Renault lança plano estratégico para os próximos anos: América Latina segue um ''mercado-chave''
Grupo francês também apresentou os caminhos para a Dacia, marca responsável pelos projetos de Sandero, Logan e Duster
Como já havia sido antecipado pelo gigante francês, o Grupo Renault revelou nesta quinta-feira (14) seu plano estratégico a ser colocado em prática até 2025, que envolve diversas medidas para “mudar a estratégia do Grupo Renault de volumes para valor”.
Entre as principais decisões estabelecidas pela nova diretriz está a racionalização de plataformas do grupo, que passará de 6 para 3, assim como dos motores utilizados pelas marcas do conglomerado, que contará com uma diminuição de 8 para 4 famílias. O grupo destaca ainda que todos os modelos que serão lançados com base em plataformas existentes, portanto antes das mudanças, chegarão aos diversos mercados globais em menos de 3 anos.
A empresa destaca ainda a meta de “pilotar a presença internacional do grupo para negócios com altas margens principalmente na América Latina, Índia e Coreia, alavancando também a competitividade na Espanha, Marrocos, Romênia, Turquia e criando sinergias com a Rússia”. Logo, fica claro pelo comunicado que o mercado do Brasil e demais países vizinhos seguirá relevante para o Grupo Renault.
Em busca de maximizar a eficiência de manufatura e engenharia, a companhia francesa anunciou que vai diminuir sua capacidade industrial global de 4 milhões de unidades registrada em 2019 para 3,1 milhões em 2025, além de buscar melhorar a eficiência com os seus fornecedores. Outra meta é uma redução de 600 euros (pouco mais de R$ 3,8 mil) dos custos variáveis por veículo até 2023.
“Este novo modelo de negócios criará um portfólio de produtos reequilibrado e mais lucrativo, com 24 lançamentos do Grupo Renault até 2025 – metade deles nos segmentos de médio e grande porte – e pelo menos 10 veículos 100% elétricos. Esta nova organização orientada pelo valor e ofensiva de produtos promoverão um melhor posicionamento de preços e mix de produtos”, detalha o comunicado do Grupo Renault.
“A marca vai personificar a modernidade e inovação dentro e fora da indústria automotiva em serviços de mobilidade, tecnologia e energia, por exemplo. Como parte de sua estratégia, a marca vai aumentar o seu mix de segmentos com uma ofensiva na categoria de médio porte e fortalecer suas posições na Europa, além de focar em canais e segmentos lucrativos em mercados-chave, como América Latina e Rússia”, completa a mensagem do conglomerado francês.
O Grupo Renault ainda busca alcançar o posto de líder em eletrificação até 2025, estabelecendo uma alta capacidade de produção de veículos elétricos, trabalhando também no desenvolvimento de células de combustível movidas a hidrogênio, além de fortalecer sua participação entre os carros híbridos, que responderão por cerca de 35% do seu mix de gama.
Novos rumos para a Dacia
A romena Dacia, marca controlada pelo Grupo Renault e responsável pelos projetos de Logan, Sandero e Duster, também terá novidades em seu direcionamento futuro.
De acordo com o comunicado desta quinta, “a Dacia vai continuar sendo a Dacia com um toque descolado e a Lada (marca também sob o controle do Grupo Renault) continuará sendo resistente e robusta, para continuar oferecendo produtos acessíveis, com base em tecnologias comprovadas dirigidas a compradores racionais, quebrando o teto de vidro do segmento de médio porte”.
Tanto a Dacia quanto a Lada, que tem como premissa o custo-benefício competitivo, vão centrar o desenvolvimento de futuros automóveis apenas sobre a plataforma CMF-B da Aliança Renault-Nissan. "Competitiva e extremamente flexível, ela permitirá que as duas marcas passem de 4 plataformas para apenas 1 e de 18 carrocerias para 11", explica o Grupo Renault.
Um ponto importante que o conglomerado deixou claro é que a Dacia também terá liberdade para subir de nível e não ficar restrita apenas aos veículos compactos, podendo oferecer produtos de médio porte.
A renovação da gama Dacia começa com o início das vendas, em 2021 na Europa, dos novos Sandero e Logan, bem como do Dacia Spring, compacto 100% elétrico mais acessível no Velho Continente. Por fim, mais 3 novos modelos serão lançados até 2025. Além disso, o grupo francês também confirmou que a Dacia contará com o sistema E-Tech da Renault de propulsão híbrida para aprimorar a eficiência de seus automóveis, bem como a fabricante romena e a Lada vão investir em propulsores térmicos movidos a GLP.
Por fim, o Grupo Renault anunciou também a criação da Mobilize, nova unidade de negócios da empresa que “tem a meta de desenvolver novas oportunidades de lucro a partir de serviços relacionados à energia, mobilidade e tratamento de dados, em benefício dos usuários de veículos e para gerar mais de 20% da receita do Grupo até 2030”.
A Mobilize terá quatro veículos concebidos sob medida, sendo dois para carsharing, um para empresas de transporte por aplicativo e um veículo comercial dedicado para a última etapa de entrega (last-mile). A nova unidade de negócios também vai atuar no desenvolvimento de soluções inovadoras de financiamento (assinatura, leasing, pay-as-you-go), além de construir uma plataforma dedicada de dados, serviços e software e novos serviços de manutenção e reciclagem (Re-Factory).
No Brasil
Apesar do plano estratégico revelado nesta quinta-feira (14) aborda a estruturação do Grupo Renault em escala mundial, é sempre bom lembrar que, em maio do ano passado, a Aliança Renault-Nissan traçou os planos sobre o que podemos esperar das marcas para o nosso país.
Segundo o que foi revelado à época, as quatro “variantes de plataforma” que hoje sustentam seis produtos vendidos no Brasil, especificamente o Sandero, Stepway, Logan e o Captur dentro da gama Renault, bem como os Nissan March e Kicks, serão todos substituídos por novos carros/novas gerações produzidos exclusivamente sobre a plataforma CMF-B. Essa arquitetura modular é a mais avançada dentro da Aliança para modelos compactos e sustenta projetos como o novo Renault Clio europeu.
De acordo com a iniciativa que será adotada pela Aliança para o nosso mercado, serão produzidos sete modelos baseados na nova lógica, ao que tudo indica projetados pela Renault. Na apresentação de maio de 2020, a Aliança declarou que esses sete modelos serão produzidos em apenas duas fábricas no país, uma exclusiva para os hatchbacks e outra dedicada aos SUVs. Vamos acompanhar.