Tambor x disco: vantagens de cada um dos sistemas de freio

Um é mais barato. O outro é mais moderno. No entanto, isso não quer dizer que um seja necessariamente melhor que o outro
Acima o freio de alta performance utilizado pela Mercedes-AMG

Acima o freio de alta performance utilizado pela Mercedes-AMG | Imagem: Divulgação

Basta um carro novo ser lançado para que os mais críticos olhem diretamente para as rodas traseiras da novidade para conferir se foi usado freio a tambor. E, se a suspeita se confirma, começam as acusações de que a montadora fez economias que afetam a segurança. Mas será mesmo esse o caso?

Tambor: custo baixo e uso em pesados

Enquanto o freio a tambor é, de fato, mais barato de se produzir do que um freio a disco, isso não quer dizer que ele tenha menos capacidade de frenagem. Inclusive, o sistema mais antigo ainda guarda outras vantagens técnicas. Por exemplo, sendo um sistema fechado, com o tambor em si selando os componentes internos, como sapatas, molas e pistão de acionamento, ele é mais resistente às intempéries. Além disso, as sapatas de freio, geralmente duas por tambor, proporcionam uma grande área de contato para os materiais de fricção. Até por isso, veículos pesados, como caminhões, ainda lançam mão do freio a tambor.

Só que o sistema vem se tornando menos comum e, em veículos de passeio, não se vê um tambor de freio nas rodas dianteiras há décadas. O grande revés do sistema de freios com tambores é exatamente seu trunfo. Sendo fechado e com uma grande área de contato, gera muito calor e não tem como o dissipar. Assim, enquanto em uma frenagem de emergência tambor e disco podem parar um veículo com eficiência similar, o primeiro vai deixar de ser eficiente se for exigido constantemente e por mais vezes.

Freio a tambor: geralmente aplicado nas rodas traseiras, tem concepção mais simples e custo menor
Freio a tambor: geralmente aplicado nas rodas traseiras, tem concepção mais simples e custo menor
Imagem: Divulgação

Disco: mais recomendado para exigências contínuas

Já o sistema de freios a disco é uma das tecnologias que a Fórmula 1 trouxe aos carros de passeio. São mais leves e possuem menos componentes, tendo o rotor (disco em si), a pinça e o pistonete que empurra a pastilha de freio contra o disco. Além do peso menor, ele traz a vantagem de uma grande dissipação de calor. 

A eficiência vem de estar totalmente exposto, além do fato de poder receber ar continuamente, o que significa que eles podem dissipar o calor gerado pelo atrito mais rapidamente. Assim, levam muito mais tempo para perderem eficiência e podem ser submetidos a mais esforço por um período de tempo maior.

Se o disco é melhor, por que usamos tambor?

Se você observar um carro durante uma frenagem, verá que todo o peso do carro é transferido para a dianteira, causando um “mergulho” da frente do veículo. Nessa situação, são os freios dianteiros que mais são exigidos, pois é lá que o peso vai parar. O freio a disco é melhor? Sim, mas nem sempre a sua eficiência extra é necessária e, algumas vezes, pode ser apenas um custo que pode ser dispensado.

Principalmente em carros compactos e veículos de passeio, o freio a tambor cumpre bem a função e não cobra a mais por isso. Tanto que, mesmo quando se tem freio a disco na traseira, os rotores e as pinças são menores, pois não precisam trabalhar de maneira tão intensa quanto no eixo frontal. Onde o freio realmente é exigido - nas rodas dianteiras - o uso do sistema por discos e pinças já é a regra em veículos de passeio. Até mesmo em caminhões, já vem se adotando mais o disco de freio na dianteira.

Então, principalmente no caso de veículos leves e de passeio, o custo extra de um freio a disco nem sempre se justifica, principalmente em segmentos onde o preço é algo sensível para o comprador. Assim, ao ver um carro novo com freio a tambor na traseira, não se assuste. Quem realmente vai parar seu veículo são as rodas dianteiras, que já têm freio a disco.

As diferenças entre os sistemas de freio
Carros de desempenho superior em sua maioria contam com freio a disco 
Imagem: Divulgação

Thiago Moreno

Thiago é jornalista do setor automobilístico desde 2008 e possui pós-graduação em Gestão Automotiva