Teste com o Peugeot 308 Griffe THP 1.6
Demorou, mas o hatch da Peugeot enfim tem um pacote respeitável na linha 2016
Se por um lado os SUVs ficaram imunes a queda nas vendas no ano passado, os hatches médios conseguiram vender menos que a média geral. O segmento, que já foi um dos mais desejados no Brasil, ‘sangra’ desde 2012 quando o governo passou a taxar os importados com 30 pontos extras de IPI. A medida atingiu em cheio o Hyundai i30, modelo que havia vendido mais de 80 mil carros nos três anos anteriores.
Desde então, o mercado de hatches definha: se em 2010 respondia por cerca de 150 mil emplacamentos hoje esse total não deve atingir 45 mil unidades em 2015, uma estupenda queda de 70%.
Não é à toa que o número de concorrentes tenha caído de 12 modelos em 2012 para apenas sete carros no ano passado. Simplesmente, hoje quase ninguém quer um hatch médio. Uma pena para a Peugeot porque enfim o 308 chegou a um patamar de conteúdo, desempenho e preço que o deixou bastante vantajoso.
De R$ 71.490 a R$ 84.490 hatch médio Ford Focus e Volkswagen Golf 3.266 unidades 1.6 THP (versão Griffe) 173 cv a 6.000rpm 24 kgfm a 1.400rpm Automática de 6 velocidades 4,29 m de comprimento, 2,06 m de largura, 1,52 m de altura e 2,61 m de entreeixos 1.392 kg 430 litrosPeugeot 308 Griffe 2016
Resumo
Preço
Mecânica
Motor
Dimensões
Medidas
Dupla dinâmica
O modelo ganhou um facelift caseiro no ano passado, com retoques que o deixaram mais parecido com a nova geração francesa. Além de bonito, o 308 também corrigiu alguns pontos fracos do passado como a suspensão dura, que batia seco em pisos esburacados. A Peugeot também resolveu ouvir a crítica e disponibilizar o conjunto motor 1.6 THP e transmissão automática de seis marchas por um preço condizente, deixando em segundo plano a surrada solução do motor 2.0 aspirado e câmbio de quatro marchas ainda derivados do antigo 307.
E agora o propulsor 1.6 é flex, o que faz do 308 só não mais potente que o Focus 2.0 e seu motorzão aspirado (178 cv contra 173).
Por dentro, o 308 recebeu apenas uma atualização visual, ou seja, persiste em carregar elementos já cansados como os mostradores digitais do ar-condicionado em tom laranja ou o painel de instrumentos com grafismo datado.
Central decente
Sim, o 308 ainda lembra muito o 307 de 15 anos atrás. A manopla do câmbio automático usa a mesma configuração de ‘escadinha’ para escolher o modo de condução e a direção continua a ser do tipo hidráulica (agora eletrohidráulica) enquanto seus principais rivais evoluíram para a assistência elétrica.
Ou seja, há um ar familiar ao guiar o hatch da Peugeot, mas com ganhos em eficiência e agilidade já que a direção está mais direta. No entanto, não chega a ser a sensação de novidade que existe nos irmãos menores 208 e 2008.
Luz natural
As grandes virtudes do 308 continuam a ser o espaço amplo na cabine, a maior da categoria assim como o porta-malas generoso para um hatch. Na versão Griffe, avaliada, essa sensação é mais intensa ainda graças ao enorme teto solar.
Mas não é só nisso que o Peugeot agrada. Sua lista de equipamentos de série é bem generosa. Já vem de série com ar-condicionado bi-zona, sensores de estacionamento dianteiro e traseiro com câmera de ré, luzes diurnas de LEDs, bancos de couro e a central multimídia que espelha os sistemas Carplay (Apple) e Android Auto (Google).
E o xeque-mate do 308 é o preço mais em conta: custa R$ 82.990 na versão top, valor inferior o Focus da versão intermediária SE Plus (R$ 83.500) ou o Golf de entrada Comfortline (R$ 83.290). É um pouco mais caro que o Cruze LT (R$ 79.890), mas traz muito mais conteúdo, potência e tecnologia que o modelo da Chevrolet.
Inimigo interno
Em suma, o Peugeot 308 é agora um hatch mais agradável de dirigir, econômico, espaçoso, bem equipado (embora falte alguns recursos encontrados nos rivais como freio de estacionamento elétrico ou paddle-shifts no volante) e por um preço condizente cuja desvalorização é semelhante a de seus rivais produzidos por grandes marcas no Brasil.
O problema do 308 é ‘interno’: mais e mais pessoas preferem pagar o mesmo valor por um SUV como o 2008 da própria Peugeot e isso é algo que os números não conseguem convencer ao contrário.