Supervalorização de SUVs para PcD: Tracker quase dobrou de valor!
Em um ano, valor pago no Chevrolet registrou aumento de 80%
Quem está pesquisando um carro hoje em dia já se deparou com a disparada no preço de veículos novos e usados.
Problemas logísticos, falta de peças, fábricas paradas e a demanda crescente do público por um meio de transporte individual, a fim de aglomerações na pandemia, ajudam a explicar como chegamos a esse cenário.
Em meio a tudo isso, merece uma análise mais aprofundada o que ocorreu com os SUVs compactos em suas configurações para vendas diretas, que também atendiam o público PcD.
A supervalorização de alguns carros usados entre 2020 e 2021 criou situações em que o valor de tais veículos corresponde a quase o dobro do que foi gasto para adquiri-los.
Um bom exemplo é o que ocorreu com o Chevrolet Tracker.
Até o primeiro semestre de 2020, quando o SUV estava com seus pedidos abertos e era oferecido normalmente ao público PcD, quem optou pelo Tracker no catálogo R8U pagou R$ 56.877 pelo SUV à época, já com as isenções de ICMS e IPI.
Atualmente, segundo a tabela Fipe deste mês, o mesmo Tracker 1.0 turbo automático para PcD tem preço médio de R$ 102.120, portanto um enorme aumento de 79,5% em relação ao preço que o consumidor gastou cerca de um ano antes. Se utilizarmos como exemplo o preço “cheio” do Tracker em questão, no caso R$ 70.000 antes dos abatimentos tributários, estamos falando de uma alta de 45,8%.
Demais SUVs
Outros SUVs compactos, que também contavam com procura elevada entre o público PcD antes da suspensão de novos pedidos para a compra com isenção, igualmente registraram uma disparada de preços neste ano no mercado de usados.
O Jeep Renegade 1.8 automático, por exemplo, consta atualmente na tabela Fipe com preço médio de R$ 84.580, enquanto o VW T-Cross Sense com um ano de uso é comercializado por R$ 88.251. O VW voltou recentemente às concessionárias, porém oferecido ao público em geral a partir da linha 2022.
Enquanto era comercializado somente ao público PcD, o T-Cross Sense com todas as isenções custava exatos R$ 57.630, portanto uma alta de 53,1% no valor pago pelo SUV ao longo de um ano.
O Jeep Renegade até então exclusivo para PcD contava com valor final de R$ 54.662 (alta de 54,7%). Tanto o T-Cross Sense quanto o “Renegade PcD” custavam R$ 69.990 antes das isenções.
Nem todos os SUVs para venda direta, entretanto, viram seus valores darem um salto.
Abalado pelo fechamento das fábricas da marca no Brasil, o Ford EcoSport SE Direct pode ser encontrado hoje em dia por R$ 79.709.
Se comparado com o seu valor final de R$ 53.191 após as isenções, que era praticado enquanto o SUV estava em linha, estamos falando de uma alta de “apenas” 49,8%, o que não deixa de ser algo substancial.
Situação do mercado
Como relatamos no começo da reportagem, por conta da quebra na cadeia de suprimentos da indústria e as alterações na isenção do ICMS, em especial no estado de São Paulo, muitas fabricantes não têm uma perspectiva muito clara de quando serão capazes de voltar a oferecer SUVs em versões específicas para a compra com isenção integral.
Apesar dos pedidos suspensos, o Chevrolet Tracker no catálogo R8Z ainda figura no site comercial da marca, o que sinaliza a disposição da fabricante em retomar as vendas do modelo, assim que a questão do fornecimento de peças se tornar mais previsível.
Atualmente, marcas como Jeep, Citroën, Nissan e CAOA Chery adotam campanhas em que comercializam modelos com desconto do IPI e oferecem uma bonificação adicional de fábrica.
Um tema polêmico, que o AUTOO está monitorando, diz respeito ao IPVA 2022.
Algumas legislações estaduais condicionam a isenção do imposto a carros adquiridos pelo público PcD somente para veículos com preço até R$ 70 mil.
Se a escalada dos valores para os carros usados avançar até o ano que vem, certamente as autoridades deverão se posicionar a respeito.