Saiba quem é o Cruze, sucessor do Vectra
Previsto para setembro, modelo global da Chevrolet deverá marcar nova fase da marca e incomodar rivais
Nascido em 1988 na Alemanha, o Chevrolet Vectra chegou ao Brasil em 1993, anunciando o fim do Monza, que teria sua produção interrompida em 1996, após 14 anos de mercado – sendo três deles como o carro mais vendido do Brasil, posto ocupado desde então pelo Gol. Os avançados requintes técnicos para a época, como porta-luvas refrigerado, computador de bordo completo, freio a disco nas quatro rodas desde a versão básica e faróis com ajuste elétrico do facho; no entanto, deixavam o Vectra numa faixa de preço próxima à do Omega, então o topo de linha da marca, e impediam que o sedã fosse bem-sucedido em vendas. Concorrentes como Fiat Tempra e Santana eram os preferidos na época.
Chegamos a 1996 e a Chevrolet dá sua grande tacada no segmento de sedãs médios. Pouco meses após seu lançamento europeu, a segunda geração do Vectra desembarca por aqui, caindo imediatamente no gosto do brasileiro – muito por conta dos seus atributos visuais, embora mecanicamente o carro também fosse avançado, como seu antecessor. Referência no segmento, o novo Vectra chegou a ser o modelo mais vendido da categoria, posto ocupado desde o início da década passada pela dupla japonesa Corolla e Civic.
Em 2005, no entanto, a GM encerra a vida do Vectra por aqui. No seu lugar entra o belo Astra europeu, que está uma geração à frente do nosso Astra. Ainda atendendo por Vectra, o novo sedã fica distante do antecessor em qualidade de construção e comportamento dinâmico, diferença potencialmente aumentada após a chegada dos novos Civic, Corolla, 408 e Fluence. Em queda nas vendas, o Vectra se despede este ano com a versão Collection.
E aqui começa a história do Cruze.
Quem primeiro expeliu o Cruze de sua linha de produção foi a coreana Daewoo, cuja dona é a General Motors – com a diferença que na terra de Kia e Hyundai ele atende por Lacetti. A junção do design coreano com a mecânica europeia (Opel) foi tão bem acertada que o modelo é um dos principais projetos globais da empresa norte-americana atualmente. Se você tirar férias e viajar para fora, corre grande risco de topar com o Cruze, já que ele será comercializado em praticamente todos os mercados onde a GM atua – quase sempre estampando o logotipo da Chevrolet.
Embora com pouca idade, o Cruze vai acumulando em sua história alegrias e tristezas. Segundo carro mais vendido dos EUA, o médio já foi convocado duas vezes por problemas de fixação do volante, que poderia se desprender da coluna de direção. Mais de 155.000 unidades foram convocadas para ao recall.
Cruze e o Brasil
Aos poucos o Cruze vai se tornando um conhecido. A versão hatch, revelada como conceito no Salão de Paris em outubro, ganhou formas reais em março, durante o Salão de Genebra. Essa configuração, espera-se, não demora para desembarcar por aqui, pegando carona no lançamento do sedã, previsto para setembro. A princípio montado no regime CKD (Completely Knock-Down, em outras palavras, desmontado), numa segunda fase ele será efetivamente produzido aqui, na planta de São Caetano do Sul. O arcaico motor 2.0 8V de 140 cv do Vectra será trocado por um mais moderno, da família Ecotec, de 1.8 litro, 16 válvulas e 141 cv. No modelo argentino, importado da Coréia do Sul, há a opção de câmbio automático de seis velocidades, que provavelmente também estará presente no nosso.
Comparado ao seu antecessor Vectra, o Cruze saltará aos olhos: o design elegante e limpo, se não revoluciona, é bem mais atual e bem resolvido - já adota a grade dividida em duas partes desde sua concepção, por exemplo. Se em comprimento e distância entreeixos ele se equivale ao Vectra, é na largura que o Cruze fará diferença. São sete centímetros a mais, o que reflete no conforto superior e numa provável estabilidade maior em curvas. Em contrapartida, as malas perderão espaço: ante os 526 litros no Vectra sedã, o porta-malas do Cruze oferecerá 436 litros, ainda assim um bom volume.
Mais arejado e envolvente, o interior é provavelmente o aspecto em que o Cruze mais destacará. Materiais mais agradáveis ao toque e acabamento mais cuidadoso deverão chamar a atenção dos clientes. O painel de instrumentos, com três grupos de mostradores com iluminação azul, faz um belo conjunto com o imponente volante. Para completar, o console central inclinado e com uma distribuição mais ergonômica de botões e instrumentos prometem colocar o Cruze no patamar dos modelos japoneses do segmento.
A se confirmarem essas especificações técnicas e a lista de equipamentos supostamente superior à do seu antecessor, o Cruze será uma pedra bem grande no sapato de Toyota Corolla e Honda Civic, talvez não a ponto de dominar o mercado como nos bons tempos do Vectra, mas certamente forte o bastante para honrar o legado dos modelos de médio porte da Chevrolet.