Preços caem em abril, mas taxas de financiamento travam mercado automotivo
Segundo especialista, taxa de juros para carros de passeio ficou ''proibitiva'' e beira 29% ao ano
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Taxas de financiamento elevadas impedem acesso ao veículo novo | Imagem: Agência Brasil
A KBB Brasil divulgou nesta segunda-feira (15) a sua pesquisa de monitoramento de preços referente ao mês de abril, a qual apontou queda principalmente entre os automóveis seminovos e usados.
Segundo o levantamento, os automóveis 0 km registraram uma queda de 0,37% nos preços, sendo que, no caso dos carros seminovos (até 3 anos) a redução média foi de 1,8% no mês passado no caso de unidades modelo 2023.
Entre os usados (de 4 a 10 anos de uso), os veículos modelo 2015 ficaram 0,77% mais baratos em abril.
De acordo com Fernando Barros, gerente de precificação e validação da Cox Automotive do Brasil, “o cenário de preços de abril não apresentou tanta alteração se compararmos com o levantamento de março. O endividamento das famílias em alta, a taxa de juros mantida em patamares elevados, a inadimplência sem sinal de estabilização e a renda familiar ainda (bem) abaixo do esperado são os principais culpados pelo atual momento do mercado de automóveis no país”.
Segundo Barros, a questão da alta taxa de juros praticada no país resulta em preços em queda, principalmente o de seminovos e usados, enquanto o segmento de veículos zero quilômetro fica estagnado pelas incertezas econômicas e do mercado.
O executivo da Cox Automotive do Brasil embasa sua análise citando uma fala recente de Fernando Trujillo, sócio da consultoria S&P Global, o qual também questiona o atual patamar da taxa Selic.
“A taxa Selic está super elevada. Se falarmos de taxa de juros específica para veículos leves, ela está quase em 29%. É uma taxa proibitiva para a aquisição de veículos. A disponibilidade de crédito vem aumentando, porém, para uma faixa de consumidor menor. Quem precisa do crédito, o consumidor de baixo poder aquisitivo, não está conseguindo”, explicou Trujillo durante a Automec 2023.
A perspectiva, acrescenta Fernando Barros, é que o cenário de baixa procura dos consumidores por um carro novo ou usado perdure por mais alguns meses, esperando um cenário mais positivo de crédito e taxas de juros atrativas.
