Renault prepara o adeus do Fluence e confirma Alaskan no Salão de São Paulo 2018
Francesa vai focar no segmento de SUVs e utilitários nos próximos anos
A Renault realizou nesta quarta-feira (8) em São Paulo um interessante encontro com a imprensa automotiva nacional onde apresentou mais detalhes de seu plano de negócios para os próximos cinco anos, com ênfase na estratégia que a marca adotará em nossa região.
Uma mudança interessante nas operações da Renault para o Brasil e a América Latina como um todo será o foco em SUVs e veículos comerciais, passando a apostar fortemente nessas duas categorias.
Depois da chegada do Kwid, que a marca insiste em posicionar como um “SUV compacto”, a picape média Alaskan será uma aposta importante da Renault na região. Assim como as irmãs de projeto Mercedes-Benz Classe X e a nova geração da Nissan Frontier, a Renault Alaskan será produzida na Argentina e pela primeira vez os executivos anunciaram a data de lançamento do modelo por aqui. A picape será o principal destaque da marca para o Salão de São Paulo em 2018 e as vendas iniciam por aqui logo após a mostra paulista.
Bye bye, Fluence
Essa prioridade da Renault para SUVs e veículos utilitários (linhas Kangoo e Master) já fez sua primeira “vítima” de certo modo. A Renault confirmou que o sedã médio Fluence não terá um sucessor no Brasil, o que marca a saída da fabricante francesa do segmento de sedãs médios.
Atualmente as vendas do Fluence destinam-se em grande parte a frotistas e o modelo já dava sinais de que a produção seria encerrada há um bom tempo. Como você pode conferir em nosso ranking, o sedã registrou apenas 890 unidades emplacadas de janeiro a outubro deste ano, enquanto o líder Toyota Corolla contabiliza 54.093 unidades vendidas no mesmo período.
Segundo dados da Renault, os sedãs médios representavam 8,7% do mercado em 2014, percentual que deverá ficar em 8% em 2018 com uma tendência de abrir cada vez mais espaço para os utilitários esportivos. “Não tem jeito, os SUVs estão avançando cada vez sobre os modelos de médio porte e hoje ou você tem uma participação muito sólida nessa categoria, como acontece com os sedãs japoneses, ou é melhor repensar a presença ali”, explica Luiz Pedrucci, presidente da Renault do Brasil.
E o Koleos?
A Renault já havia confirmado a chegada do Koleos ao Brasil para este ano, SUV de médio porte que será um concorrente para Chevrolet Equinox, as novas gerações de Volkswagen Tiguan e Honda CR-V, dentre outros.
O lançamento do utilitário esportivo, contudo, deverá ficar mesmo para 2018. Questionado se a importação foi suspensa, o principal executivo da marca para a região Américas, Olivier Murguet, adiantou para o AUTOO que o atraso deve-se apenas a uma questão de homologação do modelo por aqui. “Estamos analisando as respostas do motor para o nosso combustível e a melhor calibração, mas o Koleos segue nos planos para o Brasil, onde vai atuar na faixa de R$ 180.000”, explicou.
Sandero e Logan crescendo de nível
O AUTOO aproveitou a conversa com Murguet para saber quando as atualizações nas gamas Sandero, Logan e Duster, já realizadas na Europa, chegarão ao Brasil. Segundo ele, “a tendência é que os três modelos passem a estabelecer ciclos de atualização cada vez mais independentes na região da América Latina, claro que aproveitando as melhorias criadas na Europa, mas em um ritmo específico para a região”.
O segmento dos hatches e sedãs compactos foi fortemente influenciado nos últimos meses pela chegada às lojas dos novos Volkswagen Polo e Fiat Argo, bem como os futuros sedãs derivados Volkswagen Virtus e Fiat Cronos, que deverão estabelecer um novo patamar em termos de equipamentos, propulsão e nível de acabamento para a categoria.
Questionado pelo AUTOO sobre como os estreantes influenciarão os renovados Sandero e Logan nacionais nos próximos meses, o presidente da Renault do Brasil declarou que os dois modelos também irão “subir de nível”. “Sem dúvida que o Sandero e o Logan vão ganhar melhorias na mesma medida, isso já posso adiantar”, sentenciou Pedrucci.
Sobre o Duster, uma eventual versão 7 lugares baseada na nova geração do SUV, rumor que ganhou bastante força na Europa nos últimos meses, não parece que pode vingar aqui no Brasil. “Não estou convencido da força do segmento de modelos 7 lugares no Brasil, não pelos opções em si, mas por uma questão de preferência dos brasileiros mesmo. Teríamos que estudar e ver se a demanda justificaria o investimento”, acrescenta Murguet.
É bem possível que a renovação da gama Sandero, Logan e Duster inicie a partir de 2018. A Renault, por sua vez, não estipula uma data por motivos comerciais óbvios.
Racionalizando motores...
Outro ponto interessante abordado pela diretoria da Renault é que a fabricante já trabalha em um novo conjunto mecânico mais moderno e eficiente para substituir o atual 2.0 16V e o câmbio automático de 4 marchas, combinação atualmente oferecida em algumas versões da Captur, Duster, dentre outros.
Hoje a Renault conta com a nova linha de motores 1.0 e 1.6 16V da família SCe, derivada dos propulsores oriundos da Nissan, porém os executivos não deram quaisquer detalhes sobre qual direção será adotada nesse novo conjunto mecânico. Apostar em um motor com turbo e injeção direta, com foco na eficiência, é um caminho correto.
… que podem figurar no novo SUV da Renault
Por fim, os executivos apenas reiteraram a informação já revelada aqui no AUTOO de que a montadora francesa trabalha em um inédito SUV de porte médio voltado para mercados emergentes. A novidade teria um porte e posicionamento de mercado semelhantes às do Jeep Compass.
Esse novo modelo figurou na apresentação mundial do novo plano de negócios da marca, sendo que Pedrucci explicou para nós que será um modelo completamente novo, portanto desviando o foco de uma aposta do AUTOO de que a novidade poderia ser um derivado do Renault Kadjar. De qualquer forma, vamos acompanhando essa história de perto.
A Renault finalizou o encontro anunciando sua nova meta de atingir 10% de participação de mercado por volta de 2022, apostando, para isso, em uma retomada da economia e do mercado automotivo de maneira geral.