Stellantis quer para Ram o mesmo sucesso da Jeep no Brasil
Responsável pelo conglomerado na região comenta algumas estratégias do grupo
Até então no comando das operações da Fiat Chrysler na região e nomeado como o principal executivo da Stellantis para a América do Sul após a fusão que resultou no novo grupo empresarial, o italiano Antonio Filosa realizou uma interessante coletiva de imprensa na Argentina.
O encontro com a mídia local permitiu ao executivo comentar os próximos passos do conglomerado em especial no Brasil e Argentina, países que concentram a força produtiva da empresa por aqui.
Segundo reporta o Argentina Autoblog, Filosa comentou que a Stellantis vai trabalhar para aumentar a participação de mercado, no Brasil, do Peugeot 208 e do Fiat Cronos, ambos produzidos na Argentina.
Para tanto, a Stellantis estuda a criação de novas versões dos dois modelos que ajudem a atender “a necessidade de exportar cada vez mais”, pontuou Filosa. Com isso, as fábricas argentinas poderiam demonstrar mais potencial e receber novos investimentos.
De acordo com Filosa, a Stellantis trabalha atualmente em 122 projetos de sinergias na América do Sul, que contemplam o compartilhamento de plataformas, motores e sistemas de produção.
O executivo destaca, entretanto, que as negociações são longas e os resultados serão vistos dentro de 12 a 18 meses.
Novidades para Cronos e 208
Nos bastidores, por exemplo, é praticamente certo que o Peugeot 208 argentino deverá ser beneficiado com algum propulsor da família GSE produzida em Betim (MG). O mais cotado é o 1.0 turbo com injeção direta que fará sua estreia no Fiat Pulse.
Se confirmada a estratégia, o Peugeot 208 deverá se tornar bem mais competitivo, uma vez que sua aceitação só não é melhor hoje em dia pelo fato da presença do motor 1.6 16V flex já não encantar mais em termos de eficiência.
Atualmente, os principais concorrentes do Peugeot 208 oferecem motor 1.0 turbo e números de desempenho e consumo mais satisfatórios.
Já no caso do Fiat Cronos, a marca italiana precisa buscar uma forma de oferecer uma configuração automática do sedã com motor mais moderno em relação ao 1.8 16V.
O modelo se sai muito bem com o 1.3 Firefly sob o capô dos catálogos de entrada com transmissão manual, entretanto hoje a procura pelo câmbio automático é muito maior em qualquer segmento.
Sobre a eletrificação das marcas que integram a Stellantis no Brasil e região, Filosa revelou que a estratégia inicial passa pela importação de modelos híbridos e elétricos que Fiat, Jeep, Citroën, Peugeot e DS oferecem no exterior.
“Se a demanda alcançar um nível que o permita, vamos analisar as estruturas locais para avançar com uma possível produção local desses modelos”, destacou Filosa.
O movimento de eletrificação já começou com a estreia do Fiat 500 elétrico no Brasil e deverá se intensificar com a estreia de algum modelo da Jeep que integra a família de híbridos plug-in 4xe.
Provavelmente o Compass com a motorização eletrificada deverá ser o escolhido, uma vez que o catálogo foi visto em testes recentemente no país.
Por fim, partindo para o segmento de picapes, Filosa pontuou que a Stellantis vai atuar na categoria de médio porte com a chegada da Peugeot Landtrek ao mercado, categoria apontada como “chave” nos mercados de Argentina e Brasil.
Ram pode ganhar destaque
Avançando para a marca Ram, Filosa não escondeu alguns comentários animadores sobre a marca especializada em veículos comerciais.
“Há seis anos, quando inauguramos a fábrica de Pernambuco, a Jeep contava com uma presença marginal na Argentina e Brasil. Graças à produção local, hoje ela é líder em vários segmentos de mercado. Creio que a Ram tem o potencial de repetir essa estratégia, com a produção de veículos em uma das maiores regiões de agropecuária do mundo”.
O executivo acrescenta, “a população mundial tem que comer e é na Argentina e no Brasil onde se produzem os melhores alimentos. A marca Ram tem uma oportunidade perfeita para esse tipo de atividade. Estamos estudando, analisando e poderíamos convencer os nossos acionistas, exatamente como fizemos com a Jeep no passado, a olhar para esses países como mercados prioritários para a produção de picapes”.
Segundo relatamos, é altamente provável que a Ram entre no segmento de picapes nacionais inclusive com um produto diferenciado, contando com carroceria monobloco e porte equivalente ao de modelos de médio porte. Certamente algo que vai ao encontro das palavras do principal executivo da Stellantis para a América do Sul.