Renault Duster turbo: argentinos avaliam SUV com tração integral
Nova geração combina motor 1.3 de Mercedes-Benz com câmbio manual e esbanja valentia na lama
Pouca gente vai se lembrar, mas o Renault Duster já teve uma versão 4x4 no Brasil. Equipada com o motor 2.0 que hoje impulsiona o Sandero R.S e câmbio manual, ela nunca foi campeã de vendas, mas deixou saudades na pequena legião de fãs.
Essa versão, porém, segue firme na Argentina como acaba de ser atualizada. Além do novo visual (que estreou por lá recentemente), coube ao Duster a missão de estrear por lá o motor 1.3 turbo desenvolvido em conjunto com a Daimler - proprietária da Mercedes-Benz.
No visual, o Duster 4x4 traz acessórios que também podem equipar o SUV vendido no Brasil É por isso que a receita não é exagerada: além do aplique frontal com um par de faróis de longo alcance, o SUV traz molduras nos pára-lamas e um difusor traseiro pintado de preto. Os pneus Continental são de uso misto, e não são indicados para atoleiros e obstáculos mais severos.
‘Pequena maravilha’
O jornalista Carlos Cristófalo, do Argentina Autoblog, foi um dos que avaliaram a novidade vinda da Colômbia, onde são fabricadas as unidades que abastecem o mercado argentino.
De fato, o motor 1.3 turbo é a grande atração do novo Duster. Movido a gasolina, ele entrega 155 cv e torque máximo de 25,5 kgfm. No caso da versão Iconic 4WD, ela é vendida na Argentina apenas com a transmissão manual de seis marchas.
“É uma pequena maravilha. Além de ter bons números de potência e torque (são 5 cv a mais do que o Taos, que é mais caro e mais pesado), ele já está preparado para as normas de emissões de poluentes Euro 5 (vigente na Argentina), Euro 6 e Euro 7”, analisou Carlos.
Elogios também vieram da revista Parabrisas, uma das mais famosas da Argentina, que classificou o novo conjunto como “vigoroso”.
“O propulsor é vigoroso e movimenta os 1.424 quilos do Duster com comodidade. Já a caixa manual de seis marchas tem relações curtas e engates suaves”, escreveu Alejandro Cortina.
A elasticidade do motor de 1,3 litro foi uma das virtudes mais ressaltadas pela imprensa.
“É possível virar a esquina em terceira marcha, entrar em uma avenida a 60 km/h e engatar a sexta marcha com o motor progredindo a apenas 1.200 rpm. O consumo urbano é de 9,6 km/l, quase 15% do que gastava o 2.0. As respostas na estrada também são excelentes: é possível viajar a 120 km/h em sexta marcha e com o motor trabalhando a 2.500 rpm”, declarou Cristófalo.
Caso o Duster turbo seja lançado por aqui, a Renault deve repetir a combinação inaugurada no Captur 2022, que traz câmbio do tipo CVT.
Existe ainda a possibilidade de o Duster oferecer tração integral aliada à caixa automática, como acontece com o Kaptur na Rússia.
Segundo lugar, com louvor
Diante de um mercado com pouquíssimas opções de SUVs compactos com tração 4x4, o Duster faz bonito.
“O Duster 4WD reivindica o posto de ser um carro off-road mais acessível. Nesta filosofia, o Suzuki Jimny é o rei, mas não há dúvidas de que o segundo lugar fica com o Duster 4WD. E o terceiro posto fica com o Jeep Renegade Trailhawk, que é excelente, mas caríssimo”, escreveu Cristófalo.
O editor do Argentina Autoblog gostou da valentia do SUV em pisos acidentados.
“O controle de estabilidade pode ser totalmente desativado apenas quando a reduzida é ativada e desde que não se ultrapasse os 40 km/h. Para esta situação, a caixa manual é ideal por permitir um maior controle por parte do motorista. O antigo motor 2.0 era velho e gastão, mas tinha mais torque em baixa rotação. No novo 1.3, uma primeira marcha mais curta poderia amenizar os problemas, mas não estamos falando de um off-road extremo, e sim de um 4x4 de baixo custo que cumpre o que promete: ele gosta de entrar na lama e é robusto neste tipo de terreno, como se fosse um tanquezinho ”
A avaliação da Parabrisas também destacou o bom comportamento do Duster longe do asfalto.
“Exigimos bastante do novo Duster especialmente na lama e em trilhas, e neste contexto merecem destaque os ângulos de ataque e de saída (30º e 34,5º, respectivamente) da carroceria, que também aumentou em quase 3 centímetros a altura livre do solo para manter o assoalho livre de pancadas”.
As críticas foram direcionadas à segurança - ou a falta de, no caso. Todas as versões do SUV saem de fábrica apenas com o airbag duplo frontal, além dos controles de estabilidade e de tração. O sistema de freios também merecia maior atenção por parte da Renault.
“Os freios seguem tendo tambores na traseira. Já passou da hora de oferecer freios a disco nas quatro rodas. Afinal de contas, estamos falando de um Duster que passa dos 190 km/h”, lembrou Cristófalo.
Um SUV raiz
Na conclusão, Cristófalo ressalta que o Duster 4WD representa quase uma “volta às origens” de um segmento que teve sua proposta radicalmente modificada com o passar dos anos.
“O melhor do novo modelo é que ele reivindica um conceito que as marcas estavam abandonando: a tendência de SUVs pequenos e acessíveis que nasceu há mais de três décadas para conquistar um público maior que sonha com um veículo off-road. Esse fenômeno se desvirtuou com o passar dos anos e os SUVs viraram veículos familiares e urbanos”, pontuou Carlos.
O argentino reconhece que produtos como o Duster 4WD tem uma participação de vendas extremamente tímida perto dos modelos com tração 4x2. Mas o público que procura um veículo com estas características ainda existe na Argentina, e para eles o SUV da Renault é uma opção bem interessante.
“É claro que o nicho das versões 4x4 é bem pequeno, e é por isso que VW, Chevrolet e Ford não oferecem este tipo de tração em T-Cross, Tracker e EcoSport (que saiu de linha com a chegada do modelo indiano). Se pensamos no Duster 4x2, a concorrência oferece carros mais modernos e completos para o uso familiar e no asfalto. Mas quando pensamos em carros para o fora de estrada que sejam robustos e acessíveis, o Duster 4WD é, mais do que nunca, um produto muito recomendável”, concluiu o jornalista.