SUVs compactos mostram raro equilíbrio nas vendas em 2018

No Brasil existem os veículos campeões de vendas por segmento. Pense no hatch compacto mais vendido? Fácil, Onix, da Chevrolet. E o sedã médio mais bem sucedido? Moleza: Toyota Corolla. E SUV médio? Um banho do Jeep Compass, que emplaca bem mais que a soma dos concorrentes. Mas e no cada vez maior segmento de utilitários esportivos compactos, também chamados de jipinhos?

Bem, até o ano passado seria fácil apontar o líder, o Honda HR-V, mas em 2018 essa vantagem desapareceu. Com a chegada de novos rivais, as vendas do modelo estão estagnadas nos primeiros sete meses de 2018. Foram 26,5 mil unidades emplacadas, um pouco menos que em 2017 (26,7 mil). Mas acontece que a categoria está em crescimento este ano de quase 30%, ou seja, quem ficou parado perdeu.

E teve gente que cresceu na preferência do consumidor. Tracker, Creta e, sobretudo, o Kicks tiveram uma bela alta nas vendas. Com isso, hoje a diferença entre o 1º (HR-V) e o 4º colocado (Creta) é de apenas 2,2 mil unidades. E o pelotão de trás não faz feio: abocanhou 60% das vendas este ano.

Para se ter uma ideia como o mercado ficou mais disputado em 2018 basta lembrar que o Honda e o Renegade, vice-líder, abocanhavam quase 60% das vendas em 2016. Os velhinhos EcoSport e Duster juntos representavam outros 26% dos emplacamentos. Agora, HR-V e o Jeep têm apenas 31% do mercado, ou seja, perderam quase metade dos clientes.

Enquanto isso, a Hyundai viu o Creta tomar quase 15% das vendas, assim como a Nissan com Kicks. A Chevrolet, que renovou o Tracker no ano passado, conseguiu quase triplicar suas vendas, mesmo trazendo o modelo do México, uma desvantagem logística (embora compensada pelo custo menor de produção, estima-se). Também a Ford fez um bom trabalho com o Eco ao aprimorar a motorização e o acabamento. O resultado é que o SUV pioneiro voltou a crescer nas vendas, porém, praticamente com sua participação estável.

Francesas na pior

Se para algumas marcas o segmento mais quente está bombando para as francesas a situação está complicada. A Renault, que chegou até a fazer o Duster vender mais que o EcoSport agora vê seu SUV vender metade do que conseguia em 2015. Parte do problema (e solução) veio com seu irmão mais atraente, o Captur. O problema é que o novo utilitário esportivo mal repôs o que a marca perdeu há três anos. Com isso, a Renault hoje tem 13,7% das vendas da categoria contra 23,8% há três anos.

No entanto, nada é pior do que a Peugeot. O simpático 2008, lançado em 2015, nunca teve um desempenho arrebatador nas vendas mas este ano a coisa está piorando. Foram pouco mais de 5 mil emplacamentos, segunda queda consecutiva em meio a um mercado em crescimento. Agora a PSA, sua dona, prepara-se para contra-atacar com C4 Cactus, primo que a Citroën lançará este mês com vendas previstas para setembro.

Receita para todos os gostos

Mas o que explica tamanho equilíbrio na preferência do consumidor? Como sempre, são vários motivos entre eles uma variação de preço bastante grande. É possível comprar um Kicks por cerca de R$ 72 mil ou um Renegade diesel por R$ 130 mil.
Outro fator que potencializou as vendas do segmento foi o lançamento de versões PCD. A Nissan e a Hyundai, por exemplo, acabaram suspendendo a disponibilidade desses modelos tamanha a procura.

Já no aspecto técnico, nenhum deles chega a se sobressair completamente. Se o HR-V possui algumas características superiores como o espaço interno ou freios a disco nas quatro rodas ele também é mais caro que seus concorrentes. Se o Renegade possui um visual bastante original seu desempenho não chega a empolgar assim como o porta-malas. A Nissan, por exemplo, decidiu oferecer apenas um motor 1.6 de potência pequena, mas compensou ao fazer do Kicks um carro leve. Já a Hyundai optou por equipar o Creta com o 2.0 potente, porém, paga pelo alto consumo.

Como se vê, há versões para todos os gostos e um equilíbrio que poderia existir em outras categorias.