Qual será o futuro do mexicano mais vendido no Brasil?
Demanda pelo Nissan March é forte, mas faltam carros e alguns concessionários já não aceitam nem pedidos em lista de espera
Se, por um lado, a Nissan tem o que comemorar pelo sucesso do seu hatch March, que é o modelo mexicano mais vendido no Brasil, com 27.860 unidades emplacadas de janeiro a agosto, segundo a Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), e que ocupa a 18ª posição entre os automóveis mais vendidos do País, por outro lado a marca também tem motivos para se preocupar. Isso porque o modelo já está em falta nas revendas, sendo que algumas delas nem aceitam mais incluir o nome dos clientes em lista de espera para o compacto.
Segundo o vendedor de uma grande concessionária, há 5.000 veículos parados no porto aguardando a nacionalização. Isso estaria ocorrendo porque a Nissan espera o fechamento do acordo automotivo. Como a marca teria atingido a cota de importação do México que permite trazer carros sem a taxa de importação, estaria esperando por algum benefício do governo para trazer mais veículos por conta do alto investimento que está fazendo no País. São R$ 2,6 bilhões investidos na fábrica que está em construção em Resende (RJ).
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Em agosto, foi encerrada a fase de terraplenagem e em setembro teve início a construção da unidade industrial. A empresa já faz até algumas contratações para posições estratégicas, como na área de logística.
Apesar de o presidente mundial da Renault-Nissan, Carlos Ghosn, ter falado em março sobre a intenção de acelerar a construção da fábrica por conta da limitação das exportações para o Brasil, a previsão é de que a unidade brasileira só entre em operação no primeiro semestre de 2014. Com capacidade para produzir 200 mil carros por ano da Plataforma V, que inclui March e Versa, a fábrica deverá gerar 2.000 postos de trabalho diretos e indiretos. Por enquanto, a Nissan terá de aguardar a decisão do governo para conseguir trazer mais unidades do México.
O sedã compacto da Nissan, Versa, também está na lista dos mexicanos mais vendidos no mercado brasileiro. Ocupa a terceira posição, com 15.300 unidades, atrás do VW Jetta, com 16.200. O quarto colocado é o Honda CR-V, com 12.900 emplacamentos, seguido pelo pequeno Fiat 500, com 12.100 veículos comercializados nos oito primeiros meses deste ano.
Para o consultor automobilístico Paulo Roberto Garbossa, da ADK Automotive, o acordo automotivo deverá sair em outubro, principalmente por causa do Salão do Automóvel de São Paulo. “Há muitas variáveis, como modelos que hoje são importados e serão produzidos aqui, ou importadores que pretendem construir fábricas no Brasil, acredito que por isso o governo esteja demorando para definir o acordo.” Para Garbossa, haverá definições gerais e também estudos de caso a caso por conta das especificidades de cada montadora. “O ponto positivo é que, nos últimos cinco anos, o governo tem demonstrado flexibilidade com o setor automotivo.”