Quatro jovens mortos intoxicados em um BMW e o carro elétrico
Como é possível que em pleno 2024 aceitemos um fato desta magnitude como mera fatalidade?
Fico realmente abismado ao perceber como o senso comum adota dois pesos e duas medidas quando o assunto é carro elétrico.
Senão, vejamos: tristemente, no primeiro dia de 2024 quatro jovens, de 24, 21, 19 e 16 anos, morreram dentro de um BMW topo de linha ano 2022, em Balneário Camboriú (SC), intoxicados por monóxido de carbono – gás inodoro. O fato se deu por uma alteração indevida e irresponsável no sistema de escape do veículo, feita em uma oficina independente.
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De forma quase inacreditável, o caso foi tratado como a mais absoluta fatalidade – ou, até mesmo, em vários momentos, como mera casualidade. Em nenhum momento qualquer veículo de imprensa, fosse generalista ou especializado, ou usuário de redes sociais questionou o fato de as mortes só terem ocorrido desta lamentável e abominável maneira por se tratar de um veículo a combustão.
Vamos imaginar que as circunstâncias do fato tivessem sido ligeiramente diferentes: quatro jovens, de 24, 21, 19 e 16 anos morreram eletrocutados dentro de um BMW elétrico topo de linha ano 2022, fruto de uma alteração indevida e irresponsável no sistema de baterias feito por uma oficina independente. Qual seria a reação?
Histeria coletiva: carro assassino. Caça e prisão dos responsávei (aliás, qual foi a oficina que fez a alteração no escapamento da mesmo? Ninguém foi atrás disso?). Exigência de novas leis e regras para esses veículos. CPI. “Influenciadores automotivos” muito preocupados com suas curtidas, likes e publis, postando vídeos e mais vídeos tiketokeanos cheios de indignação.
Coletiva de imprensa da fabricante para explicar em detalhes qual foi a indevida feita no carro e a razão das mortes. Associações do setor defendendo desenvolvimento de novas tecnologias e sistemas que evitem que o caso se repita. E por aí vai.
Mas, não: como era apenas um carro a combustão, nada disso aconteceu. Fatalidade, apenas. E segue-se a vida. Então eu pergunto: como é possível que em pleno 2024, um carro que custa milhares de reais, quase zero quilômetro, seja de qual marca for, e de que segmento for, possa apresentar um risco deste tamanho para seus usuários, mesmo que fruto de uma alteração indevida?
Como é possível que aceitemos isso passivamente?
O fato é que se os quatro jovens estivessem dentro de um carro elétrico estariam vivos hoje, pois ele utiliza uma tecnologia de propulsão mais responsável, que não emite gases tóxicos ou poluentes pelo escapamento (que um veículo elétrico, por sinal, sequer possui).
Essa é a verdade. E essa verdade, hoje, parece ser absolutamente sepulcral.
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