Saldo do crédito para financiamento cai pela primeira vez em dez anos
Em abril, queda foi de 0,3% ante março; mas houve alta de 5,3% sobre o mesmo mês de 2011
Pela primeira vez nos últimos dez anos o saldo total das carteiras de financiamentos de veículos, CDC e leasing mostrou queda no comparativo mensal: com R$ 200,7 milhões em abril foi 0,3% inferior ao volume de março, equivalente a R$ 201,4 bilhões. Com relação ao mesmo mês de 2011, houve alta de 5,3%.
Os dados são da Anef (Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras). O saldo de crédito para aquisição de veículos do mês de abril corresponde a 4,7% do PIB nacional (estimado em R$ 4,237 trilhões), frente a 4,9% no mesmo período de 2011, representando 9,6% do total do crédito do Sistema Financeiro Nacional e 29,8% do total do crédito destinado às pessoas físicas.
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Com as medidas anunciadas pelo governo em 21 de maio é possível que o saldo referente ao mês passado ainda não apresente grandes alterações, mas com os esforços para redução das taxas de juros, juntamente com compromisso firmado pelo governo e montadoras garantindo redução de IOF e IPI, liberação de compulsórios e descontos nos preços de tabela de veículos, a tendência, segundo a Anef, é que também os consumidores de maior renda voltem a realizar financiamentos e que mais pessoas passem a ter condições de financiar automóveis.
No mês de abril foram liberados R$ 6,747 bilhões para aquisição de veículos financiados (CDC) - 13,2% menos que em março (R$ 7,777 bilhões) e 12% menos que no mesmo período de 2011 (R$ 7,669 bilhões). A taxa média de juros aplicada pelo mercado em abril estava em 1,95% ao mês, enquanto a média praticada pelas empresas associadas da Anef ficou em 1,50%. Nos novos contratos os planos de financiamento mantiveram a média de 41 meses, sendo que o prazo máximo oferecido permaneceu em 60 meses.
Inadimplência
O saldo de inadimplência no CDC de veículos para pessoa física, acima de 90 dias, apresentou nova alta de 0,2% no mês de abril, atingindo 5,9%. Em abril de 2011, o saldo de inadimplência era de 3,2%.
Segundo Décio Carbonari, presidente da Anef, a inadimplência em automóveis, principalmente no segmento de renda mais baixa, aumentou desde janeiro de 2011 e, provavelmente, foi causada pela perda de poder aquisitivo decorrente da inflação mais elevada, pelo crescimento do endividamento das famílias e também pela dificuldade dos consumidores em ter acesso a novos empréstimos consignados, que se tornaram mais caros a partir das medidas macro-prudenciais que tiveram efeito durante todo o ano de 2011.
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“O mais importante é que as pessoas tenham compreensão clara de quanto ganham e de quanto gastam por mês, fazendo e controlando seu orçamento para que tenham certeza de que poderão arcar com as prestações do financiamento e evitar surpresas. Para os que financiam um carro pela primeira vez, é essencial saber das novas despesas que terão, como licenciamento, seguro, manutenção, combustível, pedágio, estacionamento, entre outras que também terão que ser acomodadas em seu orçamento”, avalia o presidente.
As modalidades de pagamento nas compras de veículos têm apresentado variação importante nos últimos anos. Os contratos de leasing, que já representaram 38% do montante em 2008, hoje quase inexistem, sendo responsáveis por apenas 4% dos pagamentos e ficando restritos a vendas a pessoas jurídicas. Os pagamentos à vista já atingem 39% das aquisições, enquanto os financiamentos com CDC representam 49%. Houve substancial aumento das cartas de crédito de consórcio que, desde 2008, quando representavam 4% dos pagamentos nas vendas de veículos, crescem em média 1% ao ano e, neste primeiro quadrimestre, foram responsáveis por 8% das vendas.