Fernando Calmon

Engenheiro e jornalista especializado desde 21 de agosto de 1967, quando produziu e apresentou o programa Grand Prix na TV Tupi (RJ e SP) até 1980

Recarga, preço, manutenção... os desafios para os carros elétricos

Fernando Calmon analisa novas iniciativas que podem ajudar na difusão dos carros elétricos

Um dos empecilhos na adoção em massa de carros elétricos é o tempo de recarga da bateria. Esse desafio sempre está entre os difíceis de superar e, agora, ocorre pequena evolução. A suíço-sueca ABB, focada em energia e automação, anunciou um novo supercarregador batizado de Terra 360. Pode atender quatro veículos simultaneamente com potência constante de 360 kW, diminuindo filas de espera. Significa 100 km de alcance a cada três minutos de recarga e até quinze minutos para completar a operação, dependendo do nível da bateria.

O supercarregador chega em países da Europa no fim deste ano e no resto do mundo em 2022. A empresa não revelou os custos do equipamento e de instalação que costumam ser altos. Os quinze minutos ainda parecem muito frente a quatro ou cinco minutos para abastecer 50 litros de um tanque de carro comum. Não se sabe quando se alcançará a equivalência de tempo, futuramente.

O novo equipamento não foi projetado para uso doméstico. Outras ressalvas: a fim de preservar a vida útil das atuais baterias de íons de lítio o ideal é recarregar entre 20% e 80%; tempo de recarga proporcionalmente bem maior entre 80% e 100% do que entre 0% e 80%; condições climáticas de muito frio ou muito calor influenciam. Os custos de reciclagem em massa ainda estão por definir. Também se desconhece quanto os preços de lítio, cobalto e cobre subirão com o aumento de demanda por baterias.

Embora existam previsões de diminuição de custos dos veículos elétricos (VE), um estudo recente da Jato Dynamics revelou que nos últimos 10 anos o tíquete médio de venda subiu 28%, na União Europeia e 38%, nos EUA. Na China, ao contrário, os VE ficaram 47% mais baratos no mesmo período em razão de estímulos governamentais e a proliferação de modelos subcompactos, mais em conta, para uso urbano.

Como baterias acrescentam de 400 kg a 600 kg à massa de um carro, ainda não está claro o impacto sobre a durabilidade de pneus e elementos de suspensão, apesar de gastos com pastilhas e discos de freio bem menores. O chamado custo total de propriedade ainda está sujeito ao futuro preço da eletricidade que, na verdade, ninguém sabe quanto será.

Outra dúvida é o modo dos governos transferirem os impostos sobre combustíveis líquidos que geram valores elevadíssimos, principalmente na Europa. Algumas cidades nos EUA criaram taxas simbólicas de manutenção de rodovias sobre carros elétricos a fim de compensar parte da arrecadação perdida com a gasolina. Desconsiderar essa realidade parece pouco prudente, pois a conta vai chegar.

Enquanto isso, novos investimentos continuam a ser anunciados e prazos otimistas revelados por grandes grupos automobilísticos em resposta, principalmente, ao posicionamento de países europeus. Nos EUA, a Ford revelou semana passada que investirá US$ 11 bilhões (R$ 60 bilhões) em duas fábricas, de baterias e picapes, embora o governo americano não tenha estabelecido metas.

O ex-presidente da GM América do Sul, Carlos Zarlenga, estimou em até 60% a participação de elétricos e híbridos plugáveis nas vendas totais, em 2030, na Europa, China e EUA. Para América do Sul entre 15% e 25%, ficando o Brasil mais perto do primeiro porcentual por sua extensão territorial.

ALTA RODA

ESCASSEZ de semicondutores dificulta as previsões da Anfavea para este último trimestre do ano. Em relação a 2020, as vendas totais em 2021 podem variar entre menos 1% e mais 3%. Na melhor hipótese atingiriam 2,118 milhões de veículos leves e pesados. A produção crescerá entre 6% e 10% para atender compromissos de exportação. A situação reflete o panorama mundial de escassez de chips. Consultoria IHS estima que só em 2024 a produção mundial de veículos voltará ao nível do ano recorde de 2017.

PEUGEOT vem recuperando participação de mercado. Uma das razões é a evolução no nível de equipamentos e qualidade percebida do 3008 GT Pack que beneficia a imagem da marca. O SUV médio importado da França agrada pelo espaço interno, piso traseiro plano, quadro de instrumentos digital e porta-malas de 591 litros. Dirigibilidade boa, mas os 1.375 kg exigiriam algo mais de potência do que os 165 cv (só gasolina). Preço: R$ 270.521.

PORSCHE escolheu o recém-chegado Taycan Cross Turismo (R$ 685.000), crossover de sedã e perua de balanço traseiro bem curto, para a primeira expedição de longa duração de um modelo elétrico pelo País. Em 26 dias, percorrerá 9.000 km de Foz do Iguaçu (PR) a Jericoacoara (CE). Previsão de chegada em 31 de outubro. O planejamento previu instalação de postos de recarga rápida em hotéis e pousadas. O Cross Turismo entrega entre 380 cv e 476 cv (overboost no controle de largada).

CAOA CHERY começa a vender, esta semana, Arrizo 6 Pro por R$ 134.990 (período de lançamento). Taxa de financiamento e seguro serão subsidiados, inicialmente. O sedã conviverá com a versão GSX (intermediária) que não recebeu a nova grade dianteira nem faróis e lanternas traseiras em LED. Rodas de liga leve de 17 pol. também são exclusivas da versão de topo.

Peugeot 3008 2022
Peugeot 3008 2022
Imagem: Divulgação

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