Teste: Honda Fit EXL 2017
O Honda mostra no uso diário porque é tão querido por seus donos
Não é difícil você encontrar por aí que já está no seu segundo ou terceiro Honda Fit. Além disso, existem até mesmo aqueles que encontram-se tão satisfeitos com o seu exemplar de primeira geração do monovolume que relutam em trocá-lo por um mais novo. Mas qual é o segredo do Fit que o torna tão querido entre seus proprietários?
Basta passar alguns dias a bordo do modelo que você começa a entender grande parte dos motivos.
O primeiro deles, sem dúvida nenhuma, vai para a concepção e a proposta bem singulares no caso do Fit. Sua arquitetura, que conta com uma série de soluções para ampliar o espaço interno, sem dúvida nenhuma é um de seus pontos mais relevantes. Você pode procurar no mercado, mas nenhum hatch compacto ou outro modelo na casa dos 4 m de comprimento oferecerá o mesmo aproveitamento da cabine e um porta-malas semelhante ao do Fit.
Para o uso familiar, o Honda é um modelo mais do que indicado. Ele pode acomodar 5 passageiros com conforto, todos devidamente seguros por cintos de segurança de 3 pontos. Uma das grandes sacadas do Fit vai para seu prático sistema de rebatimento dos bancos, chamado de ULTRa a partir desta que é sua terceira geração. Se você não precisa da capacidade total do carro para o transporte de passageiros, é só destravar o encosto do banco traseiro e rapidamente você consegue rebater uma de suas duas partes (60/40), acomodando desde uma prancha de surfe, uma bicicleta, ou qualquer outro objeto mais volumoso. Precisa levar um vaso? Basta fazer a operação inversa e levantar o assento traseiro, abrindo uma generosa área entre o assoalho e o teto. Não há planta que resista a tamanha versatilidade... Com o banco traseiro completamente rebatido, o Fit vira um "utilitário" com 1.045 litros disponíveis para carga.
Mesmo sem sacrificar o espaço para os ocupantes, o porta-malas com 363 litros de capacidade do Fit supera, com folga, a capacidade encontrada nos hatches compactos e acomoda bem mais bagagens do que você coloca no compartimento de um Volkswagen Golf, por exemplo, com seu porta-malas para 313 litros. A favor do Fit e em relação a qualquer sedã, conta o fato do porta-malas ser muito mais prático para abrigar um carrinho de criança graças ao bom ângulo de abertura da tampa.
A partir da linha 2017 em especial a versão EXL ganhou melhorias consideráveis, com destaque para a central multimídia com navegador integrado e a ótima notícia da inclusão do airbag de cortina nessa configuração, totalizando 6 bolsas infláveis. A novidade é importante em especial para um carro que é muito utilizado por famílias. Infelizmente não foi dessa vez que a Honda passou a oferecer os controles de tração e estabilidade para o Fit, algo que, pelo visto, ficará mesmo para a próxima geração do monovolume ou quem sabe chegue ao modelo em conjunto com o facelift previsto para a linha 2018 do modelo. De qualquer forma, vale destacar também a estrutura muito segura do Fit para os passageiros, sendo que o modelo é classificado com 5 estrelas na proteção para adultos e recebeu 4 estrelas na proteção para crianças de acordo com testes do Latin NCAP.
Com a boa ergonomia peculiar aos carros japoneses e alemães, o Fit é um modelo de condução relaxada e confortável. Existem até mesmo alguns cuidados na cabine como o porta-copo posicionado na saída de ventilação à esquerda do motorista, que ajuda a manter a bebida mais fresca.
É fácil se instalar dentro do Honda Fit, em grande parte graças aos vários porta-objetos locais estratégcos do interior, mas talvez, mesmo na versão topo de linha, falte uma sensação de mais refinamento ao habitáculo. Claro que o revestimento interno de couro nos bancos e volante presente na versão EXL melhora o aspecto da cabine, mas os plásticos utilizados no Fit, um modelo que está longe de ser um carro “popular”, mereciam um seleção mais caprichada.
A central multimídia, um item cada vez mais fundamental nos carros e oferecida somente na versão mais cara do Fit como a testada aqui, não está imune a algumas falhas. A câmera de ré, por exemplo, não nos agradou por distorcer as imagens exibidas na tela. Talvez por usar uma lente grande angular, fica difícil ter a noção exata dos carros e demais objetos logo atrás do Honda. O sensor de estacionamento, que deveria ser um item de série sobretudo no Fit EXL, cairia muito bem ao modelo. O navegador nos agradou durante nossa avaliação a bordo do Fit, mas falta para a central multimídia a possibilidade de se comunicar com os smartphones utilizando os sistemas Apple CarPlay e Android Auto, recurso que muito provavelmente deve figurar no equipamento a partir do Fit 2018.
Ao contrário da geração anterior, as rodas de liga leve aro 16” do Fit EXL não representam mais nenhuma ameaça ao conforto e o Fit repete no rodar todo o bem-estar a bordo que oferece aos passageiros. Seu conjunto de suspensão é calibrado para ser competente na absorção de irregularidades no piso como para manter a carroceria sempre estável. Esqueça qualquer tempero esportivo a bordo do Fit, que, na mesma linha, não faz questão de oferecer trocas sequenciais por meio de borboletas no volante.
Coerente com sua proposta racional, o conjunto motor e câmbio do Fit está mais do que adequado para o monovolume e não deixa a desejar na eficiência. O motor 1.5 16V, que conta com recursos como o comando de válvulas variável, mesmo sem o auxilio de turbo ou injeção direta consegue otimizar bem a queima de combustível para entregar até 116 cv com etanol. Não é uma potência de tirar o fôlego, porém o Fit não é um carro apático na hora de acelerar e, mesmo com 5 pessoas e bagagem, realiza ultrapassagens sem preocupar o motorista.
O câmbio CVT, que ainda é um tabu no Brasil sendo amado por alguns e odiado por outros, colabora muito para o comportamento satisfatório do Honda Fit ao volante. Com parciais de ótimos 12,3 km/l na cidade e 14,1 km/l na estrada, ambas com gasolina, o Honda Fit é um dos ilustres detentores do Selo Conpet de Eficiência Energética, obtendo classificação A tanto na categoria “compacto” quanto na “comparação absoluta geral” de acordo com a lista dos modelos inscritos no Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular.
O Fit é um modelo tão original em suas características que até hoje não tem um rival direto no mercado brasileiro. Lá fora, alguns concorrentes como o Nissan Note, que chegou a ser cogitado para o Brasil, servem como alternativa aos consumidores. Essa paz do Honda Fit no mercado nacional permite que a Honda não seja muito condescendente no preço, já que para levar um Fit EXL para casa atualmente você desembolsa exatos R$ 78.900. Muita gente reclama – e nos também concordamos – que por esse valor o Fit deveria oferecer bem mais em termos de equipamentos, como os já citados controles de tração e estabilidade.
Se você não faz questão da central multimídia (acha que seu smartphone já está de bom tamanho) e o revestimento de couro pode ser colocado futuramente, a versão LX CVT desponta como uma boa alternativa para o Fit. Ela é tabelada em R$ 67.600, o que permite uma bela economia em relação ao Fit topo de linha.
Com um conjunto que entrega praticamente tudo o que esperamos de um carro, como bom conforto e amplo espaço interno, conjunto mecânico robusto e econômico e facilidade para acomodar as bagagens, o Honda Fit se mantém como uma excelente opção para quem precisa de um carro com perfil familiar, mas sem abrir mão de uma carroceria compacta. Esse é o pulo do gato do Fit! O modelo de entrada da Honda por aqui também é uma excelente alternativa aos sedãs compactos, em especial se você não é lá muito fã de carros três volumes, mas cogitava a compra apenas pelo bom porta-malas. O Fit exige um investimento maior na hora da compra, mas sem dúvida nenhuma ele compensa os Reais a mais gastos para sua aquisição. É bem possível que por volta do fim deste ano a linha 2018 do modelo chegue às lojas trazendo pequenas novidades no visual e talvez um leque maior de equipamentos. Se você não tem pressa, vale a pena esperar mais um pouco e adquirir o modelo já com a nova linha. Há muito tempo o Honda Fit lidera o ranking de vendas entre os familiares compactos e não é sem razão.
Ficha técnica
Honda Fit 2017 EXL 1.5 16V flex automático 4p | |
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Preço | R$ 78.900 (05/2017) |
Categoria | Familiar compacto |
Vendas acumuladas neste ano | 12.834 unidades |
Motor | 4 cilindros, 1497 cm³ |
Potência | 115 cv a 6000 rpm (gasolina) |
Torque | 15,2 kgfm a 4800 rpm |
Dimensões | Comprimento 3,998 m, largura 1,695 m, altura 1,535 m, entreeixos 2,53 m |
Peso em ordem de marcha | 1101 kg |
Tanque de combustível | 46 litros |
Porta-malas | 363 litros |