Teste: Ford Mustang GT Premium 5.0 V8
Esportivo finalmente chega ao Brasil de forma oficial e surpreende pela versatilidade no uso cotidiano
Com uma história que remonta aos anos 60 e já soma seis gerações, o Ford Mustang é um modelo que dispensa apresentações. Com uma receita que projetou seu sucesso junto ao público norte-americano ao ser uma opção de carro esportivo e com bom desempenho por um preço camarada (pelo menos por lá), não demorou para que o Mustang ganhasse as telas de cinema uma fama que extrapolou as fronteiras dos EUA.
Aqui no Brasil, onde conta com uma boa legião de fãs, segundo dados da Ford rodam por aqui exatas 1.610 unidades do Mustang de 1998 a dezembro de 2017 que foram importadas por empresas independentes, o que mostra que o cupê sempre despertou o interesse dos brasileiros.
Uma das premissas da atual sexta geração do Mustang é que o cupê dessa vez nasceu para ser global, o que facilitou os planos da Ford para finalmente disponibilizar o modelo por aqui. Aliás, ele será comercializado em cerca de 140 países, com toda a produção centralizada na fábrica de Flat Rock (EUA). De qualquer forma, nós temos motivos extras para celebrar a chegada oficial do Mustang por aqui, uma vez que coube ao time de engenharia da Ford no Brasil um envolvimento mais profundo no projeto do novo Mustang. Os brasileiros ficaram responsáveis pelo desenvolvimento do sistema de admissão de ar e dos coxins do motor, bem como também participaram do aprimoramento dos sistemas de arrefecimento do motor e das linhas de combustível.
Ao contrário dos Estados Unidos, onde por lá o Mustang é oferecido com uma gama maior de versões e motores, a Ford decidiu adotar uma estratégia parecida com a da GM para o Camaro SS e trouxe apenas a versão mais brava do Mustang, no caso a GT Premium acrescida do Performance Pack. Obviamente o destaque dessa versão vai o motorzão 5.0 V8 sob o capô, algo raro de se ver em tempos de downsizing.
Do “Coyote”, como é carinhosamente chamado o V8, são produzidos 466 cv de potência a generosos 7.000 rpm e 56,7 kgfm de torque máximo a 4.625 rpm, porém 82% desse total já está disponível a 2.000 rpm. Se olharmos para o concorrente mais óbvio e direto do Mustang, no caso o Camaro, o cupê da Chevrolet entrega um pouco menos de potência (461 cv), porém consagra-se no torque de 62,9 kgfm em especial graças ao maior deslocamento de seu V8, no caso com 6.2 litros.
O Camaro SS é ligeiramente mais rápido no 0 a 100 km/h, cumprindo a prova em 4,2 segundos contra 4,3 segundos do Mustang GT (sejamos justos, um empate técnico...). O Ford ainda mostra-se um pouco mais pesado, registrando 1.783 kg na balança em relação aos 1.709 kg do Camaro, o que lhe custa alguns pontos no consumo. Mesmo com um moderno câmbio automático de 10 marchas capaz de realizar as trocas em apenas 0,5 segundo, o Mustang GT registra médias de 5,9 km/l na cidade e 8,9 km/l na estrada, números até que aceitáveis considerando que estamos falando de um esportivo de alto desempenho, mas o Camaro SS se sai melhor nesse aspecto. Com sua transmissão de 8 marchas, que também mostra-se eficiente, ele entrega parciais de 6,5 km/l em uso urbano e 9,6 km/l em rodovias. Lembre-se que os dois cupês só aceitam gasolina e, ao contrário de unidades importadas de forma independente, já estão preparados para aceitar a mistura de etanol em nosso combustível.
Se não deve nada quando o assunto é desempenho, é elogiável notar o quanto o Mustang evoluiu em sua sexta geração em especial do ponto de vista do comportamento dinâmico.
Pesa muito a seu favor recursos avançados como a suspensão adaptativa, por exemplo. Ao utilizar amortecedores com um fluido viscoso eletromagnético, é possível alterar bem o caráter do carro em diferentes tipos de uso. Soma-se a isso os modos de condução (Normal, Esportivo, Esportivo+, Pista, Drag e Neve/Molhado para pisos com pouca aderência). O Mustang GT conta até mesmo com um recurso chamado Line Lock, que freia as rodas dianteiras e permite realizar de forma fácil o chamado burnout dos pneus traseiros.
Curioso é que o porta-malas de 382 litros do Mustang até mostra-se preparado para lidar com a bagagem de duas pessoas para uma viagem não muito longa. Com tudo isso, você consegue usar o cupê de forma até que confortável no dia a dia, desde que o piso não seja extremamente castigado. É claro que isso é muito mais problema do nosso piso do que do carro em si, mas ele nos surpreendeu o quanto pode ser amigável tanto no uso urbano ou a caminho de um autódromo...
O Autoo teve a oportunidade de avaliar o Mustang GT também no autódromo de Interlagos, onde o cupê mostrou-se também um carro muito mais refinado dinamicamente do que se poderia esperar de um esportivo americano em outros tempos.
O Performance Pack que faz parte das unidades comercializadas no Brasil destaca-se não só pela suspensão adaptativa já citada, mas também por trazer consigo o conjunto de freios esportivos de alta desempenho. Concebido pela Brembo, o conjunto utiliza freio a disco ventilado de 15” na dianteira com pinça de 6 pistões e outro conjunto de freio a disco com 13” e pistão simples para as rodas traseiras. Outro ponto muito positivo vai para os pneus especiais que calçam as rodas de liga leve aro 19”. Eles contam com uma tecnologia especial para melhorar a área de contato com o solo mesmo em curvas mais agressivas. Com dimensões 255/40 na dianteira e 275/40 no eixo traseiro, é nítido como o conjunto de pneus influencia na estabilidade e firmeza das respostas do Mustang GT quando altamente solicitado na pista.
Para os amantes do mundo do track day ou o uso do carro em pista, algo que pode ser comum na rotina do Mustang, a Ford equipou o modelo com um recurso muito interessante chamado Track Apps. Por meio dele, é possível registrar diversas informações como os tempos de aceleração, volta e frenagem, visualizando tudo na tela do painel digital. Existe também no Mustang GT um sistema de válvula ativa de escapamento que permite graduar o som expelido pelas ponteiras duplas em quatro níveis, desde o funcionamento silencioso até a liberação máxima do ronco esportivo. A personalização é tamanha a bordo do Mustang que é possível programar em qual período do dia você quer que o carro fique mais silencioso, privando os vizinhos e a família de muito barulho logo cedo.
Rápido nas acelerações e nas retomadas, seguro e equilibrado para frear e primoroso nas respostas ao volante, é fácil entender porque a Ford está classificando a presente geração do Mustang como a melhor de todos os tempos e porque ele está colecionando ótimos números de venda mesmo na Europa, onde o público tem mais acesso aos tradicionais esportivos alemães.
Aqui no Brasil, a Ford comemora o fato de que em sua campanha de pré-venda, inciada no fim do ano passado, conseguiu concretizar o emplacamento de 275 unidades. Um bom número considerando que estamos falando de um esportivo de R$ 299.900.
Por esse valor, o Mustang GT Premium chega à rede de 350 concessionárias Ford (sendo 36 delas especializadas em reparos mais profundos) com um bom pacote de itens de conforto e tecnologia. Além de tudo o que foi citado aqui, o cupê traz de série recursos como a central multimídia Sync 3 trabalhando em conjunto com um sistema som premium com 12 alto-falantes, painel digital de 12” amplamente configurável, controles de estabilidade e tração, 8 airbags, piloto automático adaptativo, frenagem autônoma de emergência, sistema de permanência em faixa, alerta de fadiga, sensor de chuva, farol alto com comutação automática, dentre outros.
Ao contrário da Chevrolet, que importa também ao Brasil a versão conversível do Camaro, a Ford alega não ter planos para trazer outras versões do Mustang além da GT Premium, o que faz sentido uma vez que o público desse tipo de carro por aqui faz questão das versões topo de linha e geralmente também investe em uma blindagem para o carro.
A Ford também não faz apostas em qual será seu volume de vendas do Mustang por aqui, mas acredita que nesse início de comercialização boa parte da demanda reprimida pelo cupê será atendida nesse primeiro momento. Uma questão interessante é que a Ford cuidou também do pós-venda do modelo aqui no Brasil, preparando um custo fixo de revisões que vai ficar em R$ 2.880 ao longo dos três primeiros anos, um valor bem menor em relação à esportivos com nível de desempenho semelhante de marcas de luxo tradicionais. Também está previsto um valor de seguro mais camarada para o Mustang graças a uma parceria da Ford com uma seguradora.
Oferecendo o mesmo nível de performance por um preço cerca de R$ 10.000 menor, em relação ao Camaro o Ford Mustang tem a vantagem de oferecer um pacote de eletrônica embarcada, principalmente em relação aos assistentes de condução, superior em relação ao Chevrolet, por isso se posiciona como uma opção mais interessante. Se você quer se presentear com um belo cupê para passear no fim de semana, levar a uma pista ou simplesmente mostrar para os amigos, o Mustang GT é uma bela escolha!
Ficha técnica
Ford Mustang 2018 GT Premium 5.0 32V gasolina automático 2p | |
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Preço | R$ NaN (10/2019) |
Categoria | Esportivo médio |
Vendas acumuladas neste ano | 350 unidades |
Motor | 8 cilindros, 5037 cm³ |
Potência | 466 cv a 7000 rpm (gasolina) |
Torque | 56,7 kgfm a 4600 rpm |
Dimensões | Comprimento 4,789 m, largura 1,916 m, altura 1,382 m, entreeixos 2,72 m |
Peso em ordem de marcha | 1783 kg |
Tanque de combustível | 60 litros |
Porta-malas | 382 litros |