Chevrolet Tracker. Mesmo com a excelente aceitação que tem por aqui, a Hyundai sabia que era hora de mexer levemente no Creta para mantê-lo em alta frente ao seu público.

Aprimorando até onde os custos e a complexidade do projeto permitiram, a Hyundai trouxe para o Creta 2020 uma nova grade frontal bem como uma revisão para o conjunto óptico dianteiro. Os faróis ganharam na eficiência de iluminação ao receberem projetores, enquanto o novo para-choque frontal traz linhas “menos proeminentes e mais refinadas”, detalha a marca. A alteração na peça também permitiu um reposicionamento da iluminação diurna de LED, que agora fica ao redor do farol de neblina.

Na parte traseira, o para-choque também foi revisto, bem como as lanternas da versão Prestige avaliada aqui passam a contar com iluminação por LED, o que confere não só um efeito estético mais bonito, como também deixa o dono do carro livre de qualquer preocupação com lâmpadas queimadas ao longo dos anos, como muitas vezes ocorre em lanternas convencionais.

Mas é talvez no interior que o Creta Prestige 2020 revele as novidades que mais saltam aos olhos. O habitáculo do modelo conta agora com bancos com um revestimento mais sofisticado, com couro sintético de microfibra na cor marfim com alguns detalhes em marrom, contrastando com os plásticos do painel na mesma tonalidade. Foi uma escolha ousada da Hyundai, uma vez que a solução estética pode não agradar a todos, em especial pelo painel marrom. Os bancos, de fato, parecem mais nobres com o novo acabamento derivado do Creta Diamond, conceito que a marca exibiu no Salão de São Paulo 2018.

 

Apesar do interior bem resolvido em termos de espaço, o que faz do Creta um ótimo carro familiar, o modelo já dá sinais de que precisa de uma renovação. Alguns comandos e teclas já não parecem atuais, assim como o painel e o volante. É importante mencionar que, apesar de completar em 2019 três anos de mercado aqui no Brasil, o Creta, como ix25 no exterior, já era comercializado há um bom tempo, por isso seu projeto não é recente. Em alguns mercados já se fala da nova geração do Creta, algo que ainda vai demorar um pouco para ocorrer por aqui.

Voltando para contexto atual, no quesito praticidade o Creta Prestige 2020 ganhou carregador por indução para smartphones no console central, retrovisor interno eletrocrômico, rebatimento elétrico dos retrovisores externos e a interessante Hyundai Key Band, agora um item de série para o Creta Prestige. A pulseira também opera como chave presencial e pode interagir com o celular do proprietário do carro, operando como um smartwatch. Por meio de aplicativo e recursos, ela fornece informações como contador de passos e calorias, medidor de distância percorrida e ainda exibe notificações do celular, podendo também operar como um relógio.

Fora isso, o Creta Prestige segue equipado com a competente central multimídia blueNav com TV digital e suporte aos principais sistemas de espelhamento de smartphones, banco do motorista com ventilação, 6 airbags, controles de tração e estabilidade, rodas de liga leve aro 17”, entre outros recursos.

Mecanicamente nada muda no Creta Prestige 2020 e, talvez, aqui fosse o ponto onde mais aguardávamos por novidades. Ainda falta ao Creta oferecer conjuntos mecânicos mais eficientes, em especial quando olhamos para modelos mais recentes que acabam de chegar à categoria, como o Volkswagen T-Cross, por exemplo.

Não é à toa que muita gente acaba optando pelo Creta Prestige com seu motor 2.0 16V, uma vez que, nas opções 1.6 16V, o consumo chega a ser praticamente o mesmo em relação ao propulsor mais potente, sendo que o Creta 1.6 ainda fica devendo em desempenho.

Na hora de acelerar ou retomar velocidade, o Creta Prestige é convincente com seus 166 cv e 20,5 kgfm, mas na hora de abastecer é que ele deixa a desejar. Apesar das médias oficiais apontarem um consumo de 6,9 km/l na cidade e 8,2 km/l na estrada com etanol, foi comum durante nossa avaliação nos depararmos com um consumo na casa de 4,5 km/l no ciclo urbano utilizando o mesmo combustível. Em uso rodoviário, entretanto, conseguimos aferir resultados semelhantes aos do Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular. Vale a pena destacar que o Creta conta com câmbio automático de 6 marchas e start-stop, sistema que desliga o motor quando o carro encontra-se parado, caso contrário as médias poderiam ser piores.

Com gasolina, também de acordo com os dados homologados pelo Inmetro, o Creta 2.0 alcança parciais de 10 km/l na cidade e 11,4 km/l na estrada. Apenas como comparação, por um valor semelhante aos R$ 107.990 que a Hyundai cobra pelo Creta Prestige, já é possível cogitar a compra de um Volkswagen T-Cross com o eficiente motor 1.4 TSI. Dotado de turbo e injeção direta, o T-Cross Highline (R$ 109.990) pode ser inferior na potência (150 cv), mas tem um torque bem maior (25,5 kgfm), o que lhe confere acelerações e retomadas bastante ágeis. O estreante SUV da Volkswagen ainda não descuida do consumo e é capaz de percorrer 11 km/l na cidade e 13,2 km/l na estrada com gasolina.

Ao volante, fica claro que um propulsor mais moderno cairia como uma luva para o Creta Prestige, em especial pelo rodar impecável que encontramos no modelo. Sua suspensão é silenciosa e muito bem calibrada para nosso piso, enquanto a direção com assistência elétrica é precisa e tem a velocidade de atuação que se espera de um carro sem qualquer proposta esportiva, privilegiando o conforto e a facilidade na hora de manobrar. De uma maneira geral, a carroceria do Creta é estável e neutra nas respostas, com um comportamento dinâmico muito bem acertado.

Ao aprimorar detalhes estéticos e de estilo pontuais, o Creta 2020 se mantém fiel aos seus pontos fortes, que lhe renderam uma respeitável procura no mercado. É uma que, assim como alguns rivais como o Jeep Renegade 1.8 flex, ele ainda não tenha recebido motores mais avançados e eficientes. Para muita gente, entretanto, seus vários predicados parecem suplantar o consumo elevado e, com isso, o Creta certamente seguirá vendendo como nunca.

 
 
Hyundai Creta 2020
 
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Ficha técnica

Hyundai Creta 2020 Prestige 2.0 16V flex automático 4p
Preço R$ 107.990 (10/2019)
Categoria SUV compacto
Vendas acumuladas neste ano 47.760 unidades
Motor 4 cilindros, 1999 cm³
Potência 156 cv a 6200 rpm (gasolina)
Torque 19,1 kgfm a 4700 rpm
Dimensões Comprimento 4,27 m, largura 1,78 m, altura 1,635 m, entreeixos 2,59 m
Peso em ordem de marcha 1399 kg
Tanque de combustível 55 litros
Porta-malas 431 litros
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