Startup brasileira prepara carro elétrico de R$ 100 mil com opção de recarga solar
Chamada Mileto, empresa tem fábrica em Porto Real (RJ) e também vai oferecer motos e um minitruck
Classificada como uma “autotech”, empresas que apostam na tecnologia para o desenvolvimento de veículos, a brasileira Mileto anunciou nesta semana um audacioso plano para “democratizar a mobilidade no país para pessoas, empresas e governos de forma sustentável”.
Segundo a startup do setor automotivo, foram gastos mais de dois anos de pesquisa e desenvolvimento para alcançar a melhor relação entre custo e benefício no desenvolvimento dos produtos, que chegarão ao mercado em 2023.
A gama de veículos será produzida em Porto Real (RJ), onde a empresa conta com uma fábrica.
A Mileto adianta que deverá inaugurar concept stores a partir do ano que vem e atender também pessoas físicas, que já podem manifestar interesse pelos veículos no site da empresa.
Em sua estratégia, a Mileto contempla inicialmente três motos partindo de R$ 17 mil, um minitruck de aplicação comercial com valor inicial de R$ 98 mil e carros urbanos com preços começando em R$ 100 mil.
As cifras em questão posicionam os veículos em seus respectivos segmentos como alguns dos mais acessíveis do mercado com propulsão 100% elétrica.
Apenas como comparação, o CAOA Chery iCar foi lançado neste ano no país com preço sugerido de R$ 139.990.
Entre os diferenciais de seus projetos, a Mileto destaca que um de seus carros com propulsão elétrica poderá utilizar energia solar, enquanto um deles será um carro elétrico impresso.
Segundo a empresa, a iniciativa “transforma a lógica da indústria automobilística e dá poder de decisão ao consumidor, que pode personalizar o seu veículo, com fácil reposição de peças, baixo custo de manutenção, muito mais segurança e a tranquilidade de saber que esses materiais serão reciclados”.
“Na hora de trocar de carro, outra revolução. Ao invés de um novo veículo, o cliente pode fazer uma espécie de ‘facelift’, atualizando layout e equipamentos, com custo menor e a tranquilidade de saber que peças antigas serão recicladas”, completa a Mileto.
A empresa, até o momento, não liberou imagens dos dois carros urbanos ou detalhes técnicos, o que deverá ser feito em uma etapa próxima ao lançamento. As novidades atenderão pelos nomes Mileto Duo e Mileto Primis.
No caso dos três modelos de motocicletas elétricas, a Mileto revela que elas contam com motor de 3000 W de potência, velocidade máxima de 90 km/h e bateria com autonomia de 70 km.
A ideia é que as motocicletas elétricas sejam aplicadas como solução para entregas mais baratas e sustentáveis de produtos e alimentos, uso em zonas industriais, serviços de vigilância e proteção civil e uso em fazendas e áreas de cultivo.
Já o minitruck de aplicação comercial será chamado Fortis e oferece capacidade para até 800 kg de carga, com zero emissões de CO2 e ruídos e autonomia de até 150 km.
Com motor de 5 kW, o Fortis está preparado para operações de turnos de trabalho contínuo, sem paradas, salienta a Mileto.
O utilitário poderá operar em ruas e avenidas, bem como em ambientes fechados e áreas de tráfego limitado. O Fortis terá ainda uma versão com carregamento solar, além de opção de customização da carroceria, que pode ser do tipo basculante ou com baú para cargas.
A empresa se diz comprometida a “criar um ecossistema completo para os seus clientes, oferecendo um suporte contínuo no pós-venda, para garantir a melhor experiência para os proprietários. São serviços como assistência técnica e manutenção de baixo custo, monitoramento, apoio na revenda, financiamento, seguros e gestão de frotas”.
O nome da startup é uma homenagem a Tales de Mileto, filósofo e astrônomo da Grécia antiga que descobriu a eletricidade ao esfregar uma pedra de âmbar em uma pele de carneiro e notar que pequenos fragmentos de palhas e lascas de madeira foram atraídos. O âmbar (elektron, em grego) deu origem à palavra eletricidade.
“Os brasileiros são apaixonados por carros, que estão presentes em metade (49,2%) dos domicílios do país, segundo dados da PNAD 2019 do IBGE, chegando a 68,5% na região Sul.
Para se ter uma ideia, os automóveis percorrem uma média de 35 km por dia, uma distância anual de 12,9 mil km, que traz um gasto de mais de R$ 8 mil em combustível, enquanto um veículo elétrico gastaria cerca de R$ 800 por ano, ou seja, 10% desse valor”, conclui a startup.